Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 29% dos brasileiros são sedentários, 43% têm sobrepeso e 11% são obesos
O primeiro levantamento de vigilância de fatores de risco à saúde1 implantado pelo Governo Federal mostra que 29% dos brasileiros são sedentários, 43% têm sobrepeso2 e 11% são obesos. Pessoas maiores de 18 anos foram entrevistadas por telefone e questionadas sobre o consumo de cigarro e álcool, atividades físicas, ingestão de alimentos, hipertensão arterial3, obesidade4 e diabetes5. Veja os resultados da pesquisa.
O Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (VIGITEL) é o primeiro levantamento de vigilância de fatores de risco à saúde1 implantado pelo Governo Federal. A pesquisa foi feita por telefone em todas as capitais e no Distrito Federal. Entre agosto de 2006 e janeiro deste ano foram realizadas cerca de 54 mil entrevistas. Para que os dados fossem mais fidedignos, foi usado um fator de correção, sobretudo em capitais com menor cobertura por telefonia fixa. Os números deverão ser usados para políticas de saúde1 que, segundo o ministro da Saúde1, Agenor Álvares, devem concentrar esforços numa política de prevenção.
Os resultados da pesquisa mostram que:
FUMO
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A maior freqüência de adultos que fumam foi observada em Porto Alegre e Rio Branco (21,2%). A mais baixa, em Salvador (9,5%).
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O Brasil foi o país que mais rapidamente reduziu o tabagismo no período entre 1989 e 2003. Hoje, o País tem, entre a sua população, 16,2% de fumantes - a maioria deles com idade entre 35 e 54 anos.
EXCESSO DE PESO E OBESIDADE4
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Em estudos epidemiológicos, o diagnóstico6 da obesidade4 é feito a partir do Índice de Massa Corporal7 – IMC8, obtido pela divisão entre o peso (medido em quilogramas) e o quadrado da altura (medida em metros). O excesso de peso é diagnosticado quando o IMC8 alcança valor igual ou superior a 25 kg/m2 e, a obesidade4, quando o IMC8 é igual ou superior a 30 kg/m2. O peso é considerado normal quando o IMC8 fica entre 18,5 e 24,9 kg/m2.
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A maior freqüência de adultos com excesso de peso foi encontrada no Rio de Janeiro (48,3%) e a menor em São Luís (34,1%).
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O sobrepeso2 atinge 43% dos adultos, sendo que 11% estão obesos.
HÁBITOS ALIMENTARES
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No estudo, observa-se que o consumo de carnes com excesso de gordura9 tende a ser bem mais freqüente em homens (51,2%) do que em mulheres (29%) e que, em ambos os sexos, a freqüência do consumo de carnes com excesso de gordura9 tende a diminuir fortemente com a idade e com o nível de escolaridade das pessoas.
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Em cada grupo de dez adultos, quatro têm excesso de peso e outros quatro consomem carnes gordas. Muitos tomam leite integral, em vez do desnatado, e poucos são os que adotam uma alimentação saudável, rica em hortaliças ou frutas. A capital campeã no baixo consumo de frutas e hortaliças é Porto Alegre, com porcentual bem aquém do que seria considerado ideal: menos de 35% incluem esses itens rotineiramente no cardápio.
ATIVIDADE FÍSICA
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Considerou-se atividade física suficiente no lazer a prática de pelo menos 30 minutos diários de atividade física de intensidade leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana, ou a prática de pelo menos 20 minutos diários de atividade física de intensidade vigorosa em três ou mais dias da semana. Caminhada, caminhada em esteira, musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais, ciclismo e voleibol foram classificados como práticas de intensidade leve ou moderada. Corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica, futebol, basquetebol e tênis foram classificados como práticas de intensidade vigorosa. A condição de inatividade física foi atribuída aos indivíduos que informaram que: 1) não praticaram qualquer atividade física no lazer nos últimos três meses; 2) não realizavam esforços físicos intensos no trabalho (não andavam muito, não carregavam peso e não faziam outras atividades equivalentes em termos de esforço físico); 3) não se deslocavam para o trabalho a pé ou de bicicleta; e não eram responsáveis pela limpeza pesada de suas casas.
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A freqüência de adultos que praticam atividade física suficiente no lazer foi modesta em todas as cidades estudadas, variando entre 10,5% em São Paulo e 21,5% no Distrito Federal. De modo geral, mais homens do que mulheres praticam atividade física suficiente no lazer.
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Em ambos os sexos, a freqüência do lazer suficientemente ativo aumenta com a escolaridade das pessoas. Ainda assim, mesmo na faixa de doze ou mais anos de escolaridade, apenas a minoria das pessoas se exercita de modo suficiente: 15% das mulheres e 23% dos homens.
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A freqüência de adultos na condição de completa inatividade física (indivíduos que não praticam qualquer atividade física no lazer, não realizam esforços físicos intensos no trabalho, não se deslocam para o trabalho a pé ou de bicicleta e não são responsáveis pela limpeza pesada de suas casas) foi elevada em todas as cidades estudadas, variando entre 21,6% em Boa Vista e 35,1% em Natal. De modo geral, a inatividade física tendeu a ser bem mais freqüente no sexo masculino do que no sexo feminino.
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No conjunto da população adulta das cidades estudadas, observa-se que a inatividade física foi duas vezes mais freqüente em homens (39,8%) do que em mulheres (20,1%). Em ambos os sexos, a freqüência da condição de inatividade física foi máxima na faixa etária de 65 ou mais anos de idade: 65,4% para homens e 50,3% para mulheres. Nas demais idades, a freqüência do sedentarismo10 pouco variou, alcançando cerca de 40% dos homens e cerca de 15%-20% das mulheres.
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Em ambos os sexos, a freqüência da inatividade física tende a aumentar com o nível de escolaridade das pessoas. A situação mais desfavorável é a do grupo de pessoas com doze ou mais anos de escolaridade, onde 50,7% dos homens e 41,4% das mulheres não realizam qualquer atividade física relevante, seja no trabalho, seja no deslocamento para o trabalho, seja em tarefas domésticas, seja no lazer.
CONSUMO DE ÁLCOOL
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A freqüência de adultos que consumiram, nos últimos três meses, quatro doses (mulheres) ou cinco doses (homens) de bebidas alcoólicas em um único dia, denominado consumo abusivo de bebidas alcoólicas, variou entre 12,1% em Curitiba e 22,1% em Salvador. Na maioria das cidades, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi duas vezes maior em homens do que em mulheres.
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Considerando o conjunto da população adulta das cidades estudadas, observa-se que o consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi duas vezes mais freqüente em homens (16,1%) do que em mulheres (8,1%). Em ambos os sexos, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi maior nas faixas etárias mais jovens, alcançando cerca de 30% dos homens e cerca de 10% das mulheres entre 18 e 44 anos de idade. A partir dos 45 anos de idade, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas declina progressivamente até chegar a 5% dos homens e 1% das mulheres com 65 ou mais anos de idade. Em ambos os sexos, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas pouco varia com o nível de escolaridade.
HIPERTENSÃO ARTERIAL3 E DIABETES5
O sistema VIGITEL disponibiliza dois indicadores relativos à ocorrência de hipertensão arterial3 e diabetes5 na população: a freqüência de indivíduos que referem diagnóstico6 médico prévio de hipertensão arterial3 e freqüência de indivíduos que referem diagnóstico6 médico prévio de diabetes5. Esses indicadores obviamente tendem a subestimar a freqüência da hipertensão11 e do diabetes5 na população, na medida em que não incluem casos não diagnosticados. Entretanto, fornecem, de imediato, informações úteis para se avaliar a demanda por cuidados de saúde1 originada por essas doenças.
HIPERTENSÃO ARTERIAL3
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A freqüência de adultos que referem diagnóstico6 médico de hipertensão arterial3 variou entre 15,1% em Palmas e 24,9% em Recife.
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O levantamento aponta que mais mulheres (24,4%) do que homens (18,4%) referem o diagnóstico6 médico prévio de hipertensão arterial3. Em ambos os sexos, o diagnóstico6 de hipertensão arterial3 se torna mais comum com a idade, alcançando cerca de 5% dos indivíduos entre os 18 e os 24 anos de idade e mais de 50% na faixa etária de 65 anos ou mais de idade. Indivíduos com até oito anos de escolaridade são os que mais referem diagnóstico6 médico de hipertensão arterial3.
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Entre mulheres é mais marcada a associação entre nível de escolaridade e diagnóstico6 da doença: enquanto 32,8% das mulheres com até oito anos de escolaridade referem diagnóstico6 de hipertensão arterial3, a mesma condição é observada apenas entre 13,6% das mulheres com doze ou mais anos de escolaridade.
DIABETES5
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A freqüência de adultos que referem diagnóstico6 médico prévio de diabetes5 variou entre 2,7% em Palmas e 6,2% em São Paulo.
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Considerando o conjunto da população adulta das cidades estudadas, observa-se que 6% das mulheres e 4,4% dos homens referem o diagnóstico6 médico prévio de diabetes5. Em ambos os sexos, o diagnóstico6 da doença se torna mais comum com a idade, alcançando cerca de 1% dos indivíduos entre os 18 e os 24 anos de idade e 17%-20% na faixa etária de 65 anos ou mais.
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Indivíduos com até oito anos de escolaridade são os que mais referem o diagnóstico6 médico de diabetes5. Como no caso da hipertensão arterial3, é mais marcada entre mulheres a associação entre nível de escolaridade e diagnóstico6 de diabetes5: enquanto 8,8% das mulheres com até oito anos de escolaridade referem diagnóstico6 da doença, a mesma condição é observada em apenas 2,4% das mulheres com doze ou mais anos de escolaridade.
Fonte: Ministério da Saúde1