Doença de Graves: uma revisão publicada pelo JAMA
A doença de Graves é a causa mais comum de hipertiroidismo persistente em adultos. Cerca de 3% das mulheres e 0,5% dos homens irão desenvolver a doença de Graves durante a sua vida.
Foi realizada uma revisão da literatura com dados publicados no PubMed e na base de dados Cochrane, com estudos na língua1 inglesa, publicados a partir de junho de 2000 a 5 de outubro de 2015. Treze estudos clínicos randomizados, cinco revisões sistemáticas e metanálises e 52 estudos observacionais foram incluídos nesta revisão.
Os pacientes com doença de Graves podem ser tratados com drogas antitireoidianas, iodo radioativo2 (RAI) ou cirurgia (tireoidectomia quase total). A melhor abordagem depende da preferência do paciente, da geografia e dos fatores clínicos. Um curso de drogas antitireoidianas de 12 a 18 meses pode levar a uma remissão em aproximadamente 50% dos pacientes, mas pode causar reações adversas potencialmente significativas (embora raras), incluindo agranulocitose3 e hepatotoxicidade4. As reações adversas ocorrem tipicamente dentro dos primeiros 90 dias de terapia.
O tratamento da doença de Graves com RAI e cirurgia pode resultar na destruição da glândula5 ou na sua remoção, necessitando de reposição de levotiroxina6 ao longo da vida. O uso de RAI também tem sido associado ao desenvolvimento ou agravamento de alterações oculares causadas pela tireoide7 em aproximadamente 15% a 20% dos pacientes.
A cirurgia é favorecida em pacientes com nódulos tireoidianos8 suspeitos ou malignos concomitantes, hiperparatiroidismo coexistente e em pacientes com grandes bócios ou doença ocular da tireoide7 moderada a grave que não pode ser tratada com drogas antitireoidianas. No entanto, a cirurgia está associada a complicações potenciais, como hipoparatireoidismo e paralisia9 das cordas vocais10 numa pequena proporção de pacientes.
Na gravidez11, drogas antitireoidianas são a terapia primária, mas algumas mulheres com doença de Graves optam por receber a terapia definitiva com RAI ou cirurgia antes de engravidar para evitar possíveis efeitos teratogênicos12 de drogas antitireoidianas durante a gravidez11.
Esta revisão conclui que a boa administração da doença de Graves inclui o tratamento com drogas antitireoidianas, RAI ou tireoidectomia. A melhor abordagem depende da preferência de cada paciente e das características clínicas de pacientes específicos, como idade, história de arritmia13 ou doença cardíaca isquêmica, tamanho do bócio14 e severidade da tireotoxicose.
Os médicos devem estar familiarizados com as vantagens e desvantagens de cada terapia para melhor aconselhar seus pacientes.
Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), de 15 de dezembro de 2015