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Fumo passivo na infância tem consequências cardiovasculares: uma declaração científica da American Heart Association

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Embora os programas de saúde1 pública tenham levado a uma diminuição substancial na prevalência2 do tabagismo, os efeitos adversos da exposição à fumaça do cigarro para a saúde1 ainda não é coisa do passado.

Nos Estados Unidos, quatro de dez crianças em idade escolar e um de três adolescentes são involuntariamente expostos ao fumo passivo, com crianças de etnias minoritárias e aquelas que vivem em famílias com baixo status socioeconômico sendo desproporcionalmente afetadas (68% e 43%, respectivamente).

As crianças são particularmente vulneráveis, com pouco controle sobre sua casa e seu ambiente social, elas não têm a compreensão e a capacidade de evitar a exposição ao fumo passivo por própria vontade; também têm características fisiológicas3 ou comportamentais que as tornam especialmente susceptíveis aos efeitos do fumo passivo.

A fumaça que emana a partir da ponta acesa do cigarro, um importante componente do fumo passivo, contém uma concentração mais elevada de algumas toxinas4 do que o fumo principal (inalado pelo fumante diretamente), fazendo com que o fumo passivo seja potencialmente tão perigoso quanto ou ainda mais perigoso do que fumar diretamente.

Evidências convincentes, tanto em animais como em humanos, mostram que a exposição ao fumo passivo durante a infância:

  • É prejudicial para a função e a estrutura arteriais, resultando em aterosclerose5 prematura e suas consequências cardiovasculares.
  • Está relacionada a prejuízos na função autonômica cardíaca e a mudanças na variabilidade da frequência cardíaca.
  • Está associada à agregação de fatores de risco cardiometabólico tais como obesidade6, dislipidemia e resistência à insulina7.
Leia os artigos sobre "Infarto do Miocárdio8", "Acidente Vascular Cerebral9", "Colesterol10 Alto" e "Obesidade6".

Sabe-se que as intervenções individualizadas para reduzir a exposição das crianças ao fumo passivo são, pelo menos, modestamente eficazes, assim como iniciativas políticas amplas como a proibição de fumar em qualquer lugar e o aumento de impostos do cigarro.

Esta declaração da American Heart Association resume as evidências disponíveis sobre as consequências para a saúde1 cardiovascular da exposição ao fumo passivo na infância e serve de apoio para reduzir ainda mais ou eliminar a exposição ao cigarro desta população vulnerável. Ela possui dados relevantes de estudos epidemiológicos, experiências em laboratório e ensaios comportamentais controlados sobre fumo passivo e risco de doença cardiovascular em crianças.

A informação sobre os efeitos da exposição ao fumo passivo no sistema cardiovascular11, em estudos pediátricos e com animais, incluem perturbações vasculares12, ativação de plaquetas13, oxidação e inflamação14, disfunção endotelial, aumento da rigidez vascular15, alterações na estrutura vascular15 e disfunção autonômica.

As evidências epidemiológicas, observacionais e experimentais acumuladas até o momento demonstram as consequências cardiovasculares prejudiciais à saúde1 geradas pela exposição de crianças ao fumo passivo.

A consciência das consequências cardiovasculares adversas da exposição ao fumo passivo durante a infância pode facilitar o desenvolvimento de intervenções individuais, familiares e de saúde1 pública para reduzir e, idealmente, eliminar a exposição ao fumo passivo na infância. Isto exige uma política forte que tenha tolerância zero com a exposição das crianças ao fumo passivo.

Veja mais em: "Parar de fumar: como é?" e "Qual é a definição de saúde1 cardiovascular ideal na infância?"

 

Fonte: Circulation, publicação online, em 12 de setembro de 2016

NEWS.MED.BR, 2016. Fumo passivo na infância tem consequências cardiovasculares: uma declaração científica da American Heart Association. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/1275708/fumo-passivo-na-infancia-tem-consequencias-cardiovasculares-uma-declaracao-cientifica-da-american-heart-association.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
3 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
4 Toxinas: Substâncias tóxicas, especialmente uma proteína, produzidas durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capazes de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
5 Aterosclerose: Tipo de arteriosclerose caracterizado pela formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias.
6 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
7 Resistência à insulina: Inabilidade do corpo para responder e usar a insulina produzida. A resistência à insulina pode estar relacionada à obesidade, hipertensão e altos níveis de colesterol no sangue.
8 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
9 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
10 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
11 Sistema cardiovascular: O sistema cardiovascular ou sistema circulatório sanguíneo é formado por um circuito fechado de tubos (artérias, veias e capilares) dentro dos quais circula o sangue e por um órgão central, o coração, que atua como bomba. Ele move o sangue através dos vasos sanguíneos e distribui substâncias por todo o organismo.
12 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
13 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
14 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
15 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
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