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JAMA: mudanças no peso corporal e na saúde de obesos graves após três anos de uma cirurgia bariátrica

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A obesidade1 grave (índice de massa corporal2 [IMC3] ≥ 35 kg/m²) está associada com uma vasta gama de riscos à saúde4. A cirurgia bariátrica5 induz a perda de peso e a melhoria da saúde4 em curto prazo, mas pouco se sabe sobre os resultados dessa cirurgia no longo prazo. Estudo publicado pelo periódico JAMA (The Journal of the American Medical Association) relata a mudança no peso corporal e em alguns parâmetros selecionados de saúde4 após três anos de alguns procedimentos cirúrgicos bariátricos comuns.

A pesquisa The Longitudinal Assessment of Bariatric Surgery (LABS) Consortium, um estudo de coorte6 observacional multicêntrico, envolvendo dez hospitais e seis centros clínicos norte-americanos, em seis áreas geograficamente diversas, contou com a participação de obesos graves submetidos a procedimentos cirúrgicos bariátricos pela primeira vez. Os participantes foram recrutados entre 2006 e 2009, acompanhados até setembro de 2012 e completaram avaliações de pesquisa antes da cirurgia e seis meses, doze meses e anualmente após a cirurgia.

Três anos depois do bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) ou de uma banda gástrica ajustável por vídeolaparoscopia (LAGB), avaliou-se a mudança de peso em relação à linha de base e a porcentagem de participantes com diabetes7 que alcançaram níveis de hemoglobina glicosilada8 (A1c9) menor que 6,5% ou glicose10 plasmática de jejum com valores abaixo de 126 mg/dL11, sem terapia farmacológica. A resolução da dislipidemia e da hipertensão arterial12 em três anos também foi avaliada.

Os participantes (n=2.458) tinham entre 18 e 78 anos, 79% eram mulheres, a média do IMC3 foi de 45,9 e o peso médio foi de 129 kg no início do estudo. Para a sua primeira intervenção cirúrgica bariátrica, 1.738 participantes foram submetidos ao BGYR, 610 à LAGB e 110 a outros procedimentos. No início do estudo, 774 (33%) tinham diabetes7, 1.252 (63%) dislipidemia e 1.601 (68%) hipertensão arterial12. Três anos após a cirurgia, a perda de peso média real para os participantes submetidos ao BGYR era de 41 kg, o que corresponde a uma percentagem do peso inicial perdido de 31,5%. Para os participantes que fizeram a LAGB, a perda de peso real foi de 20 kg, o que corresponde a 15,9%. A maior parte da perda de peso foi evidente um ano após a cirurgia, para ambos os procedimentos. Cinco grupos distintos de trajetória de mudança de peso foram identificados para cada procedimento. Entre os participantes que tinham diabetes7 no início do estudo, 216 participantes do grupo que fez BGYR (67,5%) e 28 participantes do grupo da LAGB (28,6%) apresentaram remissão parcial em três anos. A incidência13 da diabetes7 foi de 0,9% depois do BGYR e de 3,2% após a LAGB. A dislipidemia foi resolvida em 237 participantes do BGYR (61,9%) e em 39 participantes da LAGB (27,1%); a remissão da hipertensão arterial12 ocorreu em 269 participantes do grupo do BGYR (38,2%) e em 43 participantes do grupo da LAGB (17,4%).

As conclusões mostram que entre os participantes com obesidade1 grave, houve perda de peso substancial três anos após a cirurgia bariátrica5, com a maioria tendo variação máxima de peso durante o primeiro ano. No entanto, houve variação na quantidade e nas trajetórias de perda de peso e no diabetes mellitus14, na pressão arterial15 e na dislipidemia.

Fonte: JAMA - The Journal of the American Medical Association, de 4 de novembro de 2013

NEWS.MED.BR, 2013. JAMA: mudanças no peso corporal e na saúde de obesos graves após três anos de uma cirurgia bariátrica. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/507014/jama-mudancas-no-peso-corporal-e-na-saude-de-obesos-graves-apos-tres-anos-de-uma-cirurgia-bariatrica.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
2 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
3 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Cirurgia Bariátrica:
6 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
7 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
8 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
9 A1C: O exame da Hemoglobina Glicada (A1C) ou Hemoglobina Glicosilada é um teste laboratorial de grande importância na avaliação do controle do diabetes. Ele mostra o comportamento da glicemia em um período anterior ao teste de 60 a 90 dias, possibilitando verificar se o controle glicêmico foi efetivo neste período. Isso ocorre porque durante os últimos 90 dias a hemoglobina vai incorporando glicose em função da concentração que existe no sangue. Caso as taxas de glicose apresentem níveis elevados no período, haverá um aumento da hemoglobina glicada. O valor de A1C mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes (retinopatia, nefropatia e neuropatia).
10 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
11 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
12 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
13 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
14 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
15 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
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