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Gel de dextrose oral para prevenção da hipoglicemia neonatal não reduziu a admissão na UTI neonatal em bebês em risco, mas reduziu a hipoglicemia

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A hipoglicemia1 neonatal é comum e pode causar lesão2 cerebral. O gel de dextrose3 bucal é eficaz para o tratamento da hipoglicemia1 neonatal e, quando usado para prevenção, pode reduzir a incidência4 de hipoglicemia1 em bebês5 em risco, mas sua utilidade clínica permanece incerta.

Neste estudo publicado na revista PLOS Medicine, pesquisadores conduziram um ensaio clínico multicêntrico, duplo-cego, randomizado6 e controlado por placebo7 em 18 maternidades da Nova Zelândia e da Austrália de janeiro de 2015 a maio de 2019.

Bebês5 em risco de hipoglicemia1 neonatal (diabetes8 materna, prematuridade tardia ou alto ou baixo peso ao nascer) sem indicações para admissão na unidade de terapia intensiva9 neonatal (UTIN) foram randomizados para 0,5 ml/kg de dextrose3 bucal 40% ou gel placebo7 com 1 hora de idade.

Saiba mais sobre "Hipoglicemia1 neonatal", "Como reconhecer e evitar a hipoglicemia1" e "Prematuridade e os cuidados necessários".

O desfecho primário foi a admissão na UTIN, com poder de detectar uma redução absoluta de 4%. Os desfechos secundários incluíram hipoglicemia1, admissão na UTIN por hipoglicemia1, hiperglicemia10, amamentação11 na alta hospitalar, alimentação com fórmula às 6 semanas e satisfação materna.

As famílias e a equipe clínica e do estudo não sabiam da distribuição do tratamento. Um total de 2.149 bebês5 foram randomizados (48,7% meninas). A admissão na UTIN ocorreu para 111 de 1.070 (10,4%) randomizados para gel de dextrose3 e 100 de 1.063 (9,4%) randomizados para placebo7 (risco relativo ajustado [aRR] 1,10; IC 95% 0,86-1,42; p = 0,44).

Bebês5 randomizados para gel de dextrose3 eram menos propensos a se tornarem hipoglicêmicos (glicose12 no sangue13 <2,6 mmol/l14) (399 de 1.070, 37%, versus 448 de 1.063, 42%; aRR 0,88; IC 95% 0,80-0,98; p = 0,02), embora a admissão na UTIN por hipoglicemia1 tenha sido semelhante entre os grupos (65 de 1.070, 6,1%, versus 48 de 1.063, 4,5%; aRR 1,35; IC 95% 0,94-1,94; p = 0,10).

Não houve diferenças entre os grupos na amamentação11 na alta hospitalar (aRR 1,00; IC 95% 0,99-1,02; p = 0,67), recebimento de fórmula antes da alta (aRR 0,99; IC 95% 0,92-1,08; p = 0,90), e alimentação com fórmula em 6 semanas (aRR 1,01; IC 95% 0,93-1,10; p = 0,81), e não houve hiperglicemia10. A maioria das mães (95%) recomendaria o estudo a amigos.

Nenhum efeito adverso, incluindo 2 mortes em cada grupo, foi atribuído ao gel de dextrose3. As limitações deste estudo incluíram que a maioria dos participantes (81%) eram filhos de mães com diabetes8, o que pode limitar a generalização, e um analisador menos confiável foi usado em 16,5% das medições de glicose12.

Neste estudo randomizado15 controlado por placebo7, o gel profilático de dextrose3 200 mg/kg não reduziu a admissão na UTI neonatal em bebês5 com risco de hipoglicemia1, mas reduziu a hipoglicemia1. O acompanhamento de longo prazo é necessário para determinar a utilidade clínica desta estratégia.

Leia sobre "Amamentação11 ou aleitamento materno16" e "Como medir a glicose12 no sangue13".

 

Fonte: PLOS Medicine, publicação em 28 de janeiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Gel de dextrose oral para prevenção da hipoglicemia neonatal não reduziu a admissão na UTI neonatal em bebês em risco, mas reduziu a hipoglicemia. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1389005/gel-de-dextrose-oral-para-prevencao-da-hipoglicemia-neonatal-nao-reduziu-a-admissao-na-uti-neonatal-em-bebes-em-risco-mas-reduziu-a-hipoglicemia.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
2 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
3 Dextrose: Também chamada de glicose. Açúcar encontrado no sangue que serve como principal fonte de energia do organismo.
4 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
5 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
6 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
7 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
8 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
9 Terapia intensiva: Tratamento para diabetes no qual os níveis de glicose são mantidos o mais próximo do normal possível através de injeções freqüentes ou uso de bomba de insulina, planejamento das refeições, ajuste em medicamentos hipoglicemiantes e exercícios baseados nos resultados de testes de glicose além de contatos freqüentes entre o diabético e o profissional de saúde.
10 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
11 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
12 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
13 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
14 Mmol/L: Milimols por litro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
15 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
16 Aleitamento Materno: Compreende todas as formas do lactente receber leite humano ou materno e o movimento social para a promoção, proteção e apoio à esta cultura. Toda mulher após o parto tem produção de leite - lactação; mas, infelizmente nem todas amamentam.
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