Um peptídeo natural, PEPITEM, pode ajudar a combater a obesidade e o diabetes
Os peptídeos são versões menores de proteínas1 que têm uma variedade de propósitos, como o potencial de reduzir os sinais2 de envelhecimento, aliviar a inflamação3 ou promover o crescimento muscular.
Em 2015, os pesquisadores descobriram um tipo de peptídeo chamado PEPITEM e reconheceram sua função na via adiponectina-PEPITEM, que regula o início e a gravidade de condições inflamatórias autoimunes4 ou crônicas.
Agora, novas pesquisas em modelos animais revelam que esse peptídeo tem o potencial de oferecer uma solução inovadora para muitas doenças.
De acordo com o estudo, publicado no Clinical and Experimental Immunology, o peptídeo pode diminuir as chances de desenvolver diabetes tipo 25 e outras condições associadas à obesidade6, como doença hepática7 gordurosa.
A obesidade6 leva a mudanças significativas no metabolismo8 do tecido adiposo9 (gordura10), prejudica o pâncreas11, prejudica a sensibilidade à insulina12 e, eventualmente, causa hiperglicemia13 (alto nível de açúcar14 no sangue15), que é a base do diabetes tipo 25.
Além disso, desencadeia uma reação inflamatória de baixo grau em todo o corpo, que promove a infiltração de glóbulos brancos em vários tecidos, incluindo depósitos de gordura10 localizados profundamente no corpo que envolvem órgãos, como fígado16 e intestino – chamado tecido adiposo9 visceral – e a cavidade peritoneal17, uma delicada membrana que envolve o intestino.
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O novo estudo indica que a via adiponectina-PEPITEM fornece uma ligação entre a obesidade6, a resposta inflamatória de baixo grau que a acompanha e as modificações no pâncreas11 que ocorrem antes do início do diabetes18.
Usando um modelo de obesidade6 em camundongos, os pesquisadores administraram o peptídeo PEPITEM usando uma bomba de liberação lenta, para ver se ele poderia prevenir ou talvez até mesmo reverter os impactos de uma dieta rica em gordura10 no pâncreas11.
Os pesquisadores descobriram que a administração de PEPITEM a camundongos que seguiam uma dieta rica em gordura10 resultou em uma redução significativa no aumento das células19 produtoras de insulina12 no pâncreas11 e no número de glóbulos brancos no tecido adiposo9 visceral e na cavidade peritoneal17, quando comparado ao grupo de controle.
Os cientistas também investigaram se o PEPITEM poderia reverter as mudanças causadas pela obesidade6 ao administrar uma dieta rica em gordura10 aos animais antes de tratá-los com o PEPITEM.
A pesquisadora principal, Dra. Helen McGettrick, do Instituto de Inflamação3 e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, explicou as principais descobertas.
“Usando um modelo animal de obesidade6, mostramos que um pequeno peptídeo chamado PEPITEM pode limitar o número de células19 imunes que entram em uma variedade de tecidos em todo o corpo e também reduz o tamanho das células19 produtoras de insulina12 no pâncreas”, disse ela.
“O movimento das células19 imunes nos tecidos é uma importante resposta protetora contra infecções20 e danos nos tecidos. No entanto, a migração descontrolada de células19 imunes sustenta o dano tecidual em várias doenças crônicas, incluindo obesidade6, diabetes tipo 25 e doenças cardiovasculares21. No diabetes tipo 25, as células19 produtoras de insulina12 do pâncreas11 aumentam de tamanho e número à medida que são danificadas”, afirmou a pesquisadora.
“Esses dados pré-clínicos sugerem que o PEPITEM pode oferecer uma nova terapia capaz de interromper o aparecimento do diabetes tipo 25 em indivíduos obesos”, acrescentou a Dra. McGettrick.
A Dra. McGettrick observou que “em pessoas magras, os tecidos adiposos trabalham em estreita colaboração com os hormônios do corpo para manter os tecidos em um estado anti-inflamatório saudável. Na obesidade6, isso é perdido e a gordura10 assume uma personalidade diferente que leva à inflamação3 por todo o corpo”.
Por esse motivo, explicou ela, as pessoas com obesidade6 têm “um risco maior de desenvolver outras doenças, como diabetes tipo 25, aterosclerose22 e doença hepática7 gordurosa”.
“Há uma necessidade urgente de encontrar novos medicamentos para pessoas em risco de desenvolver essas doenças, enquanto elas se esforçam para reduzir seu peso por meio de dieta e exercícios”, disse a Dra. McGettrick.
Segundo ela, “o PEPITEM pode ser a resposta, oferecendo um novo tipo de medicamento que pode interromper o aparecimento e a progressão das condições relacionadas à obesidade”.
No artigo, os pesquisadores relatam como o PEPITEM modula o tráfego de leucócitos23 para reduzir a inflamação3 induzida pela obesidade6.
Eles contextualizam que a desregulação do tráfego de leucócitos23, metabolismo8 lipídico e outros processos metabólicos são as características que sustentam e impulsionam a patologia24 na obesidade6.
O manejo clínico atual visa a alternância nas escolhas de estilo de vida (por exemplo, exercícios, perda de peso) para limitar o impacto da doença. Crucialmente, recuperar o controle sobre os processos celulares e moleculares patogênicos pode oferecer uma estratégia alternativa e complementar para pacientes25 obesos.
Neste estudo, investigou-se o impacto do imunopeptídeo PEPITEM na homeostase do pâncreas11 e tráfego de leucócitos23 em camundongos em dieta obesogênica de alta alimentação (DOAA).
O tratamento profilático e terapêutico com PEPITEM aliviou os efeitos da DOAA no pâncreas11, reduzindo o tamanho das células beta pancreáticas26. Além disso, o tratamento com PEPITEM também limitou o tráfego de células19 T (células19 T CD4+ e células19 T CD3+ KLRG1+) para o tecido adiposo9 visceral obeso, mas não subcutâneo27. Da mesma forma, o tratamento com PEPITEM reduziu o número de macrófagos28 na cavidade peritoneal17 de camundongos em DOAA em 6 e 12 semanas.
Por outro lado, a terapia com PEPITEM aumentou o número de células19 T e B nos tecidos linfoides29 secundários (por exemplo, baço30 e linfonodo31 inguinal) quando comparado aos controles em DOAA não tratados.
Coletivamente, os dados destacam o potencial do PEPITEM como uma nova terapia para combater a inflamação3 sistêmica de baixo grau experimentada na obesidade6 e minimizar o impacto da obesidade6 na homeostase pancreática.
Assim, é oferecida uma estratégia alternativa para reduzir o risco de desenvolver comorbidades32 relacionadas à obesidade6, como diabetes mellitus33 tipo 2, em indivíduos de alto risco e lutando para controlar seu peso por meio de modificações no estilo de vida.
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Fontes:
Clinical and Experimental Immunology, publicação em 09 de março de 2023.
Medical News Today, notícia publicada em 13 de março de 2023.