Fiocruz produz xarope sabor laranja para a anemia de crianças
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos/Fiocruz) está produzindo um xarope com sabor de laranja para tratamento e prevenção de anemia1 em crianças. O objetivo é melhorar a aceitação do medicamento pela mudança no sabor. Especialistas estimam que cerca de 50-70% das crianças brasileiras com até dois anos têm anemia1. Na região nordeste esse número é ainda maior, chegando a 80%.
Grace Mafra, pesquisadora da Fiocruz, diz que a anemia1 é provocada pela falta de ferro no organismo e que prejudica o desenvolvimento da criança, por isso todas devem receber o xarope de sulfato ferroso dos 6 aos 18 meses de idade, fase em que o crescimento e o desenvolvimento são mais importantes. A faixa etária até 2 anos é de grande vulnerabilidade biológica à anemia1. Após esse período, o médico e a nutricionista2 devem orientar a mãe sobre como melhorar a alimentação da criança com o uso de alimentos ricos em ferro.
Além do paladar3 mais agradável, a cor amarelo-claro, a consistência de mel fino e a nova concentração fazem do xarope de sulfato ferroso um produto ideal para crianças. O gosto de metal e o aspecto escuro do produto, tradicionalmente utilizado na rede de saúde4, são os maiores entraves para a assimilação do medicamento.
O medicamento passou por um teste de eficácia no Rio de Janeiro. A pesquisadora informa: "O teste foi realizado em postos de saúde4 e em creches. Constatamos a grande aceitabilidade do xarope pelas crianças e avaliamos sua eficiência no sentido de aumentar a concentração de ferro no sangue5. O resultado da avaliação foi muito positivo". O xarope será utilizado em uma campanha nacional de combate à anemia1, que será realizada ainda este ano pelo Ministério da Saúde4. Esta campanha faz parte de um conjunto de medidas que o governo vai adotar para prevenir a doença. As ações vão desde a suplementação6 de ferro durante a gestação da mãe até a correção da alimentação para que a criança não corra risco de contrair a doença.
Na faixa etária de seis meses aos 2 anos, a anemia1 pode ser considerada "doença democrática", pois atinge crianças de todas as classes sociais devido à vulnerabilidade biológica. Porém, em geral, a anemia1 atinge com mais freqüência a população de baixo poder aquisitivo, pois está associada à carência de alimentação balanceada, saudável e rica em ferro. Medicamento antianêmico é um dos focos de Far-Manguinhos, cuja missão é assessorar o Ministério da Saúde4 em estratégias de assistência farmacêutica, desenvolvendo pesquisas e produzindo medicamentos, sobretudo no combate a doenças negligenciadas como a anemia1.
O tipo mais comum de anemia1 é a por deficiência de ferro - anemia ferropriva7. O ferro é vital ao organismo, pois é indispensável à produção de hemoglobina8, que carrega oxigênio dos glóbulos vermelhos do sangue5 (hemácias9) aos tecidos do organismo. A deficiência em ferro prejudica o crescimento, o desenvolvimento motor, cognitivo10, a linguagem e a memória. Debilita o sistema imunológico11, favorece infecções12, doenças e, em gestantes, está associada a complicações como o parto prematuro.
Além de prevenir com sulfato ferroso, outra medida eficaz no combate à anemia1 é a fortificação alimentar, que a partir do segundo semestre será obrigatória conforme regulamentou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Às farinhas de trigo e de milho devem ser adicionadas ferro e ácido fólico, fortificando todos os derivados como pães, bolos e biscoitos.
A alimentação não pode ser descuidada. Beterraba e espinafre, ao contrário do propagado, "não são os alimentos mais ricos em ferro". A dieta rica em ferro deve contemplar o consumo de carnes, fígado13, coração14, frango, peixe, feijão, verduras, como agrião e couve.
Alimentos que aumentam a absorção do ferro, como os que contêm vitamina15 C (laranja, limão, acerola, abacaxi e caqui) devem ser priorizados. "Não se deve ingerir junto a refeições mates, chás, cafés, leite, refrigerantes, pois prejudicam a absorção do ferro pelo organismo", diz Elyne. Já sucos cítricos e frutas facilitam a absorção. "É preciso incentivar nas crianças o hábito de uma dieta alimentar saudável, colorida e variada. É bom para a saúde4 e previne doenças".
Fonte: Fundação Oswaldo Cruz