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Parto prematuro e risco de cardiopatia isquêmica em mulheres

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Tem sido relatado que mulheres que tiveram parto prematuro têm riscos futuros aumentados de distúrbios cardiometabólicos. No entanto, seus riscos a longo prazo de cardiopatia isquêmica1 (CI) e se esses riscos são devidos a fatores familiares compartilhados não são claros. Uma melhor compreensão desses riscos pode ajudar a melhorar o acompanhamento clínico a longo prazo e as intervenções para prevenir a CI em mulheres.

O objetivo deste estudo, publicado pelo Journal of the American College of Cardiology, foi determinar os riscos de longo prazo da CI em mulheres pela duração da gravidez2.

Foi realizado um estudo de coorte3 nacional de todas as 2.189.190 mulheres com parto único na Suécia de 1973 a 2015, que foram acompanhadas para CI até o final de 2015. A regressão de Cox foi usada para calcular as taxas de risco ajustadas (aHRs) para CI associadas à duração da gravidez2 e análises de co-avaliadores avaliaram a influência de fatores familiares (genéticos e/ou ambientais) compartilhados.

Em 47,5 milhões de pessoas-ano de acompanhamento, 49.955 (2,3%) mulheres foram diagnosticadas com CI. Nos 10 anos após o parto, a aHR para CI associada ao parto prematuro (<37 semanas) foi de 2,47 (intervalo de confiança [IC] de 95%: 2,16 a 2,82), e estratificada adicionalmente foi de 4,04 (IC 95%: 2,69 a 6,08) para extremamente prematuro (22 a 27 semanas), 2,62 (IC 95%: 2,09 a 3,29) para muito prematuro (28 a 33 semanas), 2,30 (IC 95%: 1,97 a 2,70) para prematuro tardio (34 a 36 semanas) e 1,47 (IC 95%: 1,30 a 1,65) para parto a termo cedo (37 a 38 semanas), em comparação com o parto a termo completo (39 a 41 semanas).

Esses riscos diminuíram, mas permaneceram significativamente elevados após acompanhamento adicional (prematuro vs. a termo completo, 10 a 19 anos: aHR: 1,86; IC 95%: 1,73 a 1,99; 20 a 29 anos: aHR: 1,52; IC 95%: 1,45 a 1,59; 30 a 43 anos: aHR: 1,38; IC 95%: 1,32 a 1,45). Esses achados não pareceram atribuíveis a fatores genéticos ou ambientais compartilhados nas famílias. Partos prematuros adicionais foram associados a novos aumentos de risco.

Nesta grande coorte4 nacional, o parto prematuro foi um forte fator de risco5 independente para cardiopatia isquêmica1. Essa associação diminuiu com o tempo, mas permaneceu substancialmente elevada até 40 anos depois. O parto prematuro deve ser reconhecido como um fator de risco5 para CI em mulheres ao longo da vida.

Leia sobre "Parto prematuro", "Parto a termo", "Doenças cardiovasculares6" e "Sinais7 de doenças cardíacas em mulhres".

 

Fonte: Journal of the American College of Cardiology, vol. 76, nº 1, em 7 de julho de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Parto prematuro e risco de cardiopatia isquêmica em mulheres. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1372828/parto-prematuro-e-risco-de-cardiopatia-isquemica-em-mulheres.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.

Complementos

1 Cardiopatia isquêmica: Doença ocasionada por um déficit na circulação nas artérias coronarianas e outros defeitos capazes de afetar o aporte sangüíneo para o músculo cardíaco.É evidenciada por dor no peito, arritmias, morte súbita ou insuficiência cardíaca.
2 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
3 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
4 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
5 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
6 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
7 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
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