Atalho: 5TJ9JLH
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pé Diabético: cuidados simples para preveni-lo

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

O diabetes1 é uma doença que afeta cerca de 16 milhões de brasileiros. Dentre as suas complicações crônicas, que ocorrem mais rapidamente naquelas pessoas que não fazem um controle adequado de seus níveis de glicemia2 (açúcar3) no sangue4, está o popularmente conhecido pé diabético. Alguns cuidados simples podem prevenir tal condição e criar a possibilidade de se evitar as amputações de membros em 100% dos casos.

O mais importante para manter nossos passos seguros é saber que o bom controle do diabetes1 é essencial para a prevenção de suas complicações. As pessoas que têm diabetes1 durante 10 ou 20 anos começam a apresentar diminuição da circulação5 arterial e redução da sensibilidade dolorosa e térmica nos membros, a chamada neuropatia6 diabética. Taxas aumentadas de glicose7 no sangue4 por longo período de tempo podem causar esta neuropatia6, que é sentida como um formigamento, agulhadas, dor, dormência8, queimação ou fraqueza nos membros.

Diferente do que acontece com problemas circulatórios, que dão dores na batata da perna ou nas coxas9 quando as pessoas se movimentam e melhoram com o repouso, os sintomas10 da neuropatia6 são piores à noite, ao deitar.

Muitos diabéticos só se dão conta do que está acontecendo quando seus pés ou pernas já apresentam feridas ou, em um estágio mais avançado, infecções11 no local da ferida. Mas a prevenção é o meio mais eficaz de evitar estes problemas.

A observação e a higienização correta auxiliam na prevenção e diagnóstico12 precoce das lesões13. E alguns cuidados simples podem ser tomados para evitar estes problemas.

Examine seus pés diariamente

Para facilitar este exame dos pés, use um espelho ou peça ajuda de uma pessoa querida. Procure bolhas, feridas, ferimentos, calos, frieiras, cortes, rachaduras e alterações de coloração na pele14. Faça o exame sempre em um local bem iluminado, preferencialmente usando luz solar.
E em todas as consultas com seu médico, peça-o para examinar seus pés.

No banho

Mantenha seus pés limpos usando sabonete de glicerina e água morna. Nunca use água quente, pois a diminuição da sensibilidade térmica pode fazer com que você se queime. Teste a temperatura da água com o cotovelo e só depois coloque os seus pés nela.

Após o banho, seque bem os pés com uma toalha macia, sem esfregar, principalmente entre os dedos e ao redor das unhas15. Nunca use secador de cabelos, aquecedores, cobertores térmicos ou lâmpadas para secar os pés. Eles podem queimá-lo sem que você perceba.

Mantenha a pele14 hidratada, aplicando creme ou loção hidratante. Não aplique em cortes ou ferimentos ou entre os dedos para evitar umidade. O uso de talco não é necessário, mas se você tem o costume de fazê-lo, use em pouca quantidade.

Qual meia devo usar?

As meias sem costura e sem elástico são as melhores para pessoas diabéticas, pois evitam machucados. Prefira usar meias de lã no inverno e meias de algodão no verão. Evite as meias de nylon que dificultam a transpiração16 e perdem rapidamente a qualidade.

Cuidados com as unhas15

Lave e seque bem seus pés e unhas15 antes de cortá-las.

O ideal é cortá-las com intervalo máximo de 4 semanas e lixar uma vez por semana, utilizando um cortador de unhas15 adequado ou uma tessoura de ponta romba.

O corte deve ser quadrado, deixando ver uma pequena parte branca. Lixe os cantos para mantê-los arredondados. Não descole a unha da base com espátulas, nem corte os cantos arredondados para evitar que sua unha encrave.

Caso você já tenha unha encravada17, você precisa procurar um serviço especializado em tratamento dos pés ou um dermatologista para avaliar a necessidade de uma pequena cirurgia no local.

Só utilize os serviços de manicures e pedicures treinados e peça para que não tirem as cutículas18 e não corte os cantos. Informe sempre que é diabético.

Nunca corte calos ou calosidades, nem use calicidas ou abrasivos como lixas ou raladores. Procure um médico para tratar a causa do aparecimento de calosidades que podem ser devido ao uso de calçados inadequados, a presença de joanetes ou deformidades nos pés.

Caso suas unhas15 estejam muito grossas, com aspecto “esfarelado”, com alterações na cor ou descolando da base, procure um dermatologista pois você pode estar com micose19 e necessitar de um tratamento com mediações de uso oral por algumas semanas.

Cuidados gerais

Ao se expor ao sol, utilize protetores solares, inclusive nos pés para protegê-los de queimaduras. É comum acontecerem queimaduras nos pés na praia, ao pisar em areia quente. Fique atento a este detalhe.

Evite manter as pernas cruzadas, para facilitar a circulação5. Se você trabalha sentado, procure mexer os pés a cada 30 minutos.

Não use bolsas de água quente nos pés.

Evite andar descalço, mesmo dentro de casa.

Calçados. Quais os melhores?


O ideal são sapatos fechados, de couro macio, em numeração e altura adequadas e que sejam confortáveis. Os que têm piso anti-derrapante com solado rígido e seguro são uma boa opção, pois dão maior segurança para caminhar. Existem algumas lojas especializadas que oferecem calçados e palmilhas específicos para diabéticos.

Sempre que calçar um sapato, verifique o seu interior para não ferir os pés em pedras, pregos ou outros pequenos objetos.  Examine os sapatos com atenção, procurando deformidades nas palmilhas ou costuras.

Evite usar sapatos sem meia

Guarde seus sapatos em ambiente arejado e lave-os sempre que necessário. Deixe secar bem antes de usá-los.

Para os exercícios físicos, você deve escolher um tênis confortável, com sistema de amortecimento de impactos. Reserve um tênis apenas para a prática de esportes.

Compre seus sapatos de preferência na parte da tarde e em dias de calor, quando seus pés vão estar mais inchados. Nunca use um sapato novo o dia inteiro. Comece usando meia hora no primeiro dia e vá aumentando 30 minutos a cada dia de uso até se adaptar ao novo calçado.

Abandone o uso de calçados que sejam desconfortáveis ou que causem bolhas ou ferimentos nos seus pés. Invista na prevenção de lesões13 nos pés, para evitar gastos com tratamentos futuros.

Para as mulheres, os saltos quadrados de no máximo 2 a 3 centímetros de altura e, se possível, no formato de mata-borrão. São os melhores. Evite saltos altos e bicos finos, que apertam os pés.

Sapatos de plástico ou de couro sintético aumentam a transpiração16 nos pés e devem ser evitados.

Chinelos de dedo ou tiras que deixam os pés desprotegidos e deformam com o uso não devem ser usados.

Cuidados com os ferimentos


Quem tem diabetes1 há vários anos precisa ter em mente que a perda de sensibilidade nos membros pode levar ao aparecimento de ferimentos sem que a pessoa perceba.

Em caso de ferimentos ou acidentes nos pés ou pernas, faça um tratamento imediato. Não espere para “ver se vai melhorar”. Este tempo perdido pode gerar complicações como infecções11 e dificuldade de cicatrização das feridas.

Os primeiros cuidados a serem tomados são: lave o local do ferimento com água limpa e sabão neutro, cubra com gaze estéril e enfaixe sem apertar. Em seguida, procure um médico.

Não use produtos com iodo ou corantes, não use band-aid ou fita adesiva diretamente na pele14.

Nunca trate os ferimentos sem orientação médica, nem tome ou aplique medicamentos ou qualquer outra sibstância por conta própria ou por orientação de amigos.

A presença de febre20, vermelhidão no local da ferida, inchaço21 ou pus22 nos pés ou pernas são sintomas10 preocupantes. Procure imediatamente o seu médico e não interrompa o tratamento de diabetes1!

Dois amigos dos seus pés

Não fumar e fazer um bom controle de seus níveis glicêmicos (açúcar3 no sangue4) são as duas principais armas para evitar o pé diabético.

Procure ter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos com regularidade, sempre com orientação do seu médico e de um nutricionista23. Isto posterga o início do uso de medicamentos para tratar o diabetes1 e em muitos casos evita o uso de insulina24 para controlar a doença. O exercício também melhora a circulação5 arterial.

Já está comprovado que o maior número de casos de amputações de pés e pernas ocorre nos diabéticos que fumam. Como ninguém quer aumentar os seus riscos, assuma com você mesmo o compromisso de parar de fumar. Tenha força de vontade e atinja este objetivo. Caso tenha dificuldades, procure ajuda especializada.

Artigos relacionados:

Eu tenho Diabetes1. E agora ?

14 de novembro - Dia Mundial do Diabetes1: confira dicioná¡rio gratuito em pdf para educação de seu paciente

Apoio ao paciente: no Dia Mundial do Combate ao Diabetes1, baixe gratuitamente um livro de culinária criativa com pratos para as festas de final de ano para toda a famí­lia

NEWS.MED.BR, 2006. Pé Diabético: cuidados simples para preveni-lo. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/para-pacientes/10445/pe-diabetico-cuidados-simples-para-preveni-lo.htm>. Acesso em: 7 nov. 2024.

Complementos

1 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
2 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
3 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
6 Neuropatia: Doença do sistema nervoso. As três principais formas de neuropatia em pessoas diabéticas são a neuropatia periférica, neuropatia autonômica e mononeuropatia. A forma mais comum é a neuropatia periférica, que afeta principalmente pernas e pés.
7 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
8 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
9 Coxas: É a região situada abaixo da virilha e acima do joelho, onde está localizado o maior osso do corpo humano, o fêmur.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
12 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
13 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
14 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
15 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
16 Transpiração: 1. Ato ou efeito de transpirar. 2. Em fisiologia, é a eliminação do suor pelas glândulas sudoríparas da pele; sudação. Ou o fluido segregado pelas glândulas sudoríparas; suor. 3. Em botânica, é a perda de água por evaporação que ocorre na superfície de uma planta, principalmente através dos estômatos, mas também pelas lenticelas e, diretamente, pelas células epidérmicas.
17 Unha encravada: Inflamação dolorosa da pele que recobre a porção lateral dos dedos do pé, produzida pela inserção da unha na profundidade do tecido mole que a rodeia. Deve ser tratada exclusivamente por médicos.
18 Cutículas: 1. Na anatomia geral, é uma pequena porção de pele enrijecida, como a que está presente no contorno das unhas; pele da unha, pelinha. 2. Na anatomia botânica, é a camada de material graxo, cutina, mais ou menos impermeável, presente na parede externa das células epidérmicas das partes aéreas das plantas. 3. Na anatomia zoológica, é a camada externa, não celular, que recobre o corpo dos artrópodes.
19 Micose: Infecção produzida por fungos. Pode ser superficial, quando afeta apenas pele, mucosas e seus anexos, ou profunda, quando acomete órgãos profundos como pulmões, intestinos, etc.
20 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
21 Inchaço: Inchação, edema.
22 Pus: Secreção amarelada, freqüentemente mal cheirosa, produzida como conseqüência de uma infecção bacteriana e formada por leucócitos em processo de degeneração, plasma, bactérias, proteínas, etc.
23 Nutricionista: Especialista em nutricionismo, ou seja, especialista no estudo das necessidades alimentares dos seres humanos e animais, e dos problemas relativos à nutrição.
24 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
Gostou do artigo? Compartilhe!