Gostou do artigo? Compartilhe!

Relação entre perda de olfato e mortalidade entre idosos: estudo publicado no Annals of Internal Medicine

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

A perda olfatória é comum entre idosos e tem sido associada à maior mortalidade1. No entanto, a maioria dos estudos teve um acompanhamento relativamente curto e não explorou as possíveis explicações. Com o objetivo de avaliar a relação entre a perda de olfato e a mortalidade1 em idosos e investigar suas possíveis explicações, foi realizado um estudo de coorte2 prospectivo3 em duas comunidades nos Estados Unidos. Participaram da coorte4 2.289 adultos, com idades entre 71 e 82 anos no início do estudo (37,7% negros e 51,9% mulheres).

Saiba mais sobre "Anosmia ou perda de olfato".

As medidas usadas foram o Brief Smell Identification Test em 1999 ou 2000 (linha de base) e mortalidade1 por causa geral e por causa específica em 3, 5, 10 e 13 anos após o início do estudo.

Durante o acompanhamento, 1.121 participantes morreram no ano 13. Em comparação com os participantes com bom olfato, aqueles com olfato ruim tiveram um risco cumulativo 46% maior de morte no ano 10 (razão de risco 1,46 [IC 95% 1,27-1,67]) e um risco 30% maior no ano 13 (razão de risco 1,30 [IC 95% 1,18-1,42]). Associações semelhantes foram encontradas em homens e mulheres e em pessoas brancas e negras.

No entanto, a associação foi evidente entre os participantes que relataram ter boa a excelente saúde5 no início do estudo (por exemplo, taxa de risco de mortalidade1 em 10 anos 1,62 [IC 95% 1,37-1,90]), mas não entre aqueles que relataram saúde5 razoável a ruim (taxa de risco de mortalidade1 em 10 anos 1,06 [IC 95% 0,82 a 1,37].

Em análises de mortalidade1 por causa específica, o déficit olfatório foi associado à maior mortalidade1 por doenças neurodegenerativas e cardiovasculares. Análises de mediação mostraram que as doenças neurodegenerativas explicaram 22% e a perda de peso explicou 6% da maior mortalidade1 em 10 anos entre os participantes com olfato ruim.

Entre as limitações do estudo destaca-se a não coleta de dados sobre mudança no olfato ao longo do tempo e sua relação com a mortalidade1.

Concluiu-se nesta pesquisa que o olfato deficiente está associado à maior mortalidade1 a longo prazo entre os idosos, particularmente aqueles com boa a excelente saúde5 no início do estudo. Doenças neurodegenerativas e perda de peso explicam apenas parte do aumento da mortalidade1.

Leia também sobre "Cacosmia", "Desvio de septo", "Nasofibroscopia" e "Surdez em idosos e o risco de demência6".

 

Fonte: Annals of Internal Medicine, em 30 de abril de 2019.

 

NEWS.MED.BR, 2019. Relação entre perda de olfato e mortalidade entre idosos: estudo publicado no Annals of Internal Medicine. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1337538/relacao-entre-perda-de-olfato-e-mortalidade-entre-idosos-estudo-publicado-no-annals-of-internal-medicine.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.

Complementos

1 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
2 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
3 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
4 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
Gostou do artigo? Compartilhe!