Gostou do artigo? Compartilhe!

Pesquisa aponta gene específico que pode estar relacionado à alta incidência de cardiopatias congênitas na síndrome de Down

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Uma busca pelos genes responsáveis pela alta incidência1 de defeitos cardíacos em crianças com síndrome de Down2 lançou luz sobre processos de desenvolvimento potencialmente afetados. A pesquisa foi publicada na revista Nature.

A síndrome de Down2, também conhecida como trissomia do cromossomo3 21, está associada a uma ampla gama de características, incluindo uma alta incidência1 de cardiopatias congênitas4 (CCs) – quase metade dos bebês5 com a condição nasce com uma cardiopatia.

A síndrome6 é causada pela herança de uma cópia extra, total ou parcial, do cromossomo3 humano 21 (HSA21), resultando em três cópias dos genes HSA21, em vez das duas normais. Esse aumento modesto de 50% na dosagem gênica é suficiente para causar a síndrome de Down2, mas identificar os genes específicos, ou combinações de genes, que estão na base das características individuais tem sido um desafio, limitando a capacidade dos cientistas de desenvolver terapias.

No novo artigo, os pesquisadores relatam um feito experimental notável que potencialmente relaciona o aumento da dosagem do gene da proteína 1 de ligação ao nucleossomo do grupo de alta mobilidade (HMGN1) com a alta incidência1 de cardiopatia congênita7 na síndrome de Down2.

Saiba mais sobre "Síndrome de Down2" e "Cardiopatias congênitas4".

Confira o resumo do artigo.

Reprogramação miocárdica por HMGN1 está na origem dos defeitos cardíacos na trissomia 21

As cardiopatias congênitas4 (CCs) são as anomalias de desenvolvimento mais comuns, afetando cerca de 1% dos nascidos vivos. A aneuploidia8 causa cerca de 15% das CCs, sendo a trissomia 21 (também conhecida como síndrome de Down2) a forma mais frequente.

As CCs ocorrem em cerca de 50% dos casos de síndrome de Down2, com um enriquecimento de aproximadamente 1.000 vezes nos defeitos do septo atrioventricular (DSAV), que interrompem a junção entre os átrios e os ventrículos. O SAV contém células9 miocárdicas únicas que são essenciais para o desenvolvimento valvuloseptal; no entanto, a combinação específica de genes sensíveis à dosagem no cromossomo3 21 responsáveis pelas CCs associados à síndrome de Down2 permanece desconhecida.

Neste estudo, usando células-tronco10 pluripotentes humanas e modelos de camundongos com síndrome de Down2, identificou-se o HMGN1, um regulador epigenético de ligação ao nucleossomo codificado no cromossomo3 21, como um contribuinte chave para esses defeitos.

A transcriptômica de célula11 única demonstrou que a trissomia do cromossomo3 21 direciona os cardiomiócitos do SAV humano para um estado de cardiomiócito ventricular. Uma triagem de sequenciamento de gotículas de RNA de célula11 única por ativação CRISPR (CROP-seq) de genes do cromossomo3 21 expressos durante o desenvolvimento cardíaco revelou que a superexpressão do gene HMGN1 mimetiza essa mudança, enquanto a deleção de um alelo12 do HMGN1 em células9 trissômicas restaurou a expressão gênica normal.

Em um modelo murino de trissomia do cromossomo3 21, uma mudança transcricional semelhante nos cardiomiócitos do SAV foi restaurada por uma redução na dosagem de Hmgn1, levando à correção dos defeitos valvuloseptais.

Essas descobertas identificam o HMGN1 como um modulador sensível à dosagem do desenvolvimento do SAV e da septação cardíaca na síndrome de Down2.

Este estudo oferece um paradigma para dissecar a patogênese13 associada à aneuploidia8 usando sistemas isogênicos para mapear genes causais em síndromes genéticas complexas.

Leia sobre "Genética - conceitos básicos", "Cariótipo fetal - quando fazer" e "Mutações cromossômicas".

 

Fontes:
Nature, publicação em 22 de outubro de 2025.
Nature, notícia publicada em 22 de outubro de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Pesquisa aponta gene específico que pode estar relacionado à alta incidência de cardiopatias congênitas na síndrome de Down. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1497135/pesquisa-aponta-gene-especifico-que-pode-estar-relacionado-a-alta-incidencia-de-cardiopatias-congenitas-na-sindrome-de-down.htm>. Acesso em: 13 nov. 2025.

Complementos

1 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
2 Síndrome de Down: Distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 a mais, por isso é também conhecida como ”trissomia do 21”. Os portadores desta condição podem apresentar atraso cognitivo, alterações físicas, como prega palmar transversa (uma única prega na palma da mão, em vez de duas), pregas nas pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa.
3 Cromossomo: Cromossomos (Kroma=cor, soma=corpo) são filamentos espiralados de cromatina, existente no suco nuclear de todas as células, composto por DNA e proteínas, sendo observável à microscopia de luz durante a divisão celular.
4 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
5 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
6 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
7 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
8 Aneuploidia: Aneuplóide é a celula que teve o seu material genético alterado, sendo portadora de um número cromossômico diferente do normal da espécie. Podendo ter uma diminuição ou um aumento do número de pares de cromossomos, porém não de todos. As mais comuns são: trissomia (três cromossomos ao invés de dois) ou monossomia (um cromossomo ao invés de dois).
9 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
10 Células-tronco: São células primárias encontradas em todos os organismos multicelulares que retêm a habilidade de se renovar por meio da divisão celular mitótica e podem se diferenciar em uma vasta gama de tipos de células especializadas.
11 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
12 Alelo: 1. Que ocupa os mesmos loci (locais) nos cromossomos (diz-se de gene). 2. Em genética, é cada uma das formas que um gene pode apresentar e que determina características diferentes.
13 Patogênese: Modo de origem ou de evolução de qualquer processo mórbido; nosogenia, patogênese, patogenesia.

Resultados de busca relacionada no catalogo.med.br:

Moise Dalva

Cardiologia Pediátrica

São Paulo/SP

Você pode marcar online Ver horários disponíveis

Vanessa Alves Guimarães Borges

Cardiologia Pediátrica

São Paulo/SP

Você pode marcar online Ver horários disponíveis

Luiz Claudio Maluhy Fernandes

Cardiologia Pediátrica

Rio de Janeiro/RJ

Você pode marcar online Ver horários disponíveis
Gostou do artigo? Compartilhe!