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Tendências mundiais em diabetes desde 1980: análise agrupada de estudos com 4,4 milhões de participantes publicada pelo The Lancet

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Uma das metas globais para doenças não transmissíveis é deter, até 2025, o aumento da prevalência1 de diabetes2 em adultos com idade padronizada em seus níveis de 2010. O objetivo desta análise foi estimar as tendências mundiais em diabetes2, como provavelmente será para os países atingirem a meta global e como as mudanças na prevalência1, juntamente com o crescimento e o envelhecimento da população, estão afetando o número de adultos com diabetes2.

Dados foram reunidos de estudos de base populacional que haviam coletado informações sobre diabetes2 através da medição dos seus biomarcadores. Foi utilizado um modelo hierárquico Bayesiano para determinar as tendências de prevalência1 de diabetes2 - definido como glicemia de jejum3 de 7,0 mmol/L4 ou superior (126 mg/dL5 ou superior), ou história de diagnóstico6 de diabetes2 ou uso de insulina7 ou de hipoglicemiantes orais8 - em 200 países e territórios em 21 regiões, por sexo, de 1980 a 2014. Também se calculou a probabilidade posterior de cumprir o objetivo global de diabetes2 se as tendências pós-2000 continuarem.

Foram utilizados dados de 751 estudos, envolvendo 4,4 milhões de adultos, de 146 dos 200 países com estimativas disponíveis. A prevalência1 mundial de diabetes2 por idade padronizada aumentou de 4,3% em 1980 para 9,0% em 2014 nos homens e de 5,0% para 7,9% em mulheres. O número de adultos com diabetes2 em todo o mundo aumentou de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014 (28,5%, devido ao aumento na prevalência1, 39,7% devido ao crescimento e envelhecimento da população e 31,8% devido à interação destes dois fatores).

A prevalência1 de diabetes2 por idade adulta padronizada, em 2014, foi menor no noroeste da Europa e maior na Polinésia e Micronésia, perto de 25%, seguida pela Melanésia e no Oriente Médio e Norte da África. Entre 1980 e 2014, houve pouca mudança na prevalência1 de diabetes2 por idade padronizada em mulheres adultas na Europa Ocidental Continental, embora a prevalência1 bruta tenha aumentado por causa do envelhecimento da população. Por outro lado, a prevalência1 de adultos por idade padronizada aumentou em 15 pontos percentuais em homens e mulheres na Polinésia e Micronésia. Em 2014, na Samoa americana ou Ilhas Samoa houve a maior prevalência1 nacional de diabetes2 (> 30% em ambos os sexos), com a prevalência1 por idade adulta padronizada também superior a 25% em algumas outras ilhas da Polinésia e da Micronésia.

Se as tendências pós-2000 continuarem, a probabilidade de cumprimento da meta mundial de travar o aumento da prevalência1 de diabetes2 em 2025 no mesmo nível de 2010, em todo o mundo, será inferior a 1% para os homens e de 1% para as mulheres. Apenas nove países para os homens e 29 países para as mulheres, principalmente na Europa Ocidental têm probabilidade de 50% ou mais de cumprir o objetivo global.

Desde 1980, a prevalência1 de diabetes2 por idade padronizada em adultos tem aumentado, ou na melhor das hipóteses permaneceu inalterada, em todos os países. Juntamente com o crescimento da população e o seu envelhecimento, este aumento levou a uma quase quadruplicação do número de adultos com diabetes2 em todo o mundo. O fardo da diabetes2, tanto em termos de prevalência1 como em número de adultos afetados, tem aumentado mais rapidamente nos países de baixa renda e de renda média do que nos países de alta renda.

 

Fonte: The Lancet, publicação online, de 6 de abril de 2016

NEWS.MED.BR, 2016. Tendências mundiais em diabetes desde 1980: análise agrupada de estudos com 4,4 milhões de participantes publicada pelo The Lancet. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/825594/tendencias-mundiais-em-diabetes-desde-1980-analise-agrupada-de-estudos-com-4-4-milhoes-de-participantes-publicada-pelo-the-lancet.htm>. Acesso em: 18 mar. 2024.

Complementos

1 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Glicemia de jejum: Teste que checa os níveis de glicose após um período de jejum de 8 a 12 horas (frequentemente dura uma noite). Este teste é usado para diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Também pode ser usado para monitorar pessoas com diabetes.
4 Mmol/L: Milimols por litro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
5 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
8 Hipoglicemiantes orais: Medicamentos usados por via oral em pessoas com diabetes tipo 2 para manter os níves de glicose próximos ao normal. As classes de hipoglicemiantes são: inibidores da alfaglicosidase, biguanidas, derivados da fenilalanina, meglitinides, sulfoniluréias e thiazolidinediones.
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