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História de enxaqueca antes da menopausa indica aumento do risco de hipertensão

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A enxaqueca1 foi identificada como um fator de risco2 potencial para hipertensão3 em estudos prospectivos. Nas mulheres, a prevalência4 da enxaqueca1 diminui após a menopausa5, mas nenhum estudo determinou se a enxaqueca1 está associada à hipertensão3 após a menopausa5.

Agora um novo estudo, publicado pelo periódico Neurology, avaliou dados de mais de 55.000 mulheres europeias e descobriu que aquelas com histórico de enxaqueca1 antes da menopausa5 tinham um risco 29% maior de desenvolver hipertensão3 do que aquelas sem tal histórico, e também indicou que esse risco pode ser ainda maior entre mulheres que usam terapia de reposição hormonal na menopausa5.

Leia sobre "Enxaqueca1: quem tem sabe como é", "Hipertensão arterial6" e "Menopausa5".

“Como pesquisas anteriores mostram que a enxaqueca1 aumenta a probabilidade de eventos cardiovasculares, a identificação de fatores de risco adicionais, como a maior probabilidade de hipertensão3 entre pessoas com enxaqueca1, pode ajudar no tratamento ou prevenção individualizados”, disse um dos pesquisadores do estudo Gianluca Severi, PhD, do Instituto Nacional Francês de Saúde7 e Pesquisa Médica em Paris, em comunicado. “Os médicos podem querer considerar as mulheres com histórico de enxaqueca1 com maior risco de hipertensão3.”

Foram avaliadas as associações entre enxaqueca1 e hipertensão3 em um estudo de coorte8 longitudinal de 56.202 mulheres na menopausa5 participantes da coorte9 francesa E3N, com acompanhamento começando em 1993. Foram incluídas mulheres que não tinham hipertensão3 ou doença cardiovascular na idade da menopausa5. A enxaqueca1 foi classificada como alguma vez ou nunca em cada ciclo do questionário.

Modelos de riscos proporcionais de Cox foram usados ​​para investigar as relações entre enxaqueca1 e hipertensão3, controlando o potencial de confusão. Uma análise secundária com início em 2011 considerou o status em relação a aura, agrupando os participantes que relataram enxaqueca1 como enxaqueca1 com aura, enxaqueca1 sem aura ou tipo desconhecido de enxaqueca1.

Durante 826.419 pessoas-ano, foram identificados 12.501 casos de hipertensão3 incidente10, incluindo 3.100 entre mulheres com enxaqueca1 e 9.401 entre mulheres sem enxaqueca1.

A enxaqueca1 foi associada a um risco aumentado de hipertensão3 em mulheres na menopausa5 (HR enxaqueca1 = 1,29 [1,24: 1,35]) e foi consistente em análises de sensibilidade post-hoc, como ao controlar para medicamentos comuns para enxaqueca1.

As associações entre enxaqueca1 e hipertensão3 foram semelhantes quer as mulheres relatassem ou não aura (HR enxaqueca1 com aura = 1,54 [1,04: 2,30], HR enxaqueca1 sem aura = 1,32 [0,87: 2,02], p-heterogeneidade = 0,60).

As associações foram ligeiramente mais fortes entre as usuárias de terapia de reposição hormonal na menopausa5 (HR enxaqueca1 = 1,34 [1,27: 1,41]), do que entre aquelas que nunca utilizaram (HR enxaqueca1 = 1,19 [1,11: 1,28]).

O estudo concluiu que a enxaqueca1 foi associada a um risco aumentado de hipertensão3 entre as mulheres na menopausa5. Na análise secundária, não foi observada uma diferença significativa entre enxaqueca1 com aura e enxaqueca1 sem aura.

Veja também sobre "O que é terapia de reposição hormonal", "Orientações para tratamento da cefaleia11" e "Sinais12 de doenças cardíacas em mulheres".

 

Fontes:
Neurology, publicação em 21 de abril de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 26 de abril de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. História de enxaqueca antes da menopausa indica aumento do risco de hipertensão. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1393830/historia-de-enxaqueca-antes-da-menopausa-indica-aumento-do-risco-de-hipertensao.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.

Complementos

1 Enxaqueca: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
2 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
3 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
4 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
5 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
6 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
7 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
8 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
9 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
10 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
11 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
12 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
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