Pé Diabético: cuidados simples para preveni-lo
O diabetes1 é uma doença que afeta cerca de 16 milhões de brasileiros. Dentre as suas complicações crônicas, que ocorrem mais rapidamente naquelas pessoas que não fazem um controle adequado de seus níveis de glicemia2 (açúcar3) no sangue4, está o popularmente conhecido pé diabético. Alguns cuidados simples podem prevenir tal condição e criar a possibilidade de se evitar as amputações de membros em 100% dos casos.
O mais importante para manter nossos passos seguros é saber que o bom controle do diabetes1 é essencial para a prevenção de suas complicações. As pessoas que têm diabetes1 durante 10 ou 20 anos começam a apresentar diminuição da circulação5 arterial e redução da sensibilidade dolorosa e térmica nos membros, a chamada neuropatia6 diabética. Taxas aumentadas de glicose7 no sangue4 por longo período de tempo podem causar esta neuropatia6, que é sentida como um formigamento, agulhadas, dor, dormência8, queimação ou fraqueza nos membros.
Diferente do que acontece com problemas circulatórios, que dão dores na batata da perna ou nas coxas9 quando as pessoas se movimentam e melhoram com o repouso, os sintomas10 da neuropatia6 são piores à noite, ao deitar.
Muitos diabéticos só se dão conta do que está acontecendo quando seus pés ou pernas já apresentam feridas ou, em um estágio mais avançado, infecções11 no local da ferida. Mas a prevenção é o meio mais eficaz de evitar estes problemas.
A observação e a higienização correta auxiliam na prevenção e diagnóstico12 precoce das lesões13. E alguns cuidados simples podem ser tomados para evitar estes problemas.
Examine seus pés diariamente
Para facilitar este exame dos pés, use um espelho ou peça ajuda de uma pessoa querida. Procure bolhas, feridas, ferimentos, calos, frieiras, cortes, rachaduras e alterações de coloração na pele14. Faça o exame sempre em um local bem iluminado, preferencialmente usando luz solar.
E em todas as consultas com seu médico, peça-o para examinar seus pés.
No banho
Mantenha seus pés limpos usando sabonete de glicerina e água morna. Nunca use água quente, pois a diminuição da sensibilidade térmica pode fazer com que você se queime. Teste a temperatura da água com o cotovelo e só depois coloque os seus pés nela.
Após o banho, seque bem os pés com uma toalha macia, sem esfregar, principalmente entre os dedos e ao redor das unhas15. Nunca use secador de cabelos, aquecedores, cobertores térmicos ou lâmpadas para secar os pés. Eles podem queimá-lo sem que você perceba.
Mantenha a pele14 hidratada, aplicando creme ou loção hidratante. Não aplique em cortes ou ferimentos ou entre os dedos para evitar umidade. O uso de talco não é necessário, mas se você tem o costume de fazê-lo, use em pouca quantidade.
Qual meia devo usar?
As meias sem costura e sem elástico são as melhores para pessoas diabéticas, pois evitam machucados. Prefira usar meias de lã no inverno e meias de algodão no verão. Evite as meias de nylon que dificultam a transpiração16 e perdem rapidamente a qualidade.
Cuidados com as unhas15
Lave e seque bem seus pés e unhas15 antes de cortá-las.
O ideal é cortá-las com intervalo máximo de 4 semanas e lixar uma vez por semana, utilizando um cortador de unhas15 adequado ou uma tessoura de ponta romba.
O corte deve ser quadrado, deixando ver uma pequena parte branca. Lixe os cantos para mantê-los arredondados. Não descole a unha da base com espátulas, nem corte os cantos arredondados para evitar que sua unha encrave.
Caso você já tenha unha encravada17, você precisa procurar um serviço especializado em tratamento dos pés ou um dermatologista para avaliar a necessidade de uma pequena cirurgia no local.
Só utilize os serviços de manicures e pedicures treinados e peça para que não tirem as cutículas18 e não corte os cantos. Informe sempre que é diabético.
Nunca corte calos ou calosidades, nem use calicidas ou abrasivos como lixas ou raladores. Procure um médico para tratar a causa do aparecimento de calosidades que podem ser devido ao uso de calçados inadequados, a presença de joanetes ou deformidades nos pés.
Caso suas unhas15 estejam muito grossas, com aspecto “esfarelado”, com alterações na cor ou descolando da base, procure um dermatologista pois você pode estar com micose19 e necessitar de um tratamento com mediações de uso oral por algumas semanas.
Cuidados gerais
Ao se expor ao sol, utilize protetores solares, inclusive nos pés para protegê-los de queimaduras. É comum acontecerem queimaduras nos pés na praia, ao pisar em areia quente. Fique atento a este detalhe.
Evite manter as pernas cruzadas, para facilitar a circulação5. Se você trabalha sentado, procure mexer os pés a cada 30 minutos.
Não use bolsas de água quente nos pés.
Evite andar descalço, mesmo dentro de casa.
Calçados. Quais os melhores?
O ideal são sapatos fechados, de couro macio, em numeração e altura adequadas e que sejam confortáveis. Os que têm piso anti-derrapante com solado rígido e seguro são uma boa opção, pois dão maior segurança para caminhar. Existem algumas lojas especializadas que oferecem calçados e palmilhas específicos para diabéticos.
Sempre que calçar um sapato, verifique o seu interior para não ferir os pés em pedras, pregos ou outros pequenos objetos. Examine os sapatos com atenção, procurando deformidades nas palmilhas ou costuras.
Evite usar sapatos sem meia
Guarde seus sapatos em ambiente arejado e lave-os sempre que necessário. Deixe secar bem antes de usá-los.
Para os exercícios físicos, você deve escolher um tênis confortável, com sistema de amortecimento de impactos. Reserve um tênis apenas para a prática de esportes.
Compre seus sapatos de preferência na parte da tarde e em dias de calor, quando seus pés vão estar mais inchados. Nunca use um sapato novo o dia inteiro. Comece usando meia hora no primeiro dia e vá aumentando 30 minutos a cada dia de uso até se adaptar ao novo calçado.
Abandone o uso de calçados que sejam desconfortáveis ou que causem bolhas ou ferimentos nos seus pés. Invista na prevenção de lesões13 nos pés, para evitar gastos com tratamentos futuros.
Para as mulheres, os saltos quadrados de no máximo 2 a 3 centímetros de altura e, se possível, no formato de mata-borrão. São os melhores. Evite saltos altos e bicos finos, que apertam os pés.
Sapatos de plástico ou de couro sintético aumentam a transpiração16 nos pés e devem ser evitados.
Chinelos de dedo ou tiras que deixam os pés desprotegidos e deformam com o uso não devem ser usados.
Cuidados com os ferimentos
Quem tem diabetes1 há vários anos precisa ter em mente que a perda de sensibilidade nos membros pode levar ao aparecimento de ferimentos sem que a pessoa perceba.
Em caso de ferimentos ou acidentes nos pés ou pernas, faça um tratamento imediato. Não espere para “ver se vai melhorar”. Este tempo perdido pode gerar complicações como infecções11 e dificuldade de cicatrização das feridas.
Os primeiros cuidados a serem tomados são: lave o local do ferimento com água limpa e sabão neutro, cubra com gaze estéril e enfaixe sem apertar. Em seguida, procure um médico.
Não use produtos com iodo ou corantes, não use band-aid ou fita adesiva diretamente na pele14.
Nunca trate os ferimentos sem orientação médica, nem tome ou aplique medicamentos ou qualquer outra sibstância por conta própria ou por orientação de amigos.
A presença de febre20, vermelhidão no local da ferida, inchaço21 ou pus22 nos pés ou pernas são sintomas10 preocupantes. Procure imediatamente o seu médico e não interrompa o tratamento de diabetes1!
Dois amigos dos seus pés
Não fumar e fazer um bom controle de seus níveis glicêmicos (açúcar3 no sangue4) são as duas principais armas para evitar o pé diabético.
Procure ter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos com regularidade, sempre com orientação do seu médico e de um nutricionista23. Isto posterga o início do uso de medicamentos para tratar o diabetes1 e em muitos casos evita o uso de insulina24 para controlar a doença. O exercício também melhora a circulação5 arterial.
Já está comprovado que o maior número de casos de amputações de pés e pernas ocorre nos diabéticos que fumam. Como ninguém quer aumentar os seus riscos, assuma com você mesmo o compromisso de parar de fumar. Tenha força de vontade e atinja este objetivo. Caso tenha dificuldades, procure ajuda especializada.
Artigos relacionados: