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Limitar o uso recreativo de mídias em tela aumenta a atividade física habitual em crianças

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Crianças e adultos passam grande parte de seu tempo de lazer usando mídias em tela, o que pode afetar sua saúde1 e comportamento.

O objetivo deste estudo, publicado no JAMA Pediatrics, foi investigar o efeito da redução do uso recreativo doméstico de mídias em tela na atividade física e no sono em crianças e adultos.

Leia: "Manual de orientação sobre uso de telas da Sociedade Brasileira de Pediatria".

Este foi um ensaio clínico randomizado2 em cluster com 2 semanas de acompanhamento. As inscrições começaram em 6 de junho de 2019 e terminaram em 30 de março de 2021. O estudo incluiu uma amostra populacional de 10 municípios dinamarqueses. Um total de 89 famílias (181 crianças e 164 adultos) foi recrutado com base em uma pesquisa populacional sobre hábitos de mídias em tela em famílias com crianças.

Para ser elegível, o pai/mãe respondente tinha que listar uso recreativo de tela autorrelatado maior que o percentil 40 do tempo de uso recreativo de tela na população de origem (>2,4 horas por dia). Além disso, o pai/mãe tinha que estar empregado em tempo integral (sem turnos noturnos regulares) ou matriculado em educação em tempo integral.

As famílias foram aleatoriamente designadas para a intervenção de redução de mídias em tela (45 famílias, 86 crianças, 82 adultos) projetada para garantir a adesão dos participantes a um uso máximo de mídias em tela (≤3 horas por semana) por um período de 2 semanas. Famílias aleatoriamente designadas para o grupo controle (44 famílias, 95 crianças, 82 adultos) foram instruídas a continuar o uso como de costume.

O desfecho primário foi a diferença entre os grupos na atividade de lazer não sedentária (em minutos por dia) medida por acelerometria3 combinada de coxa4 e cintura. Os desfechos secundários incluíram outras atividades físicas e parâmetros de sono medidos por eletroencefalografia5 de canal único.

Entre as 89 famílias randomizadas (grupo de intervenção [45 famílias]: 86 crianças; idade média [DP], 8,6 [2,7] anos; 44 meninos [51%]; 42 meninas [49%] / grupo controle [44 famílias]: 95 crianças, idade média [DP], 9,5 [2,5] anos; 38 meninos [40%]; 57 meninas [60%]), 157 crianças (87%) tinham dados completos sobre o desfecho primário.

Oitenta e três crianças (97%) no grupo de intervenção foram aderentes à redução do uso de tela durante a intervenção. A mudança média (DP) na atividade de lazer não sedentária no grupo de intervenção foi de 44,8 (63,5) minutos por dia e no grupo controle foi de 1,0 (55,1) minuto por dia (diferença média por intenção de tratar entre os grupos, 45,8 minutos por dia; IC 95%, 27,9-63,6 minutos por dia; P <0,001).

Não foram observadas diferenças médias significativas entre os grupos entre intervenção e controle para os resultados do sono baseados em eletroencefalografia5.

O estudo concluiu que uma intervenção de redução do uso recreativo de mídias em tela resultou em um aumento substancial no envolvimento das crianças em atividade física. O grande tamanho do efeito sugere que os altos níveis de uso recreativo de mídias em tela observados em muitas crianças devem ser uma preocupação de saúde1 pública.

Veja também sobre "Atividade física" e "Os adolescentes e o mundo virtual".

 

Fonte: JAMA Pediatrics, publicação em 23 de maio de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Limitar o uso recreativo de mídias em tela aumenta a atividade física habitual em crianças. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1417865/limitar-o-uso-recreativo-de-midias-em-tela-aumenta-a-atividade-fisica-habitual-em-criancas.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
3 Acelerometria: Método de análise utilizado em avaliações biomecânicas do movimento humano. É uma ferramenta aplicada em áreas da saúde como Educação Física, Fisioterapia e Medicina. Através do acelerômetro é possível mensurar as acelerações provocadas e sofridas pelo corpo humano. Esse transdutor detecta o movimento produzido por mudança na velocidade ou no padrão de movimentos corporais. Devido ao fato de a maioria dos gestos motores do corpo humano ocorrer em mais de um eixo de movimento, dá-se preferência aos acelerômetros triaxiais que permitem medir a aceleração em cada um dos eixos ortogonais.
4 Coxa: É a região situada abaixo da virilha e acima do joelho, onde está localizado o maior osso do corpo humano, o fêmur.
5 Eletroencefalografia: Registro da atividade elétrica cerebral mediante a utilização de eletrodos cutâneos que recebem e amplificam os potenciais gerados em cada região encefálica.
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