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Efeito da intervenção intensiva no estilo de vida sobre o peso corporal e a glicemia no diabetes tipo 2 precoce

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O diabetes tipo 21 está afetando pessoas em idades cada vez mais jovens, principalmente no Oriente Médio e no norte da África. O objetivo desse estudo, publicado pelo The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, foi avaliar se uma intervenção intensiva no estilo de vida levaria a significativa perda de peso e melhora da glicemia3 em jovens com diabetes2 precoce.

Este estudo controlado randomizado4, aberto, de grupo paralelo (DIADEM-I), realizado na atenção primária e na comunidade no Catar, comparou os efeitos de uma intervenção intensiva no estilo de vida com cuidados médicos usuais na perda de peso e resultados glicêmicos em indivíduos com diabetes tipo 21, com idades entre 18 e 50 anos, com uma duração curta de diabetes2 (≤3 anos), que tinham um IMC5 de 27,0 kg/m² ou mais e eram do Oriente Médio e norte da África.

Os participantes foram alocados aleatoriamente (1:1) no grupo de intervenção intensiva no estilo de vida ou no grupo de controle de cuidados médicos usuais por uma sequência gerada por computador e um serviço de randomização online.

Saiba mais sobre "Diabetes2 na adolescência", "Diabetes Mellitus6" e "Como perder peso e manter o peso alcançado".

A intervenção intensiva no estilo de vida compreendeu uma fase de substituição total da dieta, na qual os participantes receberam produtos de substituição de refeições dietéticos de fórmulas de baixa energia, seguidos de reintrodução gradual dos alimentos combinada com o suporte à atividade física, e uma fase de manutenção da perda de peso, envolvendo suporte estruturado ao estilo de vida. Os participantes do grupo controle receberam cuidados usuais com diabetes2, que foram baseados em diretrizes clínicas.

O desfecho primário foi a perda de peso aos 12 meses após o recebimento da intervenção atribuída. A análise foi baseada no princípio da intenção de tratar. Os principais resultados secundários incluíram controle e remissão do diabetes2.

Entre 16 de julho de 2017 e 30 de setembro de 2018, foram inscritos e aleatoriamente designados 158 participantes (n=79 em cada grupo) para o estudo. 147 participantes (70 no grupo de intervenção e 77 no grupo controle) foram incluídos na população final da análise por intenção de tratar.

Entre a linha de base e os 12 meses, o peso corporal médio dos participantes no grupo de intervenção reduziu em 11,98 kg (IC 95% 9,72 a 14,23) em comparação com 3,98 kg (2,78 a 5,18) no grupo controle (diferença média ajustada -6,08 kg [IC 95% -8,37 a -3,79], p<0,0001).

No grupo de intervenção, 21% dos participantes alcançaram mais de 15% de perda de peso entre a linha de base e os 12 meses, em comparação com 1% dos participantes no grupo de controle (p<0,0001).

A remissão do diabetes2 ocorreu em 61% dos participantes no grupo de intervenção em comparação com 12% daqueles no grupo controle (odds ratio [OR] 12,03 [IC 95% 5,17 a 28,03], p<0,0001). 33% dos participantes no grupo de intervenção apresentaram normoglicemia em comparação com 4% dos participantes no grupo de controle (OR 12,07 [3,43 a 42,45], p<0,0001).

Cinco eventos adversos graves foram relatados em quatro participantes no grupo controle; quatro internações por causa de eventos imprevistos (taquicardia7 supraventricular, dor abdominal, pneumonia8 e epidídimo9-orquite10) e uma internação por um evento antecipado (hiperglicemia11).

Os achados mostram que a intervenção intensiva no estilo de vida levou a uma significativa perda de peso aos 12 meses e esteve associada à remissão do diabetes2 em mais de 60% dos participantes e normoglicemia em mais de 30% dos participantes.

A provisão dessa intervenção no estilo de vida pode permitir que uma grande proporção de jovens com diabetes2 precoce atinja melhorias nos principais resultados cardiometabólicos, com potenciais benefícios a longo prazo para a saúde12 e o bem-estar.

Leia sobre "O que afeta o comportamento da glicemia3", "Crise hiperglicêmica" e "Alimentação saudável".

 

Fonte: The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, vol. 8, nº 6, em junho de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Efeito da intervenção intensiva no estilo de vida sobre o peso corporal e a glicemia no diabetes tipo 2 precoce. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1368188/efeito-da-intervencao-intensiva-no-estilo-de-vida-sobre-o-peso-corporal-e-a-glicemia-no-diabetes-tipo-2-precoce.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
4 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
5 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
6 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
7 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
8 Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar. Sua causa mais freqüente é a infecção bacteriana, apesar de que pode ser produzida por outros microorganismos. Manifesta-se por febre, tosse, expectoração e dor torácica. Em pacientes idosos ou imunodeprimidos pode ser uma doença fatal.
9 Epidídimo: O epidídimo é um pequeno ducto, com cerca de seis centímetros de comprimento, enrolado sobre si mesmo, que coleta e armazena os espermatozóides produzidos pelo testículo. Localiza-se atrás do testículo, no saco escrotal, e desemboca na base do ducto deferente, o canal que conduz os espermatozóides até a próstata.
10 Orquite: Inflamação de um ou ambos os testículos. Freqüentemente se produz como complicação de uma infecção do trato urinário ou sexual. A infecção pelo vírus da caxumba pode produzir orquite. As pessoas podem sentir dor, inchaço e coloração avermelhada do escroto.
11 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
12 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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