Aumento no número de casos de sífilis no Brasil, segundo boletim epidemiológico de 2018 do Ministério da Saúde
Já em 2016, a sífilis1 foi declarada como um grave problema de saúde2 pública no Brasil, e os números continuam a crescer a cada ano, tanto nos casos de sífilis1 adquirida, em gestantes e congênita3, sendo o crescimento desta última especialmente preocupante.
No mundo, a Organização Mundial da Saúde2 (OMS) estima a ocorrência de aproximadamente um milhão de casos de infecções4 sexualmente transmissíveis (ISTs) por dia, entre clamídia, gonorreia5, sífilis1 e tricomoníase. A presença de uma IST, como sífilis1 ou gonorreia5, aumenta consideravelmente o risco de adquirir ou transmitir a infecção6 pelo pelo vírus7 da imunodeficiência8 adquirida (HIV9). Ainda de acordo com a OMS, a sífilis1 atinge mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo e sua eliminação continua a desafiar globalmente os sistemas de saúde2.
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No Brasil, de acordo com o “Boletim Epidemiológico da Sífilis1 2018”, em 2017, foram notificados no Sinan 119.800 casos de sífilis1 adquirida (taxa de detecção de 58,1 casos/100 mil habitantes); 49.013 casos de sífilis1 em gestantes (taxa de detecção de 17,2/1.000 nascidos vivos); 24.666 casos de sífilis1 congênita3 (taxa de incidência10 de 8,6/1.000 nascidos vivos); e 206 óbitos por sífilis1 congênita3 (taxa de mortalidade11 de 7,2/100 mil nascidos vivos).
A região com maior número de casos foi a Sudeste, com 61.745 (51,5%) casos notificados, seguida da região Sul, com 29.169 (24,3%). Foram registrados também 15.295 (12,8%) na Região Nordeste, 7.701 (6,4%) na Região Centro-Oeste e 5.890 (4,9%) na Região Norte.
Ao comparar esses dados com os de 2016, identificou-se um aumento de 31,8% na incidência10 de sífilis1 adquirida, 28,5% na taxa de detecção em gestantes e 16,4% na incidência10 de sífilis1 congênita3, que passou de 21.183 casos em 2016 para os 24.666 casos relatados em 2017. Durante o período gestacional, a sífilis1 leva a mais de 300.000 mortes fetais e neonatais por ano no mundo e aumenta o risco de morte prematura em outras 215.000 crianças.
Na última década, no Brasil, o aumento de notificações de casos de sífilis1 adquirida, sífilis1 em gestantes e sífilis1 congênita3 pode ser atribuído, em parte, ao aprimoramento do sistema de vigilância e à ampliação da utilização de testes rápidos.
O Sistema Único de Saúde2 (SUS) gastou 2,8 milhões de dólares com procedimentos de médio e alto custos relacionados a infecções4 sexualmente transmissíveis (ISTs) em 2017, incluindo internações, dos quais um número significativo estava diretamente relacionado à sífilis1 e à sífilis1 congênita3.
O tratamento da sífilis1 é feito por uso de penicilina e o teste para diagnóstico12 da doença é distribuído gratuitamente pela rede pública. Em 2017, nas gestantes com sífilis1, em 4,6% dos casos não houve tratamento, e em 3,3% não constou informação (“ignorado”). As proporções de prescrição de penicilina na estratificação por UF variaram de 98,4% em Sergipe a 76,6% no Maranhão. Vale ressaltar, no entanto, que os altos percentuais de tratamentos prescritos não significam necessariamente altos percentuais de tratamento adequado, uma vez que não é possível mensurar quantas dessas prescrições foram realmente administradas.
Essa é uma questão importante de ser abordada, pois se o tratamento não é feito corretamente ou por completo, aumenta-se o risco de transmissão. É de grande importância que tanto as mulheres quanto seus parceiros sexuais façam o tratamento adequado.
O efetivo controle da sífilis1 depende, em grande medida, da disposição e vontade política de gestores para colocar em prática um movimento em prol da qualidade da atenção à gestante e seus parceiros sexuais durante o pré-natal, promover mobilização nacional para ampliação do acesso ao diagnóstico12 da população geral e das populações-chave13 e estabelecer parcerias de base comunitária, além de vencer obstáculos quanto à administração de benzilpenicilina benzatina na Atenção Básica (AB).
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Fonte: Boletim Epidemiológico da Sífilis1 2018.