Metade de todos os casos de diabetes tipo 1 se desenvolve após 30 anos de idade
O aparecimento do diabetes tipo 11 é tão provável de ocorrer em pessoas com mais de 30 anos de idade como naquelas mais jovens, segundo mostra uma nova pesquisa apresentada na 52ª Reunião Anual da European Association for the Study of Diabetes2 2016, na Alemanha, pelo Dr. Nicholas JM Thomas, do Institute of Biomedical and Clinical Science, da University of Exeter Medical School, no Reino Unido.
Os pesquisadores usaram dados genéticos do UK Biobank. Os resultados refutam a antiga crença de que o diabetes tipo 11 é principalmente uma condição "juvenil". Clinicamente, isto é particularmente útil para a atenção primária, pois pessoas que desenvolvem diabetes2 mediada por fatores autoimunes3 na idade adulta são muitas vezes diagnosticadas como tendo diabetes tipo 24 e recebem prescrição de metformina5, ao invés de insulina6.
A identificação desses indivíduos nos cuidados primários é um desafio, pois a grande maioria dos idosos que iniciam diabetes2 têm diabetes tipo 24 e testes de anticorpos7 para identificar diabetes2 mediada por autoimunidade8 são muito caros para o uso rotineiro. Além disso, o excesso de peso/obesidade9 é quase universal no tipo 2, mas também é comum no diabetes tipo 11.
O Dr. Thomas aconselha aos clínicos estarem cientes de que os adultos podem desenvolver diabetes2 autoimune10, seja como o clássico tipo 1 ou como o fenômeno de início mais lento conhecido como "diabetes2 autoimune10 latente da idade adulta (LADA)." Eles devem ficar alerta para uma resposta diferente do que seria o esperado, ao prescreverem as diretrizes de tratamento usuais para o tipo 2.
Já faz quase 20 anos desde que os termos diabetes2 "juvenil" e "de início na idade adulta" foram oficialmente mudados para "tipo 1" e "tipo 2", mas a percepção de que os adultos que desenvolvem diabetes2 mediados por fatores autoimunes3 são raros ou incomuns persiste entre a comunidade médica não especializada e o público leigo.
O Dr. Thomas explicou em sua apresentação, que a maioria dos estudos sobre diabetes tipo 11 é realizada com crianças e adolescentes e poucos dados epidemiológicos estão disponíveis a respeito do diabetes tipo 11 na vida adulta. O problema, segundo ele, é que na infância quase todos os casos de diabetes2 são diabetes tipo 11, por isso eles são mais fáceis de identificar pois se destacam; enquanto que mais tarde na vida, há um aumento dramático na prevalência11 de diabetes tipo 24, de modo que os casos de diabetes tipo 11 são abafados e sua identificação se torna mais difícil.
O Dr. Thomas e seus colegas usaram uma "abordagem genética robusta", utilizando um escore de risco que compreende 30 polimorfismos de nucleotídeo único associados com diabetes tipo 11 (DM1-GRS). Eles mostraram que o diabetes tipo 11 é restrito principalmente a pacientes com alto DM1-GRS (superior a 50%).
Eles aplicaram o escore de risco genético a uma coorte12 de 120.000 adultos brancos britânicos, com idades entre 40 e 70 anos, do UK Biobank, uma rede projetada para estudar muitas doenças e que inclui pessoas com e sem diabetes2 e grava informações sobre a idade no momento do diagnóstico13, se a insulina6 é usada dentro de um ano de diagnóstico13, medicamentos atuais usados e índice de massa corporal14 (IMC15).
Veja mais sobre "Obesidade9" e "Cálculo16 do IMC15".
Como esperado, quando avaliado por idade eles descobriram que quase todos os casos de diabetes2 abaixo da idade de 30 anos foi do tipo 1 (autoimune10), e com o aumento da idade a prevalência11 de diabetes tipo 24 aumentou drasticamente. No entanto, para surpresa dos pesquisadores, eles também descobriram que o número de casos de diabetes tipo 11 manteve-se constante a partir da idade de 30 a 60 anos, de modo que cerca de metade dos casos de diabetes tipo 11 estava ocorrendo após os 30 anos, mas foram "apagados" pelo grande número de casos do tipo 2, explicou o Dr. Thomas.
Ao todo, 53% (242/457) dos casos do tipo 1 são diagnosticados até os 30 anos de idade, sendo responsáveis por 74% (242/326) de todos os casos de diabetes2 diagnosticados nessa faixa etária, enquanto 47% (215/457) dos casos são diagnosticados de 31 a 60 anos de idade, representando apenas 5% (215/4335) dos casos de diabetes2 diagnosticados nessa faixa etária.
Em uma comparação das pessoas geneticamente classificadas com tipo 2 e tipo 1, entre 31 e 60 anos de idade, o grupo de tipo 1 foi significativamente mais jovem no momento do diagnóstico13 (44 vs 52 anos de idade, P<0,0001), tiveram menor IMC15 (26,2 vs 32,6 kg/m², P<0,0001), eram muito mais prováveis de usar insulina6 dentro de um ano do diagnóstico13 (79% vs 6%, P<0,0001) ou estavam atualmente em uso de insulina6 (100% vs 16% , P<0,0001).
DM1-GRS é, portanto, uma nova ferramenta para investigar a etiologia17 do diabetes2 em grandes coortes sem medição de anticorpos7, frisou o pesquisador. Reiterando que o diabetes tipo 11 é uniformemente distribuído nas primeiras seis décadas de vida, mas depois de 30 anos de idade, o aumento de casos do diabetes tipo 24 faz com que o tipo 1 seja mais difícil de ser reconhecido e tratado corretamente.
Leia também sobre "Diabetes Mellitus18" e "Cetoacidose diabética19".