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Crianças com epilepsia e apneia do sono apresentam maiores riscos cardíacos

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Para crianças com epilepsia1, também ter apneia2 do sono aumentou significativamente o risco de parada cardíaca súbita 5 a 10 anos depois. O uso prolongado de terapia com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) foi associado a um risco aumentado de parada cardíaca súbita e arritmias3, enquanto a adenoamigdalectomia foi associada à redução do risco. Os achados foram publicados na revista Pediatrics.

No artigo, os pesquisadores relatam que pacientes pediátricos com epilepsia1 apresentam risco de parada cardíaca súbita (PCS), e a apneia2 do sono (AS) pode exacerbar esse risco. O estudo investigou a incidência4 e o risco de PCS e disritmia cardíaca em pacientes pediátricos com epilepsia1 e AS.

Os pesquisadores utilizaram dados da rede global de pesquisa TriNetX, abrangendo mais de 18 países. Os dados foram extraídos de um período de 25 anos, iniciado em 2000, identificando pacientes pediátricos (com menos de 18 anos) diagnosticados com epilepsia1. A apneia2 do sono foi identificada por meio de códigos diagnósticos e registros de polissonografia5.

Dos pacientes pediátricos com epilepsia1, 10.120 apresentavam apneia2 do sono e 165.789, não. Duas coortes, ou seja, pacientes com epilepsia1 com e sem AS, foram pareadas por meio de escores de propensão para controlar fatores de confusão (n = 8.679 cada).

A incidência4 anual de parada cardíaca súbita de 2012 a 2023 foi calculada, e os riscos de parada cardíaca súbita e quaisquer arritmias3 foram avaliados ao longo de períodos de acompanhamento de 5 e 10 anos.

Leia sobre "Apneia2 do sono", "Apneia2 do sono em bebê", "Parada cardiorrespiratória" e "Epilepsias".

Crianças com epilepsia1 e apneia2 do sono apresentaram uma incidência4 média significativamente maior de parada cardíaca súbita, de 50,5 por 10.000 pessoas-ano, entre 2012 e 2023, em comparação com aquelas com apenas epilepsia1 ou apenas apneia2 do sono (20,0 e 9,0 por 10.000 pessoas-ano, respectivamente).

O risco de parada cardíaca súbita em crianças com epilepsia1 e apneia2 do sono foi aumentado em 5 anos (razão de risco [HR], 1,99; P <0,001) e permaneceu elevado em 10 anos (HR, 1,74; P <0,001). A epilepsia1 refratária aumentou o risco de PCS (razão de chance [OR]: 1,74; IC 95%: 1,25-2,42).

O risco de quaisquer arritmias3 cardíacas também foi elevado em pacientes com ambas as condições (HR, 2,06; P <0,001 para os períodos de 5 e 10 anos), e aqueles com taquicardia6 ventricular apresentaram o maior risco em 10 anos (HR, 1,88; P <0,001).

Além disso, a terapia com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) de longo prazo foi associada a um risco aumentado de PCS (OR: 3,41; IC 95%: 2,27-5,11), enquanto a adenotonsilectomia reduziu o risco (OR: 0,40; IC 95%: 0,27-0,60). Achados semelhantes foram observados para quaisquer arritmias3 cardíacas.

O estudo concluiu que pacientes pediátricos com epilepsia1 e AS apresentam risco significativamente aumentado de PCS e disritmia cardíaca. A adenotonsilectomia pode mitigar7 esse risco, enquanto o uso prolongado de CPAP pode aumentá-lo.

Esses achados destacam a importância de estratégias de tratamento individualizadas em pacientes pediátricos com epilepsia1 e apneia2 do sono comórbida para reduzir o risco de parada cardíaca súbita.

 

Fonte: Pediatrics, Vol. 156, N° 3, em setembro de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Crianças com epilepsia e apneia do sono apresentam maiores riscos cardíacos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1493965/criancas-com-epilepsia-e-apneia-do-sono-apresentam-maiores-riscos-cardiacos.htm>. Acesso em: 8 set. 2025.

Complementos

1 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
2 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
3 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
4 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
5 Polissonografia: Exame utilizado na avaliação de algumas das causas de insônia.
6 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
7 Mitigar: Tornar mais brando, mais suave, menos intenso (geralmente referindo-se à dor ou ao sofrimento); aliviar, suavizar, aplacar.

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