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Demência e antioxidantes: dois tipos de carotenoides foram associados a menor probabilidade de desenvolver demência ao longo do tempo

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O risco de demência1 foi associado aos níveis sanguíneos de certos antioxidantes, mostrou um estudo observacional publicado no periódico Neurology.

Níveis séricos mais altos de luteína2 + zeaxantina e beta-criptoxantina – dois tipos de carotenoides – foram associados a um menor risco de demência1 incidente3, relataram May Beydoun, PhD, do Instituto Nacional de Envelhecimento do NIH em Baltimore, Maryland, EUA, e colegas.

Os achados foram atenuados em análises ajustadas, sugerindo que status socioeconômico, estilo de vida e qualidade da dieta podem mediar as associações.

Quando o estresse oxidativo ocorre em um nível anormalmente alto, o consumo de antioxidantes pode ajudar a proteger as células4 do corpo, incluindo as células4 cerebrais, de danos, observou Beydoun. “Os carotenoides, que são os pigmentos encontrados nas plantas de cor laranja e amarela, são convertidos pelo corpo em vitamina5 A. Descobrimos que os carotenoides mais importantes na proteção potencial do cérebro6 podem ser luteína2 + zeaxantina e beta-criptoxantina”, disse ela ao MedPage Today.

Leia sobre "Demência1", "Micronutriente ou oligoelemento" e "Suplementos alimentares".

“Ao contrário de outros estudos, não analisamos os níveis de ingestão dietética de antioxidantes ou carotenoides. Em vez disso, analisamos os níveis de antioxidantes e carotenoides no sangue”, apontou Beydoun.

“Este é o primeiro estudo nacionalmente representativo a fazê-lo em relação ao risco de demência”, disse ela. “Isso pode ser mais representativo do nível real de antioxidantes do que o relatório de uma pessoa sobre que tipo de alimentos ela consome regularmente. Esse simples fato pode explicar por que os resultados de estudos de comparação de dietas para o desenvolvimento de demência1 foram mistos”.

Vitaminas e carotenoides antioxidantes séricos podem proteger contra a neurodegeneração com a idade. Neste estudo, examinou-se as associações desses biomarcadores nutricionais com demência1 por todas as causas e doença de Alzheimer7 (DA) incidentes8 entre adultos de meia-idade e idosos dos EUA.

Usando dados do terceiro National Health and Nutrition Examination Surveys (1988–1994), vinculados aos dados de acompanhamento do Centers for Medicare & Medicaid, testou-se associações e interações de vitaminas séricas A, C e E e carotenoides séricos totais e individuais e interações com DA e demência1 por todas as causas incidentes8. Modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox foram conduzidos.

Após ≤26 anos de acompanhamento (média de 16 a 17 anos, 7.283 participantes com 45 a 90 anos no início do estudo), a luteína2 + zeaxantina sérica foi associada à redução do risco de demência1 por todas as causas (grupo etário de mais de 65 anos), mesmo no modelo ajustado por estilo de vida (por desvio padrão [DP]: razão de risco [HR] 0,93, IC 95% 0,87-0,99; p = 0,037), mas foi atenuada em comparação com um modelo ajustado por status socioeconômico (SSE) (HR 0,92, IC 95% 0,86-0,93; p = 0,013).

Uma relação inversa foi detectada entre β-criptoxantina sérica (por aumento de DP) e demência1 por todas as causas (45+ e 65+) para modelos ajustados por idade e sexo (HR 0,86, IC 95% 0,80-0,93; p <0,001 para 45+; HR 0,86, IC 95% 0,80-0,93; p = 0,001 para 65+), uma relação que permanece forte em modelos ajustados por SSE (HR 0,89, IC 95% 0,82-0,96; p = 0,006 para 45+; HR 0,88, IC 95% 0,81-0,96; p = 0,007 para 65+), mas atenuada em modelos subsequentes.

Interações antagônicas indicam que efeitos protetores putativos de um carotenoide podem ser observados em níveis mais baixos de outros carotenoides ou vitamina5 antioxidante.

O estudo concluiu que a demência1 por todas as causas incidente3 foi inversamente associada aos níveis séricos de luteína2 + zeaxantina e β-criptoxantina. Mais estudos com exposições dependentes do tempo e ensaios randomizados são necessários para testar os efeitos neuroprotetores da suplementação9 da dieta com carotenoides selecionados.

Veja também sobre "Mal de Alzheimer10" e "Envelhecimento cerebral normal ou patológico".

 

Fontes:
Neurology, publicação em 04 de maio de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 04 de maio de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Demência e antioxidantes: dois tipos de carotenoides foram associados a menor probabilidade de desenvolver demência ao longo do tempo. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1416700/demencia-e-antioxidantes-dois-tipos-de-carotenoides-foram-associados-a-menor-probabilidade-de-desenvolver-demencia-ao-longo-do-tempo.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.

Complementos

1 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
2 Luteína: Mesmo que xantofila. Pigmento amarelo encontrado em grande variedade de organismos; lipocromo. Originalmente isolado da gema do ovo, ocorre em inúmeras espécies vegetais e em penas de aves.
3 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
4 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
5 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
6 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
7 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
8 Incidentes: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
9 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
10 Alzheimer: Doença degenerativa crônica que produz uma deterioração insidiosa e progressiva das funções intelectuais superiores. É uma das causas mais freqüentes de demência. Geralmente começa a partir dos 50 anos de idade e tem incidência similar entre homens e mulheres.
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