Privar tumores cerebrais de um aminoácido pode potencializar a quimioterapia
O glioblastoma, um câncer1 cerebral altamente letal, frequentemente rouba nutrientes do ambiente para auxiliar seu crescimento agressivo, um hábito que, segundo cientistas, abre caminhos para o tratamento, podendo ser explorado para retardar a propagação do câncer1.
Em um estudo em camundongos, publicado na revista Nature, foi demonstrado que esse tipo de tumor2 cerebral depende do aminoácido serina como fonte de energia. Uma dieta deficiente em serina demonstrou retardar o crescimento tumoral nos camundongos.
O glioblastoma é o câncer1 cerebral adulto mais agressivo e letal, com uma taxa de sobrevida3 em cinco anos inferior a 5%. O único tratamento que foi aprovado no século passado é uma combinação de remoção cirúrgica do tumor2 (ressecção) e quimioterapia4 com radioterapia5 (quimiorradioterapia).
No novo estudo, pesquisadores investigam o metabolismo6 do glioblastoma, rastreando o destino dos carbonos derivados da glicose7 no tumor2 e no tecido8 cerebral saudável circundante. Eles descobriram que o glioblastoma desvia o carbono para vias de invasão e crescimento tumoral e captura o aminoácido serina como uma fonte alternativa de carbono.
Essa vulnerabilidade metabólica específica do câncer1 pode ser explorada para ‘matar o câncer1 de fome’ e aumentar a eficácia da quimiorradioterapia.
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No artigo publicado, os pesquisadores explicam como a reconfiguração do metabolismo6 da glicose7 cortical alimenta o crescimento do câncer1 cerebral humano.
Eles contextualizam que o cérebro9 consome avidamente glicose7 para alimentar a neurofisiologia. Cânceres cerebrais, como o glioblastoma, abrem mão10 da integridade fisiológica11 e adquirem a capacidade de proliferar e invadir tecidos saudáveis. Ainda não está claro como os cânceres cerebrais reconfiguram o uso da glicose7 para impulsionar o crescimento agressivo.
Neste estudo, infundiu-se glicose7 marcada com o isótopo12 de carbono ¹³C em pacientes e camundongos com câncer1 cerebral, em conjunto com a análise quantitativa do fluxo metabólico, para mapear os destinos do carbono derivado da glicose7 no tumor2 versus córtex.
Por meio de medições diretas e abrangentes da marcação de carbono e nitrogênio em tecidos do córtex e do glioma, identificou-se profundas transformações metabólicas.
No córtex humano, os carbonos da glicose7 alimentam processos fisiológicos essenciais, incluindo a oxidação do ciclo do ácido tricarboxílico e a síntese de neurotransmissores. Por outro lado, os gliomas regulam negativamente esses processos e recuperam fontes alternativas de carbono, como aminoácidos, do ambiente, reaproveitando os carbonos derivados da glicose7 para gerar moléculas necessárias para a proliferação e invasão.
O direcionamento dessa reconfiguração metabólica em camundongos por meio da modulação de aminoácidos na dieta altera seletivamente o metabolismo6 do glioblastoma, retarda o crescimento tumoral e aumenta a eficácia dos tratamentos padrão.
Essas descobertas esclarecem como tumores cerebrais agressivos exploram a glicose7 para suprimir a atividade fisiológica11 normal em favor da expansão maligna e oferecem estratégias terapêuticas potenciais para aprimorar os resultados do tratamento.
Fontes:
Nature, publicação em 03 de setembro de 2025.
Nature, notícia publicada 03 de setembro de 2025.