Apneia obstrutiva do sono encontrada em dois de cada cinco pacientes com diabetes tipo 1, segundo trabalho publicado na 75° sessão científica da American Diabetes Association
A associação entre a apneia obstrutiva do sono1 (AOS) e o diabetes2 tipo 2 já está bem estabelecida. No entanto, o potencial de ligação existente entre a AOS e o diabetes tipo 13 ainda é pouco investigado.
Em apresentação realizada pelo Dr. Laurent Meyer, endocrinologista4 do Hospital Universitário de Estrasburgo, na 75° sessão científica da American Diabetes2 Association que está ocorrendo em Boston, avaliou-se pacientes com diabetes tipo 13 para verificar a associação desta patologia5 com a síndrome6 da apneia obstrutiva do sono1 (SAOS). Esta ligação entre diabetes2 tipo 1 e AOS já foi relatada em três pequenos ensaios clínicos7 anteriores.
Estudou-se a prevalência8 da síndrome6 da apneia obstrutiva do sono1 (SAOS) em uma população de 90 indivíduos com diabetes2 tipo 1. A AOS, definida por um índice de apneias/hipopneias (IAH)>10/hora, foi diagnosticada pela polissonografia9 noturna (n=54) ou por poligrafia respiratória (n=36). A monitorização contínua da glicose10 (DexCom, Novalab) foi realizada em 21 indivíduos durante a poligrafia respiratória noturna. A técnica ANOVA11 para medidas repetidas foi utilizada para comparar os parâmetros do perfil de glicose10 durante os períodos de sono e vigília, em pacientes com ou sem SAOS. A média de idade da população deste estudo foi de 52,8±11 anos, o IMC12 foi de 26±4,7 kg/m², a duração do diabetes2 foi de 28,8±14 anos e a HbA1c13 de 7,59±1,1%. A AOS foi encontrada em 43% (39/90) dos pacientes e a AOS grave (IAH>30/hora) em 20% dos pacientes (18/90). Pacientes com AOS eram mais velhos: 55±12 anos versus 49±12 anos, p<0,05; e com uma duração mais longa do diabetes2: 33±14 anos versus 25±14 anos, p<0,05; enquanto a HbA1c13 não foi diferente entre os dois grupos: 7,7±1,0% versus 7,6±1,1%. Os parâmetros do perfil de glicose10 foram analisados em pacientes com (n=7) ou sem AOS (n=14). O percentual de valores de glicose10 <60 mg/dl14 foi significativamente aumentado no grupo AOS durante o sono: 14,3±4,9% vs 2,4±4,5%, p=0,05; e similar durante o período de vigília: 4,8±4,7% vs 4,7±5,4%. Houve também uma tendência para uma maior percentagem de valores de glicose10 >180 mg/dl14 e para os índices mais elevados de variabilidade de glicose10 (“mean amplitude of glycemic excursions” ou “MAGE” e “standard deviation”, “SD” ou “CV”).
Em conclusão, a prevalência8 de SAOS é elevada em pacientes com diabetes2 tipo 1. Os pacientes com SAOS parecem ter uma maior variabilidade de glicose10 durante o período de sono. A principal mensagem para os profissionais de saúde15 é pensar na síndrome6 da apneia obstrutiva do sono1 nos pacientes com diabetes2 tipo 1 de longa duração e na prevenção de complicações microvasculares. Novos estudos longitudinais de longo prazo são necessários para avaliar mais profundamente tais conclusões.
Fonte: 75° Sessão Científica da American Diabetes2 Association, em 5 de junho de 2015