Risco para infarto do miocárdio e AVC após bacteremia adquirida na comunidade: um estudo populacional de coorte publicado no Circulation
As infecções1 podem desencadear eventos cardiovasculares agudos, mas o risco desses eventos após uma bacteremia2 adquirida na comunidade é desconhecido. Com o objetivo de avaliar o risco de infarto3 agudo4 do miocárdio5 e de acidente vascular cerebral6 isquêmico7 em até um ano após uma bacteremia2 adquirida na comunidade foi realizado um estudo de coorte8, com seguimento de 20 anos, publicado pelo periódico Circulation.
A pesquisa de base populacional foi realizada no Departamento de Doenças Infecciosas do Aalborg University Hospital, no norte da Dinamarca. Foram incluídos 4.389 pacientes clínicos hospitalizados com hemoculturas positivas obtidas no dia da admissão. Os pacientes hospitalizados com bacteremia2 foram pareados com até 10 controles da população geral e até 5 controles admitidos de forma aguda mas sem bacteremia2, pareados em idade, sexo e tempo. Todos os eventos novos de infarto do miocárdio9 e acidente vascular cerebral6 durante os 365 dias seguintes foram apurados a partir de bases de dados de saúde10 com base na população. Análises de regressão multivariada foram utilizadas para avaliar os riscos relativos (RR) com intervalo de confiança de 95% (IC) para infarto do miocárdio9 e acidente vascular cerebral6 em pacientes com bacteremia2 e seus controles. O risco de infarto do miocárdio9 ou acidente vascular cerebral6 foi muito maior dentro dos primeiros 30 dias após o início da bacteremia2 adquirida na comunidade: 3,6% contra 0,2% entre os controles populacionais (RR ajustado, 20,86; IC 95%, 15,38-28,29) e contra 1,7% entre os controles hospitalizados (RR ajustado, 2,18; IC 95%, 1,80-2,65). O risco de infarto do miocárdio9 ou acidente vascular cerebral6 permaneceu com modesto aumento entre o 31° e o 180° dias após o início da bacteremia2 quando comparados aos controles populacionais, mas não aos controles hospitalizados. Não há diferenças observadas no risco cardiovascular depois de mais de seis meses da bacteremia2. Os maiores riscos nos primeiros 30 dias foram consistentemente encontrados para uma variedade de agentes etiológicos e focos infecciosos.
Os resultados mostram que uma bacteremia2 adquirida na comunidade está associada ao aumento do risco de curto prazo para infarto do miocárdio9 e para acidente vascular cerebral6.
Fonte: Circulation (da American Heart Association), publicação online de 12 de fevereiro de 2014