Anvisa aprova medicamento injetável, inclisiran, capaz de reduzir colesterol LDL em 52%
Novo medicamento injetável aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), inclisiran, controla o colesterol1 ruim (LDL2), um dos principais fatores de risco por trás de eventos cardíacos.
A inclisirana sódica (Sybrava), da Novartis, é especialmente indicada a pacientes adultos com hipercolesterolemia3 primária ou dislipidemia mista (condições que causam níveis elevados de gorduras, incluindo colesterol1, no sangue4).
Estudos anteriores para eficácia e segurança da fórmula apontaram que com duas aplicações por ano é possível reduzir em média 52% dos níveis do LDL2.
Saiba mais sobre "Dislipidemia", "Como reduzir os níveis de LDL2" e "Aterosclerose5".
A grande vantagem do novo medicamento é facilitar a adesão aos tratamentos contra problemas de colesterol1, uma vez que são necessárias apenas 3 injeções no primeiro ano de uso e, a partir de então, apenas duas injeções por ano, uma a cada 6 meses. Isso é muito menos que as injeções atuais, chamadas anticorpos6 monoclonais, que são aplicadas mensalmente ou a cada 15 dias. O Sybrava também se mostrou capaz de diminuir os casos de infarto do miocárdio7, AVC e derrames.
Isso é significativo pois o uso das estatinas, que são medicamentos de baixo custo comumente usados para reduzir o colesterol1, não tem se mostrado eficaz para reduzir os infartos. Para pessoas com problemas cardíacos, é recomendada uma grande diminuição do colesterol1, em torno de 50% do valor original, algo difícil de alcançar com as estatinas.
Por isso, o foco inicial da nova terapia será para pessoas que já tiveram infarto8, derrame9, já operaram o coração10, botaram pontes de safena e que persistem com valores inadequados do LDL colesterol11, além daquelas com problemas genéticos de colesterol1, caso no qual é extremamente difícil manter o colesterol1 em níveis adequados.
O medicamento utiliza um mecanismo de interferência por RNA que reduz a produção da proteína hepática12 PCSK9. Em estudo publicado na revista The Lancet Diabetes13 & Endocrinology, pesquisadores relataram a eficácia e segurança a longo prazo do inclisiran em pacientes com alto risco cardiovascular e colesterol1 LDL2 elevado.
Eles contextualizam que não se sabe se o tratamento a longo prazo com inclisiran, uma terapêutica14 com pequeno RNA de interferência (siRNA) semestral, que reduz a produção hepática12 de proproteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9), resulta em reduções sustentadas no colesterol1 LDL2 com um perfil de segurança aceitável.
O objetivo do estudo, portanto, foi avaliar o efeito da dosagem de longo prazo de inclisiran em pacientes com alto risco cardiovascular e colesterol1 LDL2 elevado.
O ORION-3 foi um estudo de extensão aberto de 4 anos do estudo de fase 2 controlado por placebo15 ORION-1, conduzido em 52 locais em cinco países. Pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica prevalente ou prevenção primária de alto risco e colesterol1 LDL2 elevado, apesar das estatinas máximas toleradas ou outros tratamentos para redução do LDL2, ou com intolerância documentada às estatinas, que concluíram o estudo ORION-1, eram elegíveis.
Os pacientes que receberam inclisiran no ORION-1 receberam 300 mg de inclisiran sódico duas vezes ao ano por via subcutânea16 durante o ORION-3 (braço somente com inclisiran), enquanto os pacientes que receberam placebo15 no ORION-1 receberam primeiro evolocumabe subcutâneo17 140 mg a cada 2 semanas até o dia 360, passando posteriormente para inclisiran duas vezes por ano durante o restante do estudo ORION-3 (braço de troca).
O desfecho primário de eficácia foi a alteração percentual no colesterol1 LDL2 com inclisiran desde o início do ORION-1 até o dia 210 da fase de extensão aberta no braço somente com inclisiran (aproximadamente 570 dias de exposição total ao inclisiran na população modificada com intenção de tratar). Os desfechos secundários e exploratórios incluíram alterações nos níveis de concentração de colesterol1 LDL2-C e PCSK9 até o dia 1440 (4 anos) em cada braço e segurança.
Da coorte18 original de 497 pacientes do ORION-1, 290 de 370 pacientes alocados para o medicamento continuaram no braço somente de inclisiran e 92 de 127 pacientes alocados para placebo15 entraram no braço de troca no estudo de extensão ORION-3 conduzido entre 24 de março de 2017 e 17 de dezembro de 2021.
No braço apenas com inclisiran, o colesterol1 LDL2 foi reduzido em 47,5% (IC 95%: 50,7-44,3) no dia 210 e mantido por 1440 dias. A redução média de 4 anos do colesterol1 LDL2 foi de 44,2% (IC 95%: 47,1-41,4), com reduções na PCSK9 variando de 62,2% a 77,8%.
Eventos adversos no local da injeção19 foram relatados em 39 (14%) de 284 pacientes no braço de inclisiran apenas e 12 (14%) de 87 pacientes no braço de troca. A incidência20 de eventos adversos graves emergentes do tratamento possivelmente relacionados ao medicamento do estudo foi de 1% (três de 284) no braço de inclisiran apenas e de 1% (um de 87) no braço de troca.
O estudo concluiu que o inclisiran duas vezes por ano proporcionou reduções sustentadas nas concentrações de colesterol1 LDL2 e PCSK9 e foi bem tolerado durante 4 anos no estudo de extensão. Este foi o primeiro estudo prospectivo21 de longo prazo para avaliar a exposição hepática12 repetida ao inclisiran.
Leia sobre "Entendendo o colesterol1 do organismo", "Doenças cardiovasculares22" e "Estatinas: prós e contras".
Fontes:
The Lancet Diabetes13 & Endocrinology, Vol. 11, Nº 2, em fevereiro de 2023.
Jornal da USP, notícia publicada em 19 de julho de 2023.
Conselho Federal de Farmácia, notícia publicada em 07 de julho de 2023.