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BMJ: aspirina e antioxidantes não previnem eventos cardíacos ou derrame em diabéticos

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Pesquisa realizada em hospitais escoceses e publicada na revista científica British Medical Journal sugere que a aspirina e os antioxidantes não são eficientes na prevenção primária de eventos cardíacos ou derrame1 em pacientes diabéticos.

O estudo contradiz as recomendações de que pessoas com diabetes2 sem sintomas3 prévios de doenças cardiovasculares4 deveriam consumir aspirina rotineiramente para se proteger dos riscos de eventos cardíacos e derrame1.

Pessoas que já tiveram ataques cardíacos ou foram diagnosticadas com doenças coronarianas podem reduzir futuras complicações em até 25% com o uso de aspirina. Este uso deve ser criteriosamente avaliado por um médico, já que existem restrições ao uso desta medicação em pessoas com hipersensibilidade aos salicilatos e/ou anti-inflamatórios não esteróides, pacientes com risco de hemorragia5, antecedentes de úlcera péptica6, gastrite7 e hepatopatia grave e aqueles em tratamento prolongado com anticoagulantes8 ou antiplaquetários.

O estudo multicêntrico, randomizado9, duplo-cego foi realizado em 16 hospitais escoceses. Participaram 1276 adultos com idade igual ou maior a 40 anos, com diabetes mellitus10 tipo 1 ou tipo 2 e sem sintomas3 prévios de doença cardiovascular. Os participantes foram divididos em quatro grupos que receberam: um comprimido de 100 mg de aspirina e cápsula de antioxidante (n=320), um comprimido de 100 mg de aspirina e cápsula de placebo11 (n=318), um comprimido de placebo11 e cápsula de antioxidante (n=320) ou um comprimido de placebo11 e cápsula de placebo11 (n=318).

Não foram observadas interações entre a aspirina e o antioxidante. Não houve diferença na incidência12 de ataques cardíacos ou derrames entre os que tomaram aspirina, antioxidante ou placebo11.

Este estudo mostrou que não há evidências que indiquem o uso de aspirina ou antioxidantes como prevenção primária de eventos cardiovasculares e mortalidade13 na população de diabéticos estudada.

Fonte: British Medical Journal

NEWS.MED.BR, 2008. BMJ: aspirina e antioxidantes não previnem eventos cardíacos ou derrame em diabéticos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/25065/bmj-aspirina-e-antioxidantes-nao-previnem-eventos-cardiacos-ou-derrame-em-diabeticos.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
5 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
6 Úlcera péptica: Lesão na mucosa do esôfago, estômago ou duodeno. Também chamada de úlcera gástrica ou duodenal. Pode ser provocada por excesso de ácido clorídrico produzido pelo próprio estômago ou por medicamentos como antiinflamatórios ou aspirina. É uma doença infecciosa, causada pela bactéria Helicobacter pylori em quase 100% dos casos. Os principais sintomas são: dor, má digestão, enjôo, queimação (azia), sensação de estômago vazio.
7 Gastrite: Inflamação aguda ou crônica da mucosa do estômago. Manifesta-se por dor na região superior do abdome, acidez, ardor, náuseas, vômitos, etc. Pode ser produzida por infecções, consumo de medicamentos (aspirina), estresse, etc.
8 Anticoagulantes: Substâncias ou medicamentos que evitam a coagulação, especialmente do sangue.
9 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
10 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
11 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
12 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
13 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
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