Eventos vasculares, infecções e cânceres são os três principais responsáveis por danos graves relacionados a diagnósticos incorretos
Os erros de diagnóstico1 causam danos substanciais e evitáveis, mas as estimativas norte americanas variam muito, de 40.000 a 4 milhões por ano. Esta análise transversal de uma grande base de dados de reclamações por negligência2 médica foi a primeira fase de um projeto trifásico para estimar a carga de danos graves relacionados a diagnósticos incorretos nos EUA.
Os pesquisadores do The Johns Hopkins University School of Medicine e colaboradores de outras universidades procuraram identificar as doenças que representam a maioria dos danos graves relacionados com o diagnóstico1 incorreto (morbilidade/mortalidade3). Os casos de erros de diagnóstico1 foram identificados a partir da base de dados Controlled Risk Insurance Company (CRICO)’s Comparative Benchmarking System (CBS) (2006-2015), representando 28,7% de todas as queixas por erro médico nos EUA.
As doenças foram agrupadas de acordo com o software Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) Clinical Classifications Software (CCS) que agrega os códigos de diagnóstico1 da Classificação Internacional de Doenças em agrupamentos clinicamente sensíveis.
Foram analisados eventos vasculares4, infecções5 e cânceres (os "Três Grandes"), incluindo frequência, gravidade e configurações. Os danos de alta gravidade foram definidos por escores de 6-9 (incapacidade grave, permanente ou morte) na escala National Association of Insurance Commissioners (NAIC) Severity of Injury Scale.
Dos 55.377 casos encerrados, foram analisados 11.592 casos de erro diagnóstico1 [mediana da idade 49 anos, intervalo interquartil (IQR) 36-60 anos; 51,7% do sexo feminino]. Estes incluíram 7.379 com danos de alta gravidade (53,0% morte). As “três grandes” doenças representaram 74,1% dos casos de alta gravidade.
- Eventos vasculares4: 22,8%
- Infecções5: 13,5%
- Cânceres: 37,8%
No total, os cinco primeiros de cada categoria (n=15 doenças) responderam por 47,1% dos casos de alta gravidade. A doença mais frequente em cada categoria, respectivamente, foi acidente vascular cerebral6 (AVC), sepse7 e câncer8 de pulmão9.
As causas foram desproporcionalmente fatores de julgamento clínico (85,7%) em todas as categorias (variação de 82,0-88,8%).
Concluiu-se nesta análise que as “três grandes” doenças responsáveis por cerca de três quartos dos danos graves relacionados com os erros de diagnóstico1 são eventos vasculares4, infecções5 e cânceres. Por isso, os esforços iniciais para melhorar o diagnóstico1 devem centrar-se nessas patologias.
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