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Cientistas desenvolveram uma insulina "inteligente" que ajusta sua atividade em resposta a níveis baixos de glicose no sangue

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O diabetes mellitus1 aflige mais de meio bilhão de pessoas em todo o mundo e causa quase sete milhões de mortes por ano. A doença é caracterizada por uma alta concentração de glicose2 no sangue3, devido à produção insuficiente ou respostas prejudicadas ao hormônio4 insulina5.

A injeção6 de insulina5 sintética reduz a glicose2 no sangue3, mas exercícios ou pular refeições podem levar à hipoglicemia7 (baixa glicose2 no sangue3), que é uma complicação muito temida por pessoas com diabetes8, porque pode levar à perda de consciência, coma9 ou morte.

Para evitar essa situação, tentativas de produzir uma insulina5 controlada pela glicose2 foram iniciadas há 45 anos e muitas estratégias foram usadas desde então, mas sem sucesso.

Leia sobre "O papel da insulina5 no corpo" e "Como usar insulina5".

Agora, em um artigo publicado na revista Nature, pesquisadores descrevem a engenharia de uma insulina5 regulada pela glicose2 que pode alterar sua própria atividade em resposta à concentração de glicose2.

A nova forma de insulina5 pode ligar e desligar automaticamente dependendo dos níveis de glicose2 no sangue3. Em animais, essa insulina5 ‘inteligente’ reduziu automaticamente as altas concentrações de açúcar10 no sangue3 de forma eficaz, ao mesmo tempo em que evitou que os níveis caíssem muito.

Essa insulina5 responsiva à glicose2, portanto, poderia evitar que pessoas com diabetes8 experimentem níveis perigosamente baixos de glicose2 no sangue3.

Confira a seguir o resumo do artigo publicado.

Insulina5 sensível à glicose2 com atenuação da hipoglicemia7

O risco de induzir hipoglicemia7 (baixa glicemia11) constitui o principal desafio associado à terapia com insulina5 para diabetes8. As doses de insulina5 devem ser ajustadas para garantir que os valores de glicemia11 estejam dentro da faixa normal, mas combinar as doses de insulina5 com os níveis flutuantes de glicose2 é difícil porque mesmo uma dose de insulina5 ligeiramente maior do que a necessária pode levar a uma incidência12 hipoglicêmica, que pode ser qualquer coisa, desde desconfortável até fatal.

Portanto, tem sido um objetivo de longa data projetar uma insulina5 sensível à glicose2 que possa autoajustar sua bioatividade de forma reversível de acordo com os níveis de glicose2 do ambiente para, finalmente, atingir melhor controle glicêmico enquanto reduz o risco de hipoglicemia7.

Neste estudo, relata-se o design e as propriedades do NNC2215, um conjugado de insulina5 com bioatividade que é reversivelmente responsiva a uma faixa de glicose2 relevante para diabetes8, conforme demonstrado in vitro e in vivo.

O NNC2215 foi projetado conjugando um macrociclo de ligação à glicose2 e um glicosídeo à insulina5, introduzindo assim um interruptor que pode abrir e fechar em resposta à glicose2 e, assim, equilibrar a insulina5 entre conformações ativas e menos ativas.

A afinidade do receptor de insulina5 para o NNC2215 aumentou 3,2 vezes quando a concentração de glicose2 foi aumentada de 3 para 20 mM. Em estudos com animais, a bioatividade sensível à glicose2 do NNC2215 demonstrou levar à proteção contra a hipoglicemia7, ao mesmo tempo em que cobria parcialmente as excursões da glicose2.

Veja também sobre "Como reconhecer e evitar a hipoglicemia7" e "Comportamento da glicose2 no sangue3".

 

Fontes:
Nature, publicação em 16 de outubro de 2024.
Nature, notícia publicada em 16 de outubro de 2024.

 

NEWS.MED.BR, 2024. Cientistas desenvolveram uma insulina "inteligente" que ajusta sua atividade em resposta a níveis baixos de glicose no sangue. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1479940/cientistas-desenvolveram-uma-insulina-quot-inteligente-quot-que-ajusta-sua-atividade-em-resposta-a-niveis-baixos-de-glicose-no-sangue.htm>. Acesso em: 24 dez. 2024.

Complementos

1 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
2 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
5 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
6 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
7 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
8 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
9 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
10 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
11 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
12 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
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