Bactérias intestinais podem influenciar a motivação para se exercitar
A motivação para o exercício pode vir do intestino, além do cérebro1. Um estudo em camundongos descobriu que certas bactérias intestinais podem aumentar a liberação de dopamina2 durante a atividade física, o que ajuda a impulsionar a motivação.
Embora a maioria de nós saiba que o exercício traz muitos benefícios, o quanto as pessoas se exercitam varia muito. No novo estudo, publicado na revista Nature, pesquisadores buscaram identificar fatores fisiológicos que pudessem explicar essa variação.
O estudo mostrou que camundongos com bactérias intestinais depletadas gastam cerca de metade do tempo correndo voluntariamente em uma roda do que aqueles com microbiomas intactos. Além do mais, eles reduziram os níveis de dopamina2 em seus cérebros durante a atividade física, sugerindo que acharam o exercício menos gratificante.
Leia sobre "As relações entre intestino e cérebro1", "Microbioma3 intestinal humano" e "Atividade física".
No artigo, os pesquisadores descrevem como uma via intestino-cérebro1 dependente do microbioma3 regula a motivação para o exercício.
Eles contextualizam que o exercício exerce uma ampla gama de efeitos benéficos para a fisiologia4 saudável. No entanto, os mecanismos que regulam a motivação de um indivíduo para praticar atividade física permanecem incompletos.
Um fator importante que estimula o envolvimento em exercícios competitivos e recreativos é o prazer motivador derivado da atividade física prolongada, que é desencadeado por alterações neuroquímicas induzidas pelo exercício no cérebro1.
Neste estudo, relata-se a descoberta de uma conexão intestino-cérebro1 em camundongos que melhora o desempenho no exercício aumentando a sinalização de dopamina2 durante a atividade física.
Descobriu-se que a produção dependente de microbioma3 de metabólitos5 endocanabinoides no intestino estimula a atividade dos neurônios6 sensoriais que expressam TRPV1 e, assim, eleva os níveis de dopamina2 no corpo estriado ventral durante o exercício.
A estimulação dessa via melhora o desempenho na corrida, enquanto a depleção7 do microbioma3, a inibição dos receptores endocanabinoides periféricos, a ablação8 de neurônios6 aferentes espinhais ou o bloqueio da dopamina2 anulam a capacidade de exercício.
Essas descobertas indicam que as propriedades recompensadoras do exercício são influenciadas por circuitos interoceptivos9 derivados do intestino e fornecem uma explicação dependente do microbioma3 para a variabilidade interindividual no desempenho no exercício.
O estudo também sugere que as moléculas interoceptomiméticas que estimulam a transmissão de sinais10 derivados do intestino para o cérebro1 podem aumentar a motivação para o exercício.
Veja também sobre "Bactérias do bem" e "Neurotransmissores - quais são e como agem".
Fontes:
Nature, publicação em 14 de dezembro de 2022.
New Scientist, notícia publicada em 14 de dezembro de 2022.