A cirurgia de bypass gástrico em Y de Roux altera a expressão gênica no tecido adiposo subcutâneo em pacientes não diabéticos com obesidade, trazendo benefícios
O bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) é a opção de tratamento mais eficaz e durável para reduzir a adiposidade e controlar as anormalidades da síndrome metabólica1 em pacientes com obesidade2 grave.
Alguns estudos demonstraram que o efeito inicial do BGYR na melhoria dos parâmetros metabólicos se deve à restrição calórica. No entanto, o impacto do BGYR no tecido adiposo3 ainda está em debate.
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Neste estudo publicado no periódico Diabetes5, da American Diabetes5 Association, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP avaliaram 13 pacientes obesos e não diabéticos (idade média de 37 anos, 100% de mulheres, IMC6 de 42,2 kg/m²) um dia antes da cirurgia, 3 e 6 meses (M) após o BGYR. Alterações na expressão antropométrica, bioquímica e gênica foram avaliadas com ANOVA7 e análise de correlação de Pearson.
O IMC6, a massa gorda8 e a pressão sanguínea diminuíram após 3M e 6M (P ≤0,05 para todos) em comparação com o valor basal. A análise da expressão gênica no tecido adiposo3 coletado na cirurgia em comparação com as amostras coletadas nos pós-BGYR aos 3M e 6M mostrou que as interleucinas (IL6, TNF-α e MCP1) e os genes do estresse do retículo endoplasmático (ERE) (EIF2AK3 e CALR) diminuíram durante o acompanhamento (P ≤0,01 para todos).
No entanto, os genes envolvidos na homeostase energética (ADIPOQ e AMPK), na resposta celular ao estresse oxidativo (SIRT1, SIRT3 e NRF2), na regulação da adipogênese (PPARγ), na biogênese mitocondrial (PGC1α) e no metabolismo9 de aminoácidos (GCN2) aumentaram da linha de base para todos os outros momentos avaliados (P ≤0,01 para todos).
Também observou-se uma forte correlação positiva entre PGC1α, SIRT1 e AMPK com o IMC6 em 3M (P ≤0,01 para todos) e ADIPOQ e SIRT1 com o IMC6 em 6M (P ≤0,01 para todos).
Os resultados demonstram que a perda de peso está associada à melhora da inflamação10 e ERE e maior proteção contra o estresse oxidativo no tecido adiposo3. Essas observações estão fortemente correlacionadas com uma diminuição no IMC6 e com genes essenciais que controlam a homeostase da energia celular, sugerindo um processo adaptativo, no nível de expressão gênica, durante o período de restrição calórica e perda de peso após o BGYR em pacientes sem diabetes5.
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Fonte: Diabetes5, publicação em 9 de junho de 2020.