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Tirzepatida, antidiabético com ação dual sobre GIP e GLP-1, se mostrou superior à semaglutida para redução da HbA1c no diabetes tipo 2

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O novo agente antidiabético superou um dos favoritos comprovados quando se tratava de reduzir a HbA1c1, de acordo com o ensaio SURPASS-2 de fase III.

Em um ensaio clínico aberto de adultos com diabetes tipo 22, a tirzepatida foi não inferior – e ainda se mostrou superior – na redução dos níveis de hemoglobina glicada3 ao longo de 40 semanas, quando comparada ao agonista4 do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon5 (GLP-1) injetável semaglutida (Ozempic).

As descobertas foram apresentadas nas Sessões Científicas virtuais da American Diabetes6 Association (ADA) e publicadas simultaneamente no The New England Journal of Medicine.

A tirzepatida é um antidiabético de ação dual por atuar como um agonista4 no receptor do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose7 (GIP) e no receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon5 (GLP-1), que está em desenvolvimento para o tratamento do diabetes6 tipo 2. A eficácia e segurança da tirzepatida uma vez por semana em comparação com a semaglutida ainda eram desconhecidas.

Saiba mais sobre "Diabetes Mellitus8 - Informações importantes", "Hemoglobina glicosilada9" e "Opções de tratamentos para o diabetes6".

No estudo aberto de fase 3 de 40 semanas, os pesquisadores designaram aleatoriamente 1.879 pacientes, em uma proporção de 1:1:1:1, para receber tirzepatida em uma dose de 5 mg, 10 mg ou 15 mg ou semaglutida em uma dose de 1 mg.

No início do estudo, o nível médio de hemoglobina glicada3 era de 8,28%, a idade média de 56,6 anos e o peso médio de 93,7 kg. O desfecho primário foi a mudança no nível de hemoglobina glicada3 desde o início até 40 semanas.

A alteração média estimada da linha de base no nível de hemoglobina glicada3 foi:

  • Tirzepatida 5 mg: -2,01 pontos percentuais
  • Tirzepatida 10 mg: -2,24 pontos percentuais
  • Tirzepatida 15 mg: -2,30 pontos percentuais
  • Semaglutida 1 mg: -1,86 pontos percentuais

As diferenças estimadas entre os grupos de 5 mg, 10 mg e 15 mg de tirzepatida e o grupo semaglutida foram:

  • 5 mg: -0,15 pontos percentuais (IC 95%, -0,28 a -0,03; P = 0,02)
  • 10 mg: -0,39 pontos percentuais (IC 95%, -0,51 a -0,26; P <0,001)
  • 15 mg: -0,45 pontos percentuais (IC 95%, -0,57 a -0,32; P <0,001)

Digno de nota, mais de 86% dos participantes na dose mais alta de tirzepatida foram capazes de atingir HbA1c1 abaixo de 7% (vs 79% daqueles em semaglutida) – a meta recomendada definida pela ADA – e 46% no grupo da dose de 15 mg foi capaz de atingir HbA1c1 abaixo de 5,7% (vs 19% daqueles que tomaram semaglutida).

A tirzepatida em todas as doses foi não inferior e superior à semaglutida. As reduções no peso corporal foram maiores com tirzepatida do que com semaglutida (diferença média estimada de quadrados mínimos do tratamento, -1,9 kg, -3,6 kg e -5,5 kg, respectivamente; P <0,001 para todas as comparações).

Os eventos adversos mais comuns foram gastrointestinais e foram principalmente de gravidade leve a moderada nos grupos tirzepatida e semaglutida (náuseas10, 17 a 22% e 18%; diarreia11, 13 a 16% e 12%; e vômitos12, 6 a 10% e 8%, respectivamente).

Dos pacientes que receberam tirzepatida, hipoglicemia13 (nível de glicose7 no sangue14, <54 mg por decilitro) foi relatada em 0,6% (grupo de 5 mg), 0,2% (grupo de 10 mg) e 1,7% (grupo de 15 mg); hipoglicemia13 foi relatada em 0,4% daqueles que receberam semaglutida.

Eventos adversos graves foram relatados em 5 a 7% dos pacientes que receberam tirzepatida e em 3% daqueles que receberam semaglutida.

O estudo concluiu que, em pacientes com diabetes tipo 22, a tirzepatida foi não inferior - e ainda se mostrou superior - à semaglutida no que diz respeito à alteração média no nível de hemoglobina glicada3 desde o início até 40 semanas.

Leia sobre "Como reconhecer e evitar a hipoglicemia13" e "Como medir os níveis de glicose7 no sangue14".

 

Fontes:
The New England Journal of Medicine, publicação em 25 de junho de 2021.
MedPage Today, notícia publicada em 25 de junho de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Tirzepatida, antidiabético com ação dual sobre GIP e GLP-1, se mostrou superior à semaglutida para redução da HbA1c no diabetes tipo 2. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1398320/tirzepatida-antidiabetico-com-acao-dual-sobre-gip-e-glp-1-se-mostrou-superior-a-semaglutida-para-reducao-da-hba1c-no-diabetes-tipo-2.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
2 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
3 Hemoglobina glicada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
4 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
5 Glucagon: Hormônio produzido pelas células-alfa do pâncreas. Ele aumenta a glicose sangüínea. Uma forma injetável de glucagon, disponível por prescrição médica, pode ser usada no tratamento da hipoglicemia severa.
6 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
7 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
8 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
9 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
10 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
11 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
12 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
13 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
14 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
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