The Lancet Neurology: diferenças entre os níveis de pressão arterial após derrames hemorrágicos e isquêmicos
O estudo Oxford Vascular1 Study (OXVASC), de base populacional, publicado pelo The Lancet Neurology, comparou níveis de pressão arterial2 após acidentes vasculares3 cerebrais (AVC) em relação aos níveis pré-mórbidos em pacientes com derrames intracerebrais hemorrágicos4 ou com acidentes vasculares3 cerebrais isquêmicos (AVCi).
Muitas vezes, supõe-se que a pressão arterial2 aumenta de forma aguda após um grave acidente vascular cerebral5, resultando na chamada hipertensão6 pós-AVC. Diante das evidências de que os riscos e benefícios do tratamento para baixar a pressão arterial2 no AVC agudo7 podem ser diferentes entre os pacientes com grave acidente vascular cerebral5 isquêmico8 e aqueles com hemorragia9 intracerebral primária, os pesquisadores compararam os níveis de pressão arterial2 na fase aguda e os níveis pré-mórbidos nessas duas situações.
No estudo realizado em Oxfordshire, Reino Unido, foram recrutados todos os pacientes com acidente vascular cerebral5 entre 1° de Abril de 2002 e 31 de março de 2012. Os pesquisadores compararam todas as leituras de pressão arterial2 pós-evento na fase aguda com leituras pré-mórbidas de 10 anos de registros de atenção primária em todos os pacientes com derrame10 isquêmico8 agudo7 (National Institutes of Health Stroke Scale>3) versus aqueles com hemorragia9 intracerebral aguda.
Dos 653 pacientes elegíveis, as leituras de pressão sanguínea de fase aguda e pré-mórbidas estavam disponíveis para 636 (97%) indivíduos. Os valores de pressão arterial2 pré-mórbida (leituras totais 13.244) foram medidos em uma média de 17 ocasiões separadas por paciente.
Em pacientes com acidente vascular cerebral5 isquêmico8 (AVCi):
- A primeira pressão arterial sistólica11 (PAS) de fase aguda foi muito mais baixa do que após a hemorragia9 intracerebral (158.5 mmHg vs 189,8 mmHg, p<0,0001; para os pacientes que não estavam em tratamento anti-hipertensivo 159,2 mmHg vs 193,4 mmHg, p<0,0001).
- A PAS também foi um pouco superior aos níveis pré-mórbidos (aumento de 10,6 mmHg vs média em 10 anos nos níveis pré-mórbidos).
- Além disso, ela diminuiu apenas ligeiramente durante as primeiras 24 horas (redução média de 13,6 mmHg em menos de 90 minutos a 24 horas).
Em contraste com os achados em pacientes com AVCi, naqueles pacientes com AVC hemorrágico12:
- A primeira média de pressão arterial sistólica11 (PAS) após hemorragia9 intracerebral foi substancialmente mais alta do que os níveis pré-mórbidos (aumento médio de 40,7 mmHg, p<0,0001).
- A PAS caiu substancialmente nas primeiras 24 horas (redução média de 41,1 mmHg; p=0,0007 para a diferença de diminuição do AVCi).
- A média da pressão arterial sistólica11 também aumentou acentuadamente nos dias e semanas anteriores à hemorragia9 intracerebral (regressão p<0,0001), mas não antes do AVCi.
Consequentemente, a primeira leitura da pressão arterial2 na fase aguda após hemorragia9 intracerebral primária era mais provável que após o AVCi de ser a mais alta já registrada (p<0,0001). Em pacientes com hemorragia9 intracerebral vistos dentro de 90 minutos do início do quadro, a maior pressão arterial sistólica11 dentro de 3 horas do início do evento foi de 50 mmHg mais elevada, em média, do que o nível máximo pré-mórbido, enquanto que depois de acidente vascular cerebral5 isquêmico8 foi 5,2 mmHg mais baixa (p<0,0001).
Os resultados sugerem que a pressão arterial sistólica11 é substancialmente mais elevada em comparação com os níveis pré-mórbidos habituais após uma hemorragia9 intracerebral (AVC hemorrágico12). Enquanto que na fase aguda após AVC isquêmico8, a pressão arterial sistólica11 é muito mais próxima dos níveis pré-mórbidos, proporcionando uma possível explicação dos motivos pelos quais os riscos e os benefícios da redução aguda da pressão arterial2 após um AVC podem diferir nesses pacientes.
Fonte: The Lancet Neurology, Volume 13, Issue 4, Pages 374 - 384, April 2014