Análise de movimento de vídeo de smartphone pode detectar artérias estreitas do pescoço que podem levar a um acidente vascular cerebral
Vídeos gravados utilizando smartphone podem oferecer uma opção de triagem não invasiva para AVC, de acordo com um estudo publicado no Journal of the American Heart Association.
A análise de movimento de vídeo gravado em um smartphone detectou com precisão artérias1 estreitadas no pescoço2, que são um fator de risco3 para acidente vascular cerebral4.
Depósitos de gordura5 (placa6) podem se acumular nas artérias1, fazendo com que elas se estreitem (estenose7). Artérias1 estreitadas na artéria8 carótida (no pescoço2) podem causar um acidente vascular cerebral4 isquêmico9, que ocorre quando um vaso que fornece sangue10 ao cérebro11 é obstruído por um coágulo12. Quase 87% de todos os acidentes vasculares13 cerebrais são isquêmicos.
Leia sobre "Aterosclerose14", "Obstrução da carótida" e "Acidente Vascular Cerebral4".
“Entre 2% e 5% dos acidentes vasculares13 cerebrais a cada ano ocorrem em pessoas sem sintomas15, portanto, é necessária uma detecção melhor e mais precoce do risco de acidente vascular16 cerebral”, disse o principal autor do estudo Hsien-Li Kao, MD, cardiologista17 intervencionista18 do National Taiwan University Hospital em Taipei, Taiwan.
“Este foi um momento ‘eureka’ emocionante para nós”, disse Kao. “Os métodos de diagnóstico19 existentes – ultrassonografia20, tomografia computadorizada21 e ressonância magnética22 – exigem triagem com equipamentos e pessoal especializado em imagens médicas. A análise de vídeo gravado em um smartphone é não invasiva e fácil de realizar, portanto, pode oferecer uma oportunidade para aumentar a triagem. Embora sejam necessárias mais pesquisas e desenvolvimentos, as gravações e a análise de movimento podem ser implementadas remotamente, ou um aplicativo para download pode até ser viável”.
No artigo, os pesquisadores contextualizam que a estenose7 da artéria8 carótida (EAC) é uma causa comum de acidente vascular cerebral4 isquêmico9, e a detecção precoce da EAC pode melhorar os resultados dos pacientes. A ultrassonografia20 com Doppler de carótidas23 é comumente usada para diagnosticar EAC. No entanto, é cara e pode não ser prática para a triagem regular de rotina.
As artérias1 do pescoço2 estão logo abaixo da superfície da pele24 e as mudanças na velocidade e no padrão do fluxo sanguíneo através delas são refletidas no movimento da pele24 sobrejacente, explicou Kao. No entanto, essas diferenças são muito sutis para serem detectadas a olho25 nu.
Este estudo, realizado entre 2016 e 2019, usou ampliação de movimento e análise de pixels para detectar as mudanças mínimas nas características do pulso na superfície da pele24 capturadas em uma gravação de vídeo feita com smartphone.
O artigo apresenta, portanto, uma nova técnica de detecção não invasiva e sem contato usando análise de movimento baseada em vídeo (AMV) para extrair informações úteis de pulsos sutis na superfície da pele24 para rastrear EAC.
Foram inscritos prospectivamente 202 pacientes com dados prévios de ultrassonografia20 com Doppler de carótidas23. Um videoclipe curto de 30 segundos do pescoço2 foi feito usando um dispositivo móvel comercial e analisado por AMV com quantificação matemática da amplitude das mudanças de movimento da pele24 de maneira cega.
Os primeiros 40 sujeitos foram usados para configurar o protocolo de AMV e definir os valores de corte, e os 162 sujeitos seguintes foram usados para validação.
No geral, 54% dos 202 indivíduos tiveram EAC confirmada por ultrassonografia20. Usando a análise da curva característica de operação do receptor, a área sob a curva dos valores de discrepância derivados da AMV para diferenciar pacientes com e sem EAC foi excelente (área sob a curva, 0,914 [IC 95%, 0,874-0,954]; P <0,01).
O melhor valor de corte dos valores de discrepância derivados da AMV para triagem de EAC foi de 5,1, com sensibilidade de 87% e especificidade de 87%. A precisão diagnóstica foi consistentemente alta em diferentes subgrupos de sujeitos.
O estudo concluiu que uma técnica de triagem simples e precisa para rastrear rapidamente estenose7 da artéria8 carótida usando um sistema de análise de movimento baseada em vídeo é viável, com sensibilidade e especificidade aceitáveis.
Veja também sobre "Doenças das artérias1" e "Doppler: como é este exame".
Fontes:
Journal of the American Heart Association, publicação em 17 de agosto de 2022.
American Heart Association Newsroom, notícia publicada em 17 de agosto de 2022.