Causas não clássicas de obesidade: flora intestinal, disruptores endócrinos e baixa ingestão de cálcio são alguns dos itens citados entre as possíveis causas de obesidade em congresso brasileiro
Em simpósio dedicado às causas não clássicas da obesidade1, apresentado no 14° Congresso Brasileiro de Obesidade1 e Síndrome Metabólica2, foram discutidos o papel da flora intestinal de obesos, a baixa ingestão de cálcio, a deficiência de vitamina3 D e o papel dos disruptores endócrinos como possíveis causas não clássicas de obesidade1.
O Dr. Mario José Abdalla Saad, professor e pesquisador da Unicamp, apresentou novos dados sobre a diferença da flora bacteriana intestinal de obesos e de indivíduos com peso normal. Há uma concentração de bactérias, que se renovam constantemente, como os firmicutes. O Dr. Saad citou um estudo com ratos, durante o qual foi realizado um transplante de flora intestinal de animais obesos em magros, o que resultou em aumento de peso. Sabe-se pouco ainda sobre a flora intestinal, a qual sofre influências genética, ambiental e da alimentação. Não se sabe ainda se a pessoa é obesa por ter essa flora intestinal, ou se apresenta tal flora por ser obesa. O fato é que já existe um tipo de flora X identificada com a obesidade1.
Em seguida, o Dr. Luiz Henrique Griz, professor da Universidade do Estado de Pernambuco, comentou estudos que mostram a associação entre deficiência de vitamina3 D e de cálcio no aumento do risco da obesidade1. Algumas análises norte-americanas identificam o baixo consumo de cálcio com o risco maior de obesidade1. Segundo o endocrinologista4, é necessário um estudo clínico randomizado5, com controle de placebo6, para comprovar melhor a relação entre baixa ingestão de cálcio e a obesidade1.
O Dr. Nelson Rassi, investigador do Centro de Pesquisas Clínicas em Endocrinologia do Hospital Geral de Goiânia, mostrou dados que comprovam o efeito de substâncias largamente utilizadas pela indústria - e presente em produtos como latas de leite em pó para bebês7 e mamadeiras - no desenvolvimento da obesidade1.
O bisfenol, presente em produtos para crianças ou em latas de refrigerante, foi apontado em pesquisas como um fator relacionado ao aumento de gordura8 em ratas. Testes apontam a presença do aditivo na urina9 de 95% de crianças e adolescentes nos Estados Unidos, citou o Dr. Rassi. Já o ftalato, composto químico proibido recentemente na fabricação de brinquedos e relacionado ao aumento da resistência à insulina10, ainda é encontrado em embalagens de perfumes, por exemplo.
Análises mostram que os disruptores endócrinos podem exercer forte influência em pequenas quantidades. Quanto mais jovem a pessoa, mais fortes os efeitos no organismo. Por isso, a exposição a esse tipo de composto químico deve ser muito controlada em crianças.
Fonte: ABESO – Associação Brasileira para Estudo da Obesidade1 e da Síndrome Metabólica2
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