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Glicemia materna e IMC são os principais fatores de risco modificáveis para evitar resultados adversos na gravidez de gestantes com diabetes tipo 1 ou tipo 2

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O diabetes1 na gravidez2 está associado a partos prematuros, extremos de peso ao nascer e taxas aumentadas de anomalias congênitas3, natimortos e morte neonatal.

O objetivo nesse estudo, publicado pelo The Lancet Diabetes1 & Endocrinology, foi identificar e comparar fatores de risco modificáveis ​​associados a resultados adversos da gravidez2 em mulheres com diabetes tipo 14 e aquelas com diabetes tipo 25 e identificar maternidades eficazes.

Neste estudo de coorte6 nacional de base populacional, usou-se dados para gravidezes entre mulheres com diabetes tipo 14 ou tipo 2 coletados nos primeiros 5 anos da auditoria Nacional de Gravidez2 em Diabetes1 em 172 maternidades na Inglaterra, País de Gales e na Ilha de Man, Reino Unido.

Dados para complicações obstétricas (por exemplo, parto prematuro [<37 semanas de gestação], peso ao nascer grande para a idade gestacional [GIG | >90º percentil]) e resultados adversos da gravidez2 (anomalia congênita7, natimorto, morte neonatal) foram obtidos para gestações concluídas entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2018.

Leia sobre "Gravidez2 de risco", "Diabetes Mellitus8", "Peso normal do bebê durante a gestação" e "Parto prematuro".

Avaliou-se associações entre fatores de risco modificáveis ​​(por exemplo, HbA1c9, IMC10, cuidados pré-gravidez2, maternidade) e não modificáveis ​​(por exemplo, idade, etnia, privação, duração do Diabetes tipo 14) com resultados de gravidez2 em mulheres com diabetes tipo 14 em comparação com aquelas com diabetes tipo 25.

Calculou-se associações entre fatores maternos e mortes perinatais usando um modelo de regressão, incluindo tipo e duração do diabetes1, idade materna, IMC10, quintil11 de privação, HbA1c9 do primeiro trimestre, ácido fólico pré-concepção12, medicamentos potencialmente prejudiciais e HbA1c9 do terceiro trimestre.

O conjunto de dados incluiu 17.375 resultados de gravidez2 em 15.290 grávidas. 8.690 (50,0%) de 17.375 gravidezes ocorreram em mulheres com diabetes tipo 14 (idade mediana no parto 30 anos [10º-90º percentil 22-37], duração média do diabetes1 13 anos [3-25]), e 8.685 (50,0%) eram em mulheres com diabetes tipo 25 (idade mediana no parto 34 anos [27-41], duração média do diabetes1 3 anos [0-10]).

As taxas de partos prematuros (3.325 [42,5%] de 7.825 gravidezes entre mulheres com diabetes tipo 14, 1.825 [23,4%] de 7.815 com diabetes tipo 25; p <0,0001) e peso ao nascer GIG (4.095 [52,2%] de 7.845 com diabetes tipo 14, 2.065 [26,2%] de 7.885 com diabetes tipo 25; p <0,0001) foram maiores no diabetes tipo 14.

A prevalência13 de anomalia congênita7 (entre mulheres com diabetes tipo 14: 44,8 por 1000 nascidos vivos, interrupções e perdas fetais; entre mulheres com diabetes tipo 25: 40,5 por 1000 nascidos vivos, interrupções e perdas fetais; p = 0,17) e natimorto (diabetes tipo 14: 10,4 por 1000 nascidos vivos e natimortos; diabetes tipo 25: 13,5 por 1000 nascidos vivos e natimortos; p = 0,072) não diferiram significativamente entre os tipos de diabetes1, mas as taxas de morte neonatal foram maiores em mães com diabetes tipo 25 do que naquelas com diabetes tipo 14 (diabetes tipo 14: 7,4 por 1000 nascidos vivos; diabetes tipo 25: 11,2 por 1000 nascidos vivos; p = 0,013).

Em toda a população do estudo, os fatores de risco independentes para morte perinatal (ou seja, natimorto ou óbito14 neonatal) foram HbA1c9 do terceiro trimestre de 6,5% (48 mmol/mol) ou superior (razão de chances 3,06 [IC 95% 2,16-4,33] vs HbA1c9 <6,5%), estar no quintil11 de privação mais alto (2,29 [1,16-4,52] vs o quintil11 mais baixo) e ter diabetes tipo 25 (1,65 [1,18-2,31] vs diabetes tipo 14).

As variações em HbA1c9 e no peso ao nascer GIG foram associadas às características maternas (idade, duração do diabetes1, privação, IMC10), sem diferenças substanciais entre as maternidades.

Os dados destacam resultados adversos persistentes da gravidez2 em mulheres com diabetes tipo 14 ou tipo 2. A glicemia15 materna e o IMC10 são os principais fatores de risco modificáveis. Nenhuma maternidade teve resultados apreciavelmente melhores do que qualquer outra, sugerindo que mudanças no sistema de saúde16 são necessárias em todas as clínicas.

Veja também sobre "Malformações17 fetais", "Aborto", "Hemoglobina glicosilada18" e "Teste do Pezinho ou Triagem Neonatal".

 

Fonte: The Lancet Diabetes1 & Endocrinology, publicação em 28 de janeiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Glicemia materna e IMC são os principais fatores de risco modificáveis para evitar resultados adversos na gravidez de gestantes com diabetes tipo 1 ou tipo 2. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1389090/glicemia-materna-e-imc-sao-os-principais-fatores-de-risco-modificaveis-para-evitar-resultados-adversos-na-gravidez-de-gestantes-com-diabetes-tipo-1-ou-tipo-2.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
2 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
3 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
4 Diabetes tipo 1: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada por deficiência na produção de insulina. Ocorre quando o próprio sistema imune do organismo produz anticorpos contra as células-beta produtoras de insulina, destruindo-as. O diabetes tipo 1 se desenvolve principalmente em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. Há tendência em apresentar cetoacidose diabética.
5 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
6 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
7 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
8 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
9 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
10 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
11 Quintil: 1. Em estatística, diz-se de ou qualquer separatriz que divide a área de uma distribuição de frequência em cinco domínios de áreas iguais. O termo quintil também é utilizado, por vezes, para designar uma das quintas partes da amostra ordenada. 2. Em astronomia, é o aspecto de dois planetas distantes 72° entre si (distância angular correspondente a um quinto do Zodíaco). 3. Em matemática, é o mesmo que quíntico. A palavra quintil deriva do latim quintus, que significa quinto.
12 Concepção: O início da gravidez.
13 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
14 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
15 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
16 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
17 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
18 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
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