IBGE mostra que a população brasileira está mais gorda: obesidade é mais freqüente em mulheres brasileiras, sobrepeso é maior entre os homens e o peso das crianças ultrapassa padrão internacional
O peso dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos. Em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde1 (OMS). Já o déficit de altura (importante indicador de desnutrição2) caiu de 29,3% (1974-75) em para 7,2% (2008-09) entre meninos, e de 26,7% para 6,3% nas meninas, mas se sobressaiu no meio rural da região Norte. O excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% e ultrapassou, em 2008-2009, o das mulheres, que foi de 28,7% para 48%. Nesse panorama, destaca-se a Região Sul (56,8% de homens, 51,6% de mulheres), que também apresenta os maiores percentuais de obesidade3: 15,9% de homens e 19,6% de mulheres. O excesso de peso foi mais evidente nos homens com maior rendimento (61,8%) e variou pouco para as mulheres (45-49%) em todas as faixas de renda. Os resultados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde1.
Obesidade3 em crianças
A POF revelou um salto no número de crianças de 5 a 9 anos com excesso de peso ao longo de 34 anos: em 2008-2009, 34,8% dos meninos estavam com o peso acima da faixa considerada saudável pela OMS. Em 1989, este índice era de 15%, contra 10,9% em 1974-75. Observou-se padrão semelhante nas meninas que, de 8,6% na década de 70, foram para 11,9% no final dos anos 80, e chegaram aos 32% em 2008-09.
A pesquisa mostra, ainda, que, desde 1989, entre os meninos de 5 a 9 anos de idade nas famílias dos 20% da população com menor renda, houve um forte crescimento daqueles com excesso de peso, passando de 8,9% para 26,5%. Na faixa de maior rendimento, o aumento notado foi de 25,8% para 46,2% no mesmo período. A obesidade3, que atingia 6% dos meninos das famílias de maior renda em 1974-75, e 10% em 1989, foi registrada em 23,6% deles em 2008-2009.
Desnutrição2
Por outro lado, o déficit de peso em 2008-2009 entre as crianças de 5 a 9 anos foi baixo em todas as regiões, oscilando ao redor da média nacional (4%), e o déficit de altura diminuía com o aumento da renda: nos domicílios de menor renda, chegava a 11% para meninos e 9,6% para meninas, contra 3,3% e 2,1%, respectivamente, nos domicílios de maior renda. Esses resultados são coerentes com a progressiva queda da desnutrição2 infantil observada pela POF.
A medida de altura é um dos fatores que ajudam a detectar a desnutrição2 infantil. Os déficits de altura revelam atraso no crescimento linear da criança ocorrido em algum momento, que pode ser desde a gestação, com prevalência4 nos dois primeiros anos de vida. Portanto, o déficit de altura na faixa etária entre cinco e nove anos na POF 2008-2009 reflete a desnutrição2 infantil na primeira metade da década de 2000. Observou-se, por exemplo, uma queda expressiva dos 29,3% dos meninos de cinco a nove anos, em 1974-1975, para 7,2% em 2008-09. Entre as meninas, o índice caiu de 26,7% para 6,3% em 34 anos.
Adolescentes
A avaliação do estado nutricional dos jovens de 10 a 19 anos considerou a relação entre IMC5 e idade, com referencial da OMS revelando que 3,4% do total de adolescentes tinham déficit de peso, com pouca variação por sexo, região e situação de domicílio. A maior variação foi na faixa de renda: 4% das moças e 5,6% dos rapazes na classe de renda familiar per capita até 1/4 de salário mínimo, contra 1,7% e 1,4%, respectivamente, na classe de maior renda.
O excesso de peso, por sua vez, atingia 21,5% dos adolescentes, oscilando entre 16% e 18% no Norte e no Nordeste, e entre 20% e 27% no Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Nos dois sexos, tendeu a ser mais freqüente em áreas urbanas que em rurais, em particular no Norte e Nordeste. A obesidade3, que foi verificada em um quarto dos casos de excesso de peso nos dois sexos, teve distribuição geográfica semelhante.
A renda era diretamente vinculada ao excesso de peso: ocorrendo três vezes mais entre os rapazes de maior renda do que nos de menor renda (34,5% contra 11,5%); no sexo feminino, a diferença foi de 24% para 14,2%. A obesidade3 foi registrada em 8,2% dos jovens de maior renda e 9,2% na faixa de um a dois salários mínimos; entre as moças, variou em torno de 4% nas faixas intermediárias de renda, sendo menor nos dois extremos.
O aumento de peso em adolescentes de 10 a 19 anos foi contínuo nos últimos 34 anos. Isso é mais perceptível no sexo masculino, em que o índice passou de 3,7% para 21,7%, o que representa um acréscimo de seis vezes. Já entre as jovens, as estatísticas triplicaram: de 7,6% para 19% entre 1974-75 e 2008-2009.
Quanto à obesidade3, mostra-se menos intensa, mas também com tendência ascendente, indo de 0,4% para 5,9% entre meninos e rapazes, e de 0,7% para 4,0% no sexo feminino.
Adultos
Quanto à população adulta, em 2008-2009 o excesso de peso atingiu cerca de metade dos homens e das mulheres, excedendo em 28 vezes a frequência do déficit de peso no caso masculino e em 13 vezes no feminino. Eram obesos 12,5% dos homens (1/4 dos casos de excesso) e 16,9% das mulheres (1/3). Ambas as condições aumentavam de frequência até a faixa de 45 a 54 anos, no caso dos homens, e de 55 a 64 anos, entre as mulheres, para depois declinarem.
O excesso de peso e a obesidade3 atingiam duas a três vezes mais os homens de maior renda, além de se destacarem nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e nos domicílios urbanos. Nas mulheres, as duas condições se destacaram no Sul do país e nas classes intermediárias de renda.
A POF também observou um aumento contínuo de excesso de peso e obesidade3 na população de 20 anos ou mais, de 1974 para cá. O excesso de peso quase triplicou entre homens, de 18,5% em 1974-1975, para 50,1% em 2008-09. Nas mulheres, o aumento foi menor: de 28,7% para 48%. Já a obesidade3 cresceu mais de quatro vezes entre os homens, de 2,8% para 12,4%, e mais de duas vezes entre as mulheres, de 8% para 16,9%.
Isso ocorreu em todas as regiões brasileiras. No Sul, o excesso de peso masculino subiu de 23% para 56,8%. Entre as mulheres, este aumento é mais perceptível na Região Nordeste: de 19,5% para 46%. Lá, o aumento foi contínuo, enquanto que, nas outras regiões, houve interrupção no crescimento entre 1989 e 2002-2003, voltando a crescer daí até 2008-2009. É o caso do Sul do país, onde o excesso de peso era de 36,6% em 1974-1975, 47,3% em 1989, caiu para 44,8% em 2002-2003 e voltou a subir para 51,6% em 2008-2009.
Veja a pesquisa completa em:
Calcule o seu IMC5 e saiba se você está com sobrepeso6: