Eficácia da dieta cetogênica, dieta de Atkins modificada e dieta com baixo índice glicêmico em crianças com epilepsia resistente a medicamentos
A dieta cetogênica (DC) tem sido usada com sucesso no tratamento de crianças com epilepsia1 resistente a medicamentos. Os dados que avaliam a eficácia da dieta de Atkins modificada (DAM) e da dietoterapia de baixo índice glicêmico (DBIG) em comparação com a DC são escassos.
O objetivo desse estudo, publicado no JAMA Pediatrics, foi determinar se a DAM e DBIG não são inferiores à DC em crianças com epilepsia1 resistente a medicamentos.
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Cento e setenta crianças com idades entre 1 e 15 anos que tiveram 4 ou mais crises por mês, não responderam a 2 ou mais medicamentos antiepilépticos e não foram tratadas anteriormente com DC, DAM ou DBIG, foram inscritas no estudo entre 1º de abril de 2016 e 20 de agosto de 2017 em um centro de referência de cuidados terciários na Índia.
As crianças foram aleatoriamente designadas para receber a DC, DAM ou DBIG como adições à terapia em andamento com medicamentos antiepilépticos.
O desfecho primário foi a alteração percentual na frequência de crises após 24 semanas de terapia dietética na coorte2 da DAM em comparação com a coorte2 da DC e na coorte2 da DBIG em comparação com a coorte2 da DC. O estudo foi desenvolvido para avaliar a não inferioridade da DAM e da DBIG em comparação com a DC com uma margem de não inferioridade predefinida de -15 pontos percentuais. A análise de intenção de tratar foi usada.
Cento e cinquenta e oito crianças completaram o estudo: DC (n = 52), DAM (n = 52) e DBIG (n = 54). A análise de intenção de tratar mostrou que, após 24 semanas de intervenção, a mudança mediana (intervalo interquartil [IQR]) na frequência de crises (DC: -66%; IQR, -85% a -38%; DAM: -45% ; IQR, -91% a -7%; e DBIG: -54%; IQR, -92% a -19%) foi semelhante entre os três braços (P = 0,39).
A diferença mediana, por análise de intenção de tratar, na redução de crises entre os braços DC e DAM foi de -21 pontos percentuais (IC 95%, -29 a -3 pontos percentuais) e entre os braços DC e DBIG foi de -12 pontos percentuais (IC 95%, -21 a 7 pontos percentuais), com ambos violando a margem de não inferioridade de -15 pontos percentuais.
Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram semelhantes entre os braços DC (31 de 55 [56,4%]) e DAM (33 de 58 [56,9%]), mas foram significativamente menores no braço da DBIG (19 de 57 [33,3%]).
Nem a dieta de Atkins modificada nem a dietoterapia de baixo índice glicêmico atenderam aos critérios de não inferioridade. No entanto, os resultados deste estudo para a DBIG mostraram um equilíbrio entre redução de convulsões e relativamente menos eventos adversos em comparação com a DC e a DAM. Esses benefícios potenciais sugerem que a decisão risco-benefício em relação às três intervenções na dieta precisa ser individualizada.
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Fonte: JAMA Pediatrics, publicação em 3 de agosto de 2020.