Insulinoterapia intensiva de curto prazo no diabetes mellitus tipo 2 pode melhorar a fisiopatologia da doença: uma revisão sistemática e meta-análise publicada pelo The Lancet
Estudos têm demonstrado que, quando implementado no início do curso do diabetes mellitus1 tipo 2, o tratamento intensivo com a terapia insulínica por 2 ou 3 semanas pode induzir a remissão glicêmica, em que os pacientes são capazes de manter normoglicemia, sem qualquer medicação anti-diabética. Foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise de estudos com este tipo de intervenção para avaliar o efeito de curto prazo da terapia insulínica intensiva sobre as alterações fisiopatológicas subjacentes à diabetes mellitus1 tipo 2 (disfunção pancreática das células2-β e resistência à insulina3) e identificação clínica dos preditores de remissão.
Para isso identificou-se estudos, publicados entre 1950 e 19 de novembro de 2012, que avaliaram o efeito desta terapia. A remissão livre de medicações para controlar a glicemia4 foi acompanhada em adultos com 18 anos ou mais, com diagnóstico5 recente de diabetes mellitus1 tipo 2.
Os pesquisadores identificaram 1.645 estudos dos quais sete cumpriram os critérios de inclusão (n=839 participantes). Cinco estudos foram não-randomizados. Nos quatro estudos que avaliaram a remissão glicêmica (n=559 participantes), a proporção de participantes livres de drogas foi de cerca de 66,2% (292 de 441 pacientes) após 3 meses de seguimento, cerca de 58,9% (222 de 377 pacientes) após 6 meses, cerca de 46,3% (229 de 495 pacientes) depois de 12 meses e cerca de 42,1% (53 de 126 pacientes) após 24 meses. Pacientes que obtiveram remissão apresentaram maior índice de massa corporal6 do que aqueles que não atingiram a remissão (1,06 kg/m², 95% de IC) e glicose7 plasmática em jejum inferior (-0,59 mmol/L8, 95% de IC) na linha de base.
As interpretações dos resultados mostraram que a terapia insulínica intensiva de curto prazo pode melhorar a fisiopatologia9 subjacente quando usada precocemente em pacientes com diabetes mellitus1 tipo 2 e, portanto, pode fornecer uma estratégia de tratamento para modificar a história natural do diabetes10.
Fonte: The Lancet, publicação online de 30 de janeiro de 2013