NEJM: cirurgia para epilepsia resistente a medicamentos em crianças
O tratamento neurocirúrgico pode melhorar as convulsões em crianças e adolescentes com epilepsia1 resistente a fármacos. No entanto, ainda são necessários dados adicionais de ensaios clínicos2 randomizados para mudança de recomendação de condutas.
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Neste ensaio de centro único, publicado pelo periódico The New England Journal of Medicine (NEJM), pesquisadores do All India Institute of Medical Sciences, em Nova Deli, na Índia, distribuíram aleatoriamente 116 pacientes, com 18 anos de idade ou menos, com epilepsia1 resistente a drogas, para serem submetidos à cirurgia cerebral apropriada à causa subjacente da epilepsia1, juntamente com terapia médica apropriada (grupo cirúrgico, 57 pacientes) ou a receber terapia médica sozinha (grupo de terapia médica, 59 pacientes).
Os pacientes do grupo de terapia médica foram designados para uma lista de espera para cirurgia. O resultado primário foi a ausência de convulsões aos 12 meses. Os resultados secundários foram a pontuação na escala Hague Seizure Severity, o quociente de inteligência3 de Binet-Kamat, o quociente social na escala Vineland Social Maturity e as pontuações no Child Behavior Checklist e no levantamento Pediatric Quality of Life Inventory.
Aos 12 meses, a ausência de convulsões ocorreu em 44 pacientes (77%) no grupo cirúrgico e em 4 (7%) no grupo de terapia médica (P<0,001). As diferenças entre os grupos na mudança da linha de base para 12 meses favoreceram significativamente a cirurgia em relação à pontuação na escala Hague Seizure Severity (diferença 19,4; intervalo de confiança de 95% [IC] 15,8 a 23,1; P<0,001), no Child Behavior Checklist (diferença 13,1; IC 95% 10,7 a 15,6; P<0,001), no Pediatric Quality of Life Inventory (diferença 21,9; IC 95%, 16,4 a 27,6; P<0,001) e na escala Vineland Social Maturity (diferença 4,7; IC 95%, 0,4 a 9,1; P=0,03), mas não no quociente de inteligência3 de Binet-Kamat (diferença, 2,5; IC 95%; -0,1 a 5,1; P=0,06). Ocorreram eventos adversos graves em 19 pacientes (33%) no grupo cirúrgico, incluindo hemiparesia4 em 15 (26%).
Concluiu-se com esta pesquisa que as crianças e adolescentes com epilepsia1 resistente aos medicamentos estudados e que sofreram cirurgia de epilepsia1 tiveram uma taxa significativamente maior de ausência de convulsões e melhores escores em relação ao comportamento e qualidade de vida do que aqueles que continuaram apenas com a terapia médica em um intervalo de acompanhamento de 12 meses. A cirurgia resultou em déficits neurológicos antecipados relacionados à região de ressecção cerebral.
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Fonte: The New England Journal of Medicine, volume 377, número 17, em 26 de outubro de 2017