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FDA concede aprovação acelerada para um novo medicamento destinado ao tratamento do Alzheimer, chamado Aduhelm (aducanumabe)

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A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou em 07 de junho o aducanumabe (Aduhelm), um medicamento que visa retardar o declínio clínico em pacientes com doença de Alzheimer1, apesar das preocupações com a falta de evidências.

O tratamento – que custa US$ 56.000 (£ 40.000; € 46.000) por ano por paciente – foi aprovado através do processo de aprovação acelerada. Isso é usado quando há incertezas sobre a eficácia do medicamento, mas acredita-se que pode fornecer “benefício terapêutico significativo sobre os tratamentos existentes” para doenças graves ou fatais.

Como parte desta aprovação, o fabricante deve conduzir estudos pós-aprovação – conhecidos como ensaios confirmatórios de fase IV – para “verificar o benefício clínico previsto.” Se esses testes não verificarem o benefício previsto, a FDA pode retirar o medicamento do mercado.

Em uma atualização, divulgada em 08 de julho, a FDA especificou que o medicamento deve ser iniciado apenas em pacientes com comprometimento cognitivo2 leve devido à doença de Alzheimer1 ou estágio de demência3 leve da doença de Alzheimer1. Anteriormente, A FDA não havia especificado quais pacientes eram elegíveis para o tratamento com aducanumabe. A atualização inclui um acréscimo à seção de "Indicações e Uso" da bula, para enfatizar os estágios da doença estudados nos ensaios clínicos4, e afirma que não há dados de segurança ou eficácia sobre o início do tratamento em estágios anteriores ou posteriores da doença do que os estudados.

O medicamento é o primeiro novo tratamento para Alzheimer5 em 18 anos e o primeiro a atacar o processo da doença. Mas alguns especialistas dizem que não há evidências suficientes para tratar os sintomas6 cognitivos7.

A droga é uma infusão intravenosa mensal destinada a retardar o declínio cognitivo2 em pessoas com problemas leves de memória e pensamento.

O comitê consultivo da FDA, junto com um grupo de especialistas independente e vários especialistas proeminentes – incluindo alguns médicos de Alzheimer5 que trabalharam nos testes clínicos com aducanumabe – disse que as evidências levantaram dúvidas significativas sobre se a droga é eficaz. Eles também disseram que, mesmo que pudesse retardar o declínio cognitivo2 em alguns pacientes, o benefício sugerido pelas evidências seria tão pequeno que não superaria o risco de edema8 ou hemorragia9 no cérebro10 que a droga causou nos testes.

Leia sobre "Mal de Alzheimer5", "Quando a perda de memória não é normal" e "Conhecendo melhor as doenças degenerativas11".

“Os dados incluídos na apresentação do requerente eram altamente complexos e deixaram incertezas residuais em relação ao benefício clínico”, escreveu a diretora do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA, Dra. Patrizia Cavazzoni, no site da agência.

Mas, disse ela, a agência decidiu aprovar o medicamento por meio de um programa denominado aprovação acelerada, que visa “fornecer acesso antecipado a terapias potencialmente valiosas para pacientes12 com doenças graves, onde há uma necessidade não atendida e onde há uma expectativa de benefício clínico, apesar de alguma incerteza residual em relação a esse benefício.”

Os pesquisadores avaliaram a eficácia de Aduhelm em três estudos separados, representando um total de 3.482 pacientes. Os estudos consistiram em estudos duplo-cegos, randomizados e controlados por placebo13 de variação de dose em pacientes com doença de Alzheimer1. Os pacientes que receberam o tratamento tiveram redução significativa da placa14 beta amiloide, dependente da dose e do tempo, enquanto os pacientes no braço de controle dos estudos não tiveram redução da placa14 beta amiloide.

Esses resultados apoiam a aprovação acelerada do Aduhelm, que se baseia no desfecho substituto da redução da placa14 beta amiloide no cérebro10 – uma marca registrada da doença de Alzheimer1. A placa14 beta amiloide foi quantificada usando imagens de tomografia por emissão de pósitrons (PET) para estimar os níveis cerebrais da placa14 beta amiloide em um composto de regiões do cérebro10 que se espera ser amplamente afetado pela patologia15 da doença de Alzheimer1 em comparação com uma região do cérebro10 que se espera ser poupada de tal patologia15.

As informações de prescrição do Aduhelm incluem um aviso para anormalidades de imagem relacionadas à amiloide (ARIA), que mais comumente se apresentam como um inchaço16 temporário em áreas do cérebro10 que geralmente desaparece com o tempo e não causa sintomas6, embora algumas pessoas possam ter sintomas6 como dor de cabeça17, confusão, tontura18, alterações na visão19 ou náusea20. Outro aviso para o Aduhelm é para o risco de reações de hipersensibilidade, incluindo angioedema21 e urticária22. Os efeitos colaterais23 mais comuns de Aduhelm foram ARIA, dor de cabeça17, queda, diarreia24 e confusão / delírio25 / estado mental alterado / desorientação.

Uma coisa em que os críticos e os defensores da aprovação concordam é que a droga reduz substancialmente os níveis de amiloide. Ainda assim, reduzir a amiloide não é a mesma coisa que desacelerar os sintomas6 da demência3. Ao longo de mais de duas décadas de ensaios clínicos4, muitos medicamentos redutores de amiloide não conseguiram tratar os sintomas6, uma história que, dizem alguns especialistas, tornou especialmente importante que os dados do aducanumabe sejam convincentes.

Saiba mais sobre "Distúrbio neurocognitivo" e "Confusão mental".

“Embora os dados do Aduhelm sejam complicados com relação aos seus benefícios clínicos, a FDA determinou que há evidências substanciais de que o Aduhelm reduz as placas26 de beta amiloide no cérebro10 e que a redução nessas placas26 é razoavelmente provável de prever benefícios importantes para os pacientes”, Dra. Patrizia Cavazzoni, da FDA, escreveu no site da agência.

O ponto crucial da controvérsia sobre a droga envolveu dois estudos de Fase 3 com resultados que se contradiziam: um sugeriu que a droga diminuiu ligeiramente o declínio cognitivo2, enquanto o outro estudo não mostrou nenhum benefício. Os ensaios foram interrompidos precocemente por um comitê de monitoramento de dados que descobriu que a droga não parecia estar mostrando qualquer benefício. Consequentemente, mais de um terço dos participantes nesses testes nunca foram capazes de concluí-los.

Mais tarde, a Biogen, empresa desenvolvedora do medicamento, disse que havia analisado dados adicionais e concluído que em um dos testes uma dose alta poderia atrasar o declínio cognitivo2 em 22 por cento ou cerca de quatro meses em 18 meses. Na medição primária do ensaio, a dose alta pareceu diminuir lentamente em 0,39 em uma escala de 18 pontos de avaliação de memória, habilidades de resolução de problemas e função. Uma dose mais baixa naquele estudo e doses altas e baixas no outro não mostraram benefícios estatisticamente significativos em relação ao placebo13.

O Dr. Stephen Salloway, que recebeu honorários de pesquisa e consultoria da Biogen, mas não foi pago por ser o investigador principal em um local de estudo do aducanumabe, disse que embora entendesse as preocupações sobre os dados, “a totalidade das evidências favorece a aprovação, e a aprovação da FDA abrirá a porta para uma nova era de tratamentos para a doença de Alzheimer1, sobre a qual podemos construir.”

Veja também sobre "Amiloidose27", "Como melhorar a sua memória" e "Principais transtornos mentais".

 

Fontes:
U.S. Food and Drug Administration, publicação em 07 de junho de 2021.
The New York Times, notícia publicada em 07 de junho de 2021.
The BMJ, notícia publicada em 08 de junho de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. FDA concede aprovação acelerada para um novo medicamento destinado ao tratamento do Alzheimer, chamado Aduhelm (aducanumabe). Disponível em: <https://www.news.med.br/p/novos-medicamentos/1395365/fda-concede-aprovacao-acelerada-para-um-novo-medicamento-destinado-ao-tratamento-do-alzheimer-chamado-aduhelm-aducanumabe.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.

Complementos

1 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
2 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
3 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
4 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
5 Alzheimer: Doença degenerativa crônica que produz uma deterioração insidiosa e progressiva das funções intelectuais superiores. É uma das causas mais freqüentes de demência. Geralmente começa a partir dos 50 anos de idade e tem incidência similar entre homens e mulheres.
6 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
7 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
8 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
9 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
10 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
11 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
12 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
13 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
14 Placa: 1. Lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
15 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
16 Inchaço: Inchação, edema.
17 Cabeça:
18 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
19 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
20 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
21 Angioedema: Caracteriza-se por áreas circunscritas de edema indolor e não-pruriginoso decorrente de aumento da permeabilidade vascular. Os locais mais acometidos são a cabeça e o pescoço, incluindo os lábios, assoalho da boca, língua e laringe, mas o edema pode acometer qualquer parte do corpo. Nos casos mais avançados, o angioedema pode causar obstrução das vias aéreas. A complicação mais grave é o inchaço na garganta (edema de glote).
22 Urticária: Reação alérgica manifestada na pele como elevações pruriginosas, acompanhadas de vermelhidão da mesma. Pode afetar uma parte ou a totalidade da pele. Em geral é autolimitada e cede em pouco tempo, podendo apresentar períodos de melhora e piora ao longo de vários dias.
23 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
24 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
25 Delírio: Delirio é uma crença sem evidência, acompanhada de uma excepcional convicção irrefutável pelo argumento lógico. Ele se dá com plena lucidez de consciência e não há fatores orgânicos.
26 Placas: 1. Lesões achatadas, semelhantes à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
27 Amiloidose: Amiloidose constitui um grupo de doenças nas quais certas proteínas, que normalmente seriam solúveis, se depositam extracelularmente nos tecidos na forma de fibrilas insolúveis.
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