JAMA: resultados na idade escolar de prematuros extremos que receberam tratamento pré-natal com sulfato de magnésio versus placebo
O uso de sulfato de magnésio em grávidas em situação de risco iminente de parto muito prematuro diminui o risco de paralisia1 cerebral na infância, embora seus efeitos nas crianças na idade escolar não tenham sido relatados em estudos randomizados.
Com o objetivo de determinar a associação entre a exposição pré-natal ao sulfato de magnésio e os resultados neurológicos, cognitivos2, acadêmicos e comportamentais em crianças na idade escolar foi realizado um ensaio clínico publicado pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA).
O ensaio clínico randomizado3, que recebeu o nome de ACTOMgSO4, foi conduzido em 16 centros, na Austrália e Nova Zelândia, comparando a administração de sulfato de magnésio ou placebo4 a grávidas (n=535 magnésio, n=527 placebo4) para as quais o parto foi planejado ou esperado de acontecer antes da 30ª semana de gestação. As crianças que sobreviveram a partir de 14 centros que participaram do seguimento na idade escolar (n=443 magnésio, n=424 placebo4) foram convidadas para uma avaliação, com 6 a 11 anos de idade, entre 2005 e 2011.
Os principais resultados e medidas foram mortalidade5, paralisia1 cerebral, função motora, QI6, habilidades acadêmicas básicas, atenção e funções de execução, comportamento, crescimento e resultados funcionais. Nas principais análises foram imputados os dados em falta.
Dos 1.255 fetos conhecidos por estarem vivos na randomização, a taxa de mortalidade5 para a idade escolar foi de 14% (88/629) no grupo de sulfato de magnésio e 18% (110/626) no grupo placebo4 (p=0,08). Dos 867 sobreviventes disponíveis para acompanhamento, os resultados na idade escolar (6 a 11 anos de idade corrigida) foram determinados para 669 (77%). Comparando os grupos que receberam sulfato de magnésio e placebo4, não houve diferença estatisticamente significativa na proporção de crianças com paralisia1 cerebral (23/295 [8%] e 21/314 [7%], respectivamente; p=0,27) ou função motora anormal (80/297 [27%] e 80/300 [27%], respectivamente; p=0,28). Também houve pouca diferença entre os grupos em relação aos resultados cognitivos2, comportamentais, funcionais ou no crescimento.
Concluiu-se que a administração de sulfato de magnésio a grávidas em situação de risco iminente de parto antes da 30ª semana de gestação não foi associada a doenças neurológicas, cognitivas, comportamentais, alterações de crescimento ou resultados funcionais em seus filhos em idade escolar, embora a vantagem em relação à mortalidade5 não possa ser excluída. A falta de benefícios em longo prazo requer confirmação com estudos adicionais.
Fonte: JAMA, volume 312, número 11, de 17 de setembro de 2014