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Caminhar tem efeitos sobre a plasticidade da substância branca do cérebro em idosos saudáveis

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Um novo estudo sobre caminhada, dança e saúde1 cerebral, publicado no periódico científico NeuroImage, aborda como caminhar pode desenvolver o cérebro2. Homens e mulheres idosos que caminharam por seis meses mostraram melhorias na substância branca e na memória, enquanto aqueles que dançaram ou fizeram exercícios de alongamento não tiveram os mesmos efeitos.

Assim, de acordo com o estudo, o exercício pode refrescar e renovar a substância branca em nossos cérebros, melhorando potencialmente nossa capacidade de pensar e lembrar à medida que envelhecemos. Os dados mostraram que a substância branca, que conecta e sustenta as células3 em nossos cérebros, se remodela quando as pessoas se tornam mais ativas fisicamente. Por outro lado, nos que permanecem sedentários, a substância branca tende a se desgastar e encolher.

Essas descobertas ressaltam o dinamismo de nossos cérebros e como eles se transformam constantemente – para melhor e para pior – em resposta a como vivemos e nos movemos.

A deterioração da substância branca está associada ao comprometimento cognitivo4 no envelhecimento saudável e à doença de Alzheimer5. É fundamental identificar intervenções que podem retardar a deterioração da substância branca.

Saiba mais sobre "Caminhada: o que saber sobre ela", "O envelhecimento saudável" e "Atividade física - um hábito adquirido com prazer".

Até agora, os ensaios clínicos6 não conseguiram demonstrar os benefícios do exercício aeróbico na substância branca em adultos usando imagem por ressonância magnética7 de difusão. Neste estudo, os pesquisadores relatam os efeitos de uma caminhada aeróbica de 6 meses e intervenções de dança na integridade da substância branca em idosos saudáveis ​​(n = 180, 60-79 anos), medidos por mudanças na proporção de imagens ponderadas em T1 para ponderadas em T2 (T1w/T2w) calibradas.

Os voluntários foram divididos em grupos, um dos quais iniciou um programa supervisionado de alongamento e treinamento de equilíbrio três vezes por semana, para servir como um controle ativo. Outro grupo começou a caminhar três vezes por semana, rapidamente, por cerca de 40 minutos. E o último grupo começou a dançar, reunindo-se três vezes por semana para aprender e praticar movimentos de dança e coreografia de grupo. Todos os grupos treinaram por seis meses, depois voltaram ao laboratório para repetir os testes do início do estudo.

Para muitos participantes, seus corpos e cérebros mudaram, descobriram os cientistas. Os que caminharam e os que dançaram estavam aerobicamente mais aptos, como esperado. Ainda mais importante, a substância branca nestas pessoas parecia renovada. Nos novos exames, as fibras nervosas em certas partes do cérebro2 pareciam maiores e qualquer lesão8 do tecido9 havia encolhido. Essas alterações desejáveis ​​foram mais prevalentes entre aqueles que fizeram caminhada, que também tiveram melhor desempenho nos testes de memória. Aqueles que praticaram dança, em geral, não observaram esses mesmos efeitos na memória.

Enquanto isso, os membros do grupo de controle, que não haviam se exercitado aerobicamente, mostraram declínio na saúde1 da substância branca após os seis meses, com maior afinamento e desgaste de seus axônios10 e queda nos escores cognitivos11.

Especificamente, as intervenções de caminhada aeróbica e dança social resultaram em mudanças positivas no sinal12 T1w/T2w nas regiões de mielinização tardia, em comparação com diminuições generalizadas no sinal12 T1w/T2w no controle ativo.

Notavelmente, no grupo de caminhada aeróbica, a mudança positiva no sinal12 T1w/T2w se correlacionou com a melhora do desempenho da memória episódica.

Por último, os aumentos induzidos pela intervenção na aptidão cardiorrespiratória não se correlacionaram com a mudança no sinal12 T1w/T2w.

Juntos, esses resultados sugerem que as regiões da substância branca que são vulneráveis ​​ao envelhecimento retêm algum grau de plasticidade, que pode ser induzida pelo treinamento com exercícios aeróbicos.

Além disso, o estudo fornece evidências de que o sinal12 T1w/T2w pode ser uma medida útil e amplamente acessível para estudar a plasticidade intrapessoal de curto prazo e a deterioração na substância branca humana adulta.

Leia sobre "Neuroplasticidade cerebral", "Exercícios aeróbicos" e "Como melhorar a memória".

 

Fontes:
NeuroImage, publicação em junho de 2021.
The New York Times, notícia publicada em 14 de julho de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Caminhar tem efeitos sobre a plasticidade da substância branca do cérebro em idosos saudáveis. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1398645/caminhar-tem-efeitos-sobre-a-plasticidade-da-substancia-branca-do-cerebro-em-idosos-saudaveis.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
5 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
6 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
7 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
8 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
9 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
10 Axônios: Prolongamento único de uma célula nervosa. Os axônios atuam como condutores dos impulsos nervosos e só possuem ramificações na extremidade. Em toda sua extensão, o axônio é envolvido por um tipo celular denominado célula de Schwann.
11 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
12 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
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