Grande parcela de casos de Alzheimer e demência foram associados a 8 fatores de risco modificáveis
Oito fatores de risco modificáveis foram associados a mais de um em cada três casos de doença de Alzheimer1 e demência2 relacionada nos EUA, mostrou uma análise transversal.
Os oito fatores de risco – obesidade3 na meia-idade, hipertensão4 na meia-idade, inatividade física, depressão, tabagismo, baixa escolaridade, diabetes5 e perda auditiva – foram associados a 36,9% dos casos de Alzheimer1 e demência2, relataram Roch Nianogo, MD, PhD, da University of California Los Angeles, Deborah Barnes, PhD, da University of California San Francisco, e coautores.
É importante notar que os fatores de risco diferem com base no sexo, raça e etnia, escreveram os pesquisadores no estudo publicado no JAMA Neurology.
Os fatores mais proeminentemente associados com Alzheimer1 e demência2 foram obesidade3 na meia-idade, em 17,7%; inatividade física, em 11,8%; e baixa escolaridade, em 11,7%.
“Publicamos um estudo semelhante há pouco mais de 10 anos, e os fatores de risco mais importantes eram inatividade física, depressão e tabagismo”, disse Barnes ao MedPage Today.
“Hoje, os três principais fatores de risco são obesidade3 na meia-idade, inatividade física e baixa escolaridade”, observou ela. “Isso é importante porque sugere que o número crescente de pessoas obesas nos EUA pode ter um grande impacto a longo prazo nas taxas de demência”.
“Nossos resultados também destacam a importância de garantir que todos em nosso país recebam educação adequada”, acrescentou Barnes. “A COVID-19 teve um impacto devastador nas taxas de educação e graduação e será importante ajudar esses alunos a se atualizarem. Isso é especialmente verdadeiro em indivíduos hispânicos, onde a baixa escolaridade é o maior fator de risco”.
Leia sobre "Doenças degenerativas6", "Mal de Alzheimer1" e "Demência2".
No artigo os pesquisadores contextualizaram que estimativas anteriores sugeriram que 1 em cada 3 casos de doença de Alzheimer7 e demência2 relacionada (DADRs) nos EUA estão associados a fatores de risco modificáveis, sendo os mais proeminentes inatividade física, depressão e tabagismo. No entanto, essas estimativas não levam em conta as mudanças na prevalência8 de fatores de risco na última década e não consideram diferenças potenciais por sexo ou raça e etnia.
Assim, o objetivo do estudo foi atualizar as estimativas da proporção de DADRs nos EUA que estão associadas a fatores de risco modificáveis e avaliar as diferenças por sexo, raça e etnia.
Para este estudo transversal, a prevalência8 e a comunalidade dos fatores de risco foram obtidas a partir dos dados nacionalmente representativos da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais dos EUA de janeiro de 2018 a dezembro de 2018, e os riscos relativos para cada fator de risco9 foram extraídos de metanálises.
Os dados foram analisados de dezembro de 2020 a agosto de 2021. Os entrevistados incluíram 378.615 adultos não institucionalizados com mais de 18 anos. O número antes da exclusão era 402.410. Aproximadamente 23.795 (~6%) tinham valores ausentes em pelo menos uma das variáveis de interesse.
As exposições do estudo foram inatividade física, tabagismo atual, depressão, baixa escolaridade, diabetes5, obesidade3 na meia-idade, hipertensão4 na meia-idade e perda auditiva.
Os principais desfechos foram riscos atribuíveis à população (RAPs) individuais e combinados associados a DADRs, representando a não independência entre os fatores de risco.
Entre 378.615 indivíduos, 171.161 (ponderado 48,7%) eram do sexo masculino e 134.693 (ponderado 21,1%) tinham 65 anos ou mais. Os dados de raça e etnia foram autorrelatados e definidos pelos dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais dos EUA; 6.671 participantes (ponderado 0,9%) eram índios americanos e nativos do Alasca, 8.043 (ponderado 5,1%) eram asiáticos, 29.956 (ponderado 11,7%) eram negros, 28.042 (ponderado 16,0%) eram hispânicos (qualquer raça) e 294.394 (ponderado 64,3%) eram brancos.
Aproximadamente 1 em cada 3 casos de DADR (36,9%) nos EUA foram associados a 8 fatores de risco modificáveis, sendo os mais proeminentes obesidade3 na meia-idade (17,7%; IC 95%, 17,5-18,0), inatividade física (11,8%; IC 95%, 11,7-11,9) e baixa escolaridade (11,7%; IC 95%, 11,5-12,0).
Os RAPs combinados foram maiores nos homens (35,9%) do que nas mulheres (30,1%) e diferiram por raça e etnia: índios americanos e nativos do Alasca, 39%; asiáticos, 16%; negros, 40%; hispânicos (qualquer raça), 34%; e brancos, 29%.
Os fatores de risco modificáveis mais proeminentes, independentemente do sexo, foram a obesidade3 na meia-idade para os índios americanos e nativos do Alasca, negros e brancos; baixa escolaridade para hispânicos; e inatividade física para asiáticos.
Os achados sugerem que os fatores de risco associados à doença de Alzheimer7 e demência2 relacionada mudaram na última década e diferem com base no sexo, raça e etnia. As estratégias de redução do risco de Alzheimer1 podem ser mais eficazes se tiverem como alvo grupos de maior risco e considerarem os perfis atuais de fatores de risco.
Veja também sobre "Surdez em idosos e o risco de demência2", "Sedentarismo10: o que é" e "Obesidade3".
Fontes:
JAMA Neurology, publicação em 09 de maio de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 09 de maio de 2022.