Uso de corticosteroides tópicos potentes ou muito potentes foi associado a um risco aumentado de osteoporose e fratura osteoporótica maior
O uso de corticosteroides tópicos causa eventos adversos sistêmicos1, como os observados com o uso de corticosteroides sistêmicos1?
Os corticosteroides inalatórios e sistêmicos1 afetam negativamente a remodelação óssea e causam osteoporose2 e fratura3 óssea quando administrados continuamente ou em altas doses. No entanto, o risco de osteoporose2 e fratura3 osteoporótica maior (FOM) após a aplicação de corticosteroides tópicos (CSTs) é amplamente inexplorado.
Assim, o objetivo dessa pesquisa, publicada pelo JAMA Dermatology, foi examinar a associação entre a exposição cumulativa a CSTs potentes e muito potentes e o risco de osteoporose2 e FOM.
Saiba mais sobre "Conhecendo melhor os corticoides", "Osteoporose2 - ccomo prevenir" e "Fratura3 óssea".
Este estudo de coorte4 retrospectivo5 nacional incluiu 723.251 adultos dinamarqueses tratados com CSTs potentes ou muito potentes de 1º de janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2017. Os dados foram obtidos de registros nacionais dinamarqueses. Os dados de prescrições médicas foram convertidos em doses equipotentes para furoato de mometasona (1 mg/g). Os dados foram analisados de 1º de junho a 31 de agosto de 2019.
Os pacientes foram considerados expostos quando receberam prescrições com quantidades cumulativas correspondentes ao equivalente a pelo menos 500 g de mometasona, utilizando prescrições de 200 a 499 g como grupo de referência.
Os desfechos co-primários foram um diagnóstico6 de osteoporose2 ou FOM. Hazard ratios (HRs) ajustados para idade, sexo, nível socioeconômico, uso de medicamentos e comorbidade7 foram calculados com ICs de 95% usando modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox.
Um total de 723.251 adultos tratados com o equivalente a pelo menos 200 g de mometasona foram incluídos na análise (52,8% mulheres; idade média [DP], 52,8 [19,2] anos).
Foram encontradas associações dose-resposta entre o uso aumentado de CSTs potentes ou muito potentes e o risco de osteoporose2 e FOM. Por exemplo, HRs de FOM foram 1,01 (IC 95%, 0,99-1,03) para exposição a 500 a 999 g; 1,05 (IC 95%, 1,02-1,08) para exposição a 1.000 a 1.999 g; 1,10 (IC 95%, 1,07-1,13) para exposição a 2.000 a 9.999 g e 1,27 (IC 95%, 1,19-1,35) para exposição a pelo menos 10.000 g.
Um aumento de risco relativo de 3% de osteoporose2 e FOM foi observado por duplicação da dose cumulativa de CST (HR, 1,03 [IC 95%, 1,02-1,04] para ambos).
O risco global atribuível à população foi de 4,3% (IC 95%, 2,7%-5,8%) para osteoporose2 e 2,7% (IC 95%, 1,7%-3,8%) para FOM.
A exposição mais baixa necessária para que um paciente adicional seja prejudicado (454 pessoas-ano) foi observada para FOM com exposição de pelo menos 10.000 g.
Esses achados demonstram que o uso de altas quantidades cumulativas de corticosteroides tópicos potentes ou muito potentes foi associado a um risco aumentado de osteoporose2 e fratura3 osteoporótica maior.
Com base nesses achados, os médicos podem precisar considerar outras opções terapêuticas que substituam o uso de corticosteroides para pessoas que precisam de tratamento anti-inflamatório potente em grandes superfícies corporais por períodos prolongados para limitar o risco de osteoporose2.
Leia sobre "O que é osteoporose2" e "Fratura3 espontânea".
Fonte: JAMA Dermatology, publicação em 20 de janeiro de 2021.