JAMA Internal Medicine: sildenafil, medicamento usado na disfunção erétil, pode aumentar risco de desenvolvimento de melanoma
A proteína cinase ativada por mitógeno RAS/RAF e a cascata da ERK (“Extracellular Signal Regulated Protein Kinase”) desempenham um papel fundamental na proliferação de células1 de melanoma2 e na sobrevivência3 de pacientes portadores de tal condição. O citrato de sildenafil (Viagra) é um inibidor seletivo da fosfodiesterase-5A (PDE-5A), comumente usado em casos de disfunção erétil. Estudos recentes têm mostrado que a ativação do gene BRAF regula para baixo ("down-regulation") os níveis de PDE-5A e que a baixa expressão da PDE-5A, pela ativação do BRAF ou pelo uso de sildenafil, aumenta a capacidade de invasão das células1 de melanoma2 no organismo, o que levanta a possibilidade de efeitos adversos do uso de sildenafil sobre o risco de melanoma2.
Com o objetivo de avaliar a associação entre o uso de sildenafil e risco de melanoma2 incidente4 entre os homens norte-americanos, foi realizado um estudo prospectivo5 de coorte6, publicado pelo JAMA Internal Medicine.
Em 2000, os participantes do Health Professionals' Follow-up Study foram questionados a respeito do uso de sildenafil para a disfunção erétil. Os participantes que relataram câncer7 no início do estudo foram excluídos da pesquisa. Um total de 25.848 homens permaneceu na análise.
A incidência8 de câncer7 de pele9, incluindo melanoma2, carcinoma10 espinocelular (CEC) e de carcinoma10 basocelular (CBC), foi obtida em questionários bianuais de auto-relato. O diagnóstico11 de melanoma2 e de CEC foi confirmado por biópsia12.
Foram identificados 142 melanomas, 580 CEC e 3.030 casos de CBC durante o acompanhamento (2000-2010). O uso recente de sildenafil no início do estudo foi significativamente associado ao risco aumentado de melanoma2 subsequente. Por outro lado, não se observou aumento no risco de CEC ou CBC associado ao uso de sildenafil. Além disso, a própria função erétil não estava associada a uma alteração no risco de desenvolver melanoma2. O uso frequente de sildenafil também foi associado a um maior risco de melanoma2. Uma análise secundária, excluindo aqueles que relataram ser portadores de doenças crônicas no início do estudo, não alterou significativamente os resultados.
Concluiu-se no presente estudo que o uso de sildenafil pode estar associado a um risco aumentado de desenvolvimento de melanoma2. Embora esta pesquisa não seja suficiente para alterar as recomendações clínicas atuais, os pesquisadores apoiam a necessidade de continuar a investigação desta associação.
Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online de 7 de abril de 2014