Estresse psicológico aumenta risco de úlcera péptica, independentemente do Helicobacter pylori ou do uso de anti-inflamatórios
Há controvérsias sobre a questão de o estresse psicológico contribuir para o desenvolvimento de úlceras1 pépticas. Um estudo prospectivo2, divulgado no periódico Clinical Gastroenterology and Hepatology, coletou dados sobre as características do estresse e de fatores de risco para úlcera péptica3 em uma população dinamarquesa, comparando-os com os dados sobre úlceras1 confirmadas no período de onze a doze anos após o início do acompanhamento.
Foram coletadas amostras de sangue4 e dados sobre aspectos psicológicos, sociais, comportamentais e clínicos, em 1982-1983, a partir de uma coorte5 de base populacional incluindo 3.379 adultos dinamarqueses, sem história de úlcera6, participando do estudo MONICA da Organização Mundial de Saúde7. A escala de índice de estresse (0 a 10 pontos) foi utilizada para medir o estresse com base em fatores concretos de estresse na vida e de sofrimento percebido. Sobrevivendo, os participantes elegíveis foram entrevistados novamente em 1987-1988 (n=2.809) e em 1993-1994 (n=2.410). A úlcera6 foi diagnosticada apenas para pacientes8 com uma violação distinta na mucosa9. Todos os diagnósticos foram confirmados pela revisão dos relatórios radiológicos e endoscópicos. Foram detectados casos adicionais de úlcera6 em uma busca de todos os 3.379 indivíduos no registro Danish National Patient Register.
Setenta e seis indivíduos foram diagnosticados com úlcera6. Com base na escala de índice de estresse, a incidência10 de úlcera6 foi significativamente maior entre indivíduos do tercil mais alto de escores de estresse (3,5%) do que os do tercil baixo (1,6%). O risco para a úlcera6 relacionada ao estresse foi semelhante entre os indivíduos que tinham a bactéria11 H. pylori, aqueles que eram H. pylori negativos e aqueles não expostos ao H. pylori ou a medicamentos anti-inflamatórios não esteroides. Na análise multivariada, estresse, nível socioeconômico, tabagismo, infecção12 por H. pylori e uso de drogas anti-inflamatórias não esteroides foram fatores de risco independentes para úlcera6.
Neste estudo, o estresse psicológico aumentou a incidência10 de úlcera péptica3, em parte, influenciando comportamentos de risco à saúde7. O estresse teve efeitos semelhantes sobre úlceras1 associadas com a infecção12 por H. pylori e aqueles alheios a qualquer H. pylori ou uso de drogas anti-inflamatórias não esteroides.
Fonte: Clinical Gastroenterology and Hepatology, volume 13, número 3, de março de 2015