Governo investe pesado no Plano Brasileiro de Preparação para a Pandemia de Gripe
O ministro da Saúde1, Saraiva Felipe, garantiu hoje no Rio de Janeiro que o Brasil não vai ficar atrás de país algum em termos de preparação para uma possível pandemia2 de gripe3. Em entrevista coletiva, ele anunciou que não medirá esforços para proteger a população contra a doença. Hoje à noite, o ministro participa da abertura do Seminário Internacional sobre Gripe3, que até sexta-feira reúne, no Rio, autoridades e especialistas estrangeiros para a troca de experiências sobre a preparação contra a doença.
Saraiva Felipe explicou que o governo está investindo, num primeiro momento, R$ 260 milhões. A verba é aplicada na aquisição de 90 milhões de doses do antiviral Tamiflu, na prepararação do laboratório Butantan para fabricar a vacina4 contra a doença e na ampliação da rede de unidades-sentinela (o objetivo dessas unidades é dar o alerta ao primeiro diagnóstico5 de gripe3 aviária).
No mês de outubro, o ministro participou, em Ottawa, no Canadá, do Encontro Internacional de Ministros de Saúde1 sobre Pandemia2 de Gripe3, onde defendeu o fortalecimento da vigilância epidemiológica em escala mundial e a facilitação do acesso dos países a vacinas e antivirais como forma de evitar o surgimento de uma possível pandemia2 de gripe3.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou decreto, em 24 de outubro deste ano, criando um grupo de trabalho interministerial, coordenado pelo Ministério da Saúde1, com vistas a uma execução integrada do Plano Brasileiro de Preparação para a Pandemia2 de Gripe3. Esse plano será apresentado aos participantes do seminário.
Entre as principais ações do plano já implantadas, estão o fortalecimento da vigilância epidemiológica para o adequado monitoramento da doença e da rede de laboratórios para a detecção do vírus6 que causa a gripe3. Outra medida é adequar as instalações do Instituto Butantan, em São Paulo, para a produção de uma vacina4 nacional.
Veja abaixo as medidas do plano que já se encontram em implantação:
- Fortalecimento da vigilância epidemiológica da influenza7, inclusive com a ampliação da capacidade laboratorial para o diagnóstico5 rápido da doença em situações de surto e identificação das cepas8 circulantes. O Sistema de Vigilância da Influenza7 no Brasil atualmente está implantado em 21 Unidades Federadas, contando com uma rede de 46 unidades sentinelas. Essa rede atendeu a cerca de 210 mil casos de síndrome9 gripal, em 2004, tendo coletado 2.269 amostras para identificação de vírus6;
- Constituição de um estoque estratégico do antiviral Oseltamivir (Tamiflu) para a ser utilizado em situações especiais durante uma possível pandemia2. O Ministério da Saúde1 acertou com o laboratório produtor a compra de nove milhões de tratamentos;
- Preparação do Instituto Butantan para a produção da vacina4 contra a cepa10 pândemica. O Ministério da Saúde1 repassou recursos para acelerar a preparação de uma instalação emergencial, que estará pronta para fabricação já no início do próximo ano, uma vez que a nova fábrica de vacinas que está sendo construída com recursos do ministério e do Governo do Estado de São Paulo só ficará pronta no final de 2006. Tão logo os problemas tecnológicos ainda existentes para a produção de uma vacina4 contra uma cepa10 de alta patogenicidade do vírus6 influenza7 sejam superados, a Organização Mundial de Saúde1 (OMS) estrá informada de nossa capacidade para produzir esta vacina4 no Brasil. Ressalte-se que a produção mundial de vacinas contra uma pandemia2 de influenza7 depende de qual será efetivamente a cepa10 pandêmica (lembra-se aqui que a H5N1 é uma cepa10 aviária que, excepcionalmente, tem causado infecções11 em humanos e que mesmo que esta venha a adquirir condições biológicas para uma transmissão ampliada na população humana, poderá ter características que impliquem em ajustes na formulação de uma vacina4).
Influenza7
A influenza7 ou gripe3 é uma doença infecciosa aguda do sistema respiratório12, que pode ser provocada por um dos três tipos do vírus6 influenza7, denominados A, B ou C. Além dos seres humanos, este vírus6 também pode ser encontrado em outras espécies animais, tais como aves, porcos e eqüinos.
Os dois primeiros tipos, em particular o vírus6 influenza7 A, devido às pequenas mutações periódicas na estrutura do seu genoma, têm a capacidade de gerar novas cepas8 que vão produzir novos casos da doença na população. Este fenômeno é o que explica a ocorrência de surtos ou epidemias, em especial os idosos. Em 2005, o Brasil atingiu um dos maiores índices mundiais de vacinação, com 86% de cobertura vacinal nos maiores de 60 anos.
As mutações podem produzir uma cepa10 completamente nova, para a qual toda a população é suscetível, gerando condições para a ocorrência de uma epidemia em escala internacional, denominada pandemia2. Geralmente, este fenômeno acontece quando uma cepa10, que originalmente só infectava animais, como as aves, atravessa a barreira das espécies, passa a infectar diretamente os seres humanos e, posteriormente, adquire a capacidade de transmissão entre humanos.
No Século XX ocorreram quatro pandemias de influenza7: a Gripe3 Espanhola de 1918, com impacto importante na mortalidade13, a Gripe3 Asiática de 1957, a Gripe3 de Hong Kong de 1968 e a Gripe3 Russa de 1977. Essas três últimas tiveram um impacto maior na morbidade14 do que na mortalidade13, sendo a última considerada uma "pandemia2 benigna", pelo baixo impacto na saúde1 das populações.
Fonte: Ministério da Saúde1