Histerectomia pode ser fator de risco independente para diabetes
Uma histerectomia1 precoce pode servir como um fator de risco2 independente para o desenvolvimento de diabetes3 no futuro, de acordo com um estudo de coorte4 francês.
Comparadas com mulheres com útero5 intacto, aquelas que foram submetidas à histerectomia1 tiveram um risco 20% maior de desenvolver diabetes tipo 26 incidente7 ao longo de 16 anos de acompanhamento, após ajuste para idade da menarca8, status de menopausa9 e idade da menopausa9, uso de dispositivos contraceptivos e terapia de reposição hormonal, e número de gestações, disse Fabrice Bonnet, MD, PhD, do Centre Hospitalier Universitaire de Rennes, na França.
No entanto, quando analisadas por idade na histerectomia1, esse risco elevado de diabetes3 parecia se aplicar apenas a mulheres que fizeram uma histerectomia1 antes dos 50 anos, explicou ele durante uma apresentação na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes3 (EASD).
“A histerectomia1 é um fator de risco2 para diabetes3 futuro”, observou Bonnet. “Devemos ter como alvo as mulheres com histerectomia1 precoce porque elas correm maior risco”.
Além da idade, a ooforectomia10 foi outro fator que parecia contribuir para o risco de desenvolver diabetes tipo 26. Especificamente, as mulheres que se submeteram a uma histerectomia1 isolada – preservando os ovários11 – tiveram apenas um risco de diabetes3 ligeiramente maior do que mulheres sem histórico de histerectomia1 ou ooforectomia10.
Mas quando a histerectomia1 foi realizada com ooforectomia10, as mulheres viram um risco significativamente maior de diabetes3 incidente7.
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Adicionalmente, as mulheres que se submeteram a uma histerectomia1 também tenderam a apresentar sintomas13 depressivos mais graves do que aquelas que não o fizeram. Bonnet sugeriu que a depressão poderia ser um fator mediador entre os dois, pois tem sido associada tanto à histerectomia1 quanto ao diabetes3.
Os sintomas13 de depressão grave foram definidos como uma pontuação de 23 ou superior no questionário Center for Epidemiologic Studies Depression Scale Revised (CES-D). Das mulheres sem história de histerectomia1, 10,4% relataram sintomas13 depressivos graves versus 12,5% daquelas que realizaram histerectomia1.
Outro fator mediador poderia ser a redução da função ovariana, resultando em menos secreção de estrogênio e hormônio14 anti-mulleriano após a histerectomia1. “Muitas evidências sugerem um papel protetor para a secreção ovariana em relação ao risco de diabetes3 tardia”, observou Bonnet.
O resumo do estudo foi publicado na revista Diabetologia e avalia o risco de diabetes3 incidente7 após histerectomia1.
Os pesquisadores contextualizam que a histerectomia1 tem sido associada ao risco de hipertensão15 e doença cardiovascular, mas poucos estudos examinaram a relação entre a histerectomia1 e o risco de diabetes tipo 26. Esses estudos incluíram principalmente mulheres na pós-menopausa9. Além disso, a potencial influência da dieta e atividade física não foi abordada em relatórios anteriores.
O objetivo desse estudo foi investigar se a histerectomia1 estava associada a um risco aumentado de diabetes3 incidente7 em uma grande coorte16 francesa de mulheres. Além disso, buscou-se examinar se um estilo de vida pouco saudável influenciou o risco de diabetes3 entre mulheres que fizeram histerectomia1.
Estudou-se 81.144 mulheres da coorte16 E3N que estavam livres de diabetes3 no início do estudo; elas foram acompanhadas por uma média de 16,4 anos. A avaliação da dieta e da atividade física foi feita por meio de questionário. Mulheres com câncer17 ginecológico foram excluídas das análises.
Modelos de risco proporcional de Cox com idade como escala de tempo foram usados para estimar as Razões de Risco (HR) e intervalos de confiança (IC) de 95%. As co-variáveis incluíram nível educacional, atividade física, tipo de dieta, índice de massa corporal18, tabagismo, história familiar de diabetes3, idade da menarca8, status de menopausa9, idade da menopausa9 e uso de contraceptivos orais.
Um total de 4.367 mulheres desenvolveram diabetes tipo 26 durante o acompanhamento. Mulheres com história de histerectomia1 apresentaram risco aumentado de diabetes3 incidente7, que persistiu após ajuste para os principais fatores de confusão (HR ajustado = 1,18, IC 95% 1,10-1,27, p <0,0001).
A associação não foi alterada após ajustes adicionais para fatores reprodutivos ou tratamentos hormonais. O tipo de dieta e o nível de atividade física não modificaram a associação com diabetes3 incidente7.
Observou-se aumento do risco de diabetes3 independentemente da causa da histerectomia1; para mulheres que fizeram histerectomia1 por endometriose19 ou miomas (HR ajustado = 1,19, IC 95% 1,11-1,28).
Não houve interação entre a presença de sobrepeso20 no início do estudo (IMC21 ≥25 kg/m²) e um risco aumentado de diabetes3.
A histerectomia1 com (HR: 1,23, IC 95% 1,13-1,35, p <0,001) e sem ooforectomia10 (HR: 1,13, IC 95% 1,03-1,25, p = 0,013) foram ambas associadas a um risco aumentado de diabetes3.
O risco de diabetes3 incidente7 foi maior para mulheres que fizeram histerectomia1 antes dos 50 anos: antes dos 40 anos (HR ajustada: 1,27, IC 95% 1,07-1,50, p = 0,006); entre 40 e 50 anos (HR ajustada: 1,27, IC 95% 1,16-1,40, p <0,0001); após os 50 anos (HR ajustada: 1,06, IC 95% 0,95-1,18, p = 0,28) em comparação com aquelas sem histerectomia1 nessas faixas etárias.
Esses resultados mostram que as mulheres que fizeram uma histerectomia1 antes dos 50 anos de idade tiveram um risco aumentado de desenvolver diabetes3 incidente7. Este risco elevado parece ser independente da ooforectomia10 e não é explicado por uma dieta pouco saudável ou inatividade física.
Os mecanismos subjacentes que levam ao diabetes3 entre essas mulheres ainda precisam ser elucidados.
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Fontes:
Diabetologia, publicação em 03 de agosto de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 22 de setembro de 2022.