Uso de antidepressivos no final da gravidez e risco de hipertensão pulmonar persistente no recém-nascido (HPPRN): estudo publicado pelo JAMA
A associação entre o uso de antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) durante a gravidez1 e o risco de hipertensão2 pulmonar persistente do recém-nascido (HPPRN) tem sido controversa desde que a Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, emitiu um alerta público em 2006.
Para examinar o risco de HPPRN associada à exposição a diferentes classes de medicamentos antidepressivos no final da gravidez1, foi realizado um estudo de coorte3, de 2000 a 2010, com dados obtidos do Medicaid Analytic eXtract, em 46 estados americanos e em Washington (DC). A última data do acompanhamento foi em 31 de dezembro de 2010.
De um total de 3.789.330 mulheres grávidas matriculadas no Medicaid, de dois meses ou um pouco depois da data da última menstruação4 até pelo menos um mês após o parto, a coorte5 de origem ficou restrita a mulheres com diagnóstico6 de depressão e análise de regressão logística com ajuste de escore de propensão aplicado para controlar possíveis fatores de confusão. A observação no estudo foi o uso de monoterapia com antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) e não-ISRS durante 90 dias antes do parto ou nenhum uso dessas medicações. Os principais resultados e medidas foram o diagnóstico6 de HPPRN durante os 30 primeiros dias depois do parto.
Um total de 128.950 mulheres (3,4%) tinha, pelo menos, uma prescrição de antidepressivos no final da gravidez1: 102.179 (2,7%) utilizaram um ISRS e 26.771 (0,7%) usaram um não-ISRS. No geral, 7.630 bebês7 não expostos a antidepressivos foram diagnosticados com HPPRN (20,8; IC 95% 20,4-21,3 por 10.000 nascimentos), em comparação com 322 bebês7 expostos a ISRSs (31,5; IC 95% 28,3-35,2 por 10.000 nascimentos) e 78 crianças expostas a não-ISRS (29,1; IC 95% 23,3-36,4 por 10.000 nascimentos). As associações entre o uso de antidepressivos e HPPRN foram atenuados com o aumento dos níveis de ajuste de fatores de confusão. Para ISRSs, odds ratio foi 1,51 (IC 95%, 1,35-1,69) não ajustado e 1,10 (IC 95%, 0,94-1,29) após ajustes. Para não-ISRSs, odds ratio foi 1,40 (IC 95% 1,12-1,75) e 1,02 (IC 95% 0,77-1,35), respectivamente. Após a restrição do resultado para HPPRN primária, o odds ratio ajustado para ISRSs foi de 1,28 (IC 95% 1,01-1,64) e para não-ISRSs foi de 1,14 (IC 95% 0,74-1,74).
As evidências deste grande estudo com grávidas podem ser consistentes com um aumento do risco potencial de HPPRN associado ao uso materno de ISRS no final da gravidez1. No entanto, o risco absoluto foi pequeno e o aumento do risco parece ser mais modesto do que o sugerido em estudos prévios.
Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), volume 313, número 21, de 2 de junho de 2015