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Um possível culpado em ataques cardíacos precoces, segundo publicação da Harvard Medical School

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Você já ouviu falar de alguém de meia idade que estava em forma, nunca fumou, nível normal de colesterol1, mas ainda assim teve um ataque cardíaco? Muitas pessoas conhecem alguém que se encaixa neste perfil.

Pesquisadores da Harvard Medical School acreditam que o culpado pode ser a presença de altos níveis de lipoproteína (a) ou Lp (a) no organismo, uma variante do conhecido LDL colesterol2 ou "colesterol1 ruim". As partículas de Lp (a) são LDL3 com uma proteína extra anexada a sua estrutura.

"Essa proteína faz com que essas partículas invadam as paredes das artérias4 de forma mais agressiva do que a partícula de LDL3 normal", explica a cardiologista5 Donna Polk, professora de medicina da Harvard Medical School. Como resultado, pessoas com altos níveis de Lp (a) são mais propensas a acumular depósitos de gordura6 nas artérias4, conhecido como aterosclerose7. Isto parece colocá-los em maior risco de bloqueios nas artérias4 da perna (doença arterial periférica ou DAP) e estreitamento da válvula aórtica do coração8 (estenose9 aórtica), além de ataques cardíacos.

Os níveis sanguíneos de Lp (a) são quase completamente determinados por fatores genéticos, o que significa que as mudanças na dieta e no estilo de vida não podem influenciar muito o número dessas partículas, se é que o fazem. Segundo alguns especialistas, a Lp (a) alta é o fator de risco10 hereditário mais comum para doença cardíaca precoce. Mas então, por que os médicos não a testam rotineiramente?

Por um lado, porque a prevalência11 exata da Lp (a) elevada na população geral é desconhecida, embora cerca de 20% das pessoas possam ter níveis preocupantemente altos, de acordo com a Lipoprotein(a) Foundation. Segundo, por causa das grandes variações nos procedimentos e nos padrões de exames da Lp (a), fica difícil definir o que constitui um nível "alto" e isso não está ainda totalmente claro, diz a Dra. Polk. Em geral, os níveis de Lp (a) abaixo de 50 miligramas por decilitro (mg/dL12) não são considerados especialmente altos. Mas, pessoas com leituras de três dígitos (100 mg/dl12 e superiores) podem ter uma doença cardíaca potencialmente agressiva, diz ela.

Mas a principal razão pela qual testes difundidos não fazem sentido é que ainda são poucos os tratamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) que já comprovaram reduzir o risco de doenças cardíacas entre pessoas com Lp (a) alta. Fármacos injetáveis para baixar o colesterol1, conhecidos como inibidores da PCSK9, como o evolocumab (Repatha) ou o alirocumab (Praluent), podem reduzir a Lp (a) em cerca de 30%. Mas outra pesquisa sugere que uma queda muito maior nos níveis de Lp (a) pode ser necessária para prevenir ataques cardíacos e outros eventos graves.

Quem deve ser testado?

Ainda assim, verificar os níveis de Lp (a) pode ser apropriado para certas pessoas, especialmente aquelas com histórico familiar de doença cardíaca precoce que, de outra forma, não parecem candidatas a um ataque cardíaco. Como, por exemplo, não apresentam nenhum dos fatores de risco tradicionais para doenças cardíacas, como diabetes mellitus13 ou LDL colesterol2 alto, diz a Dra. Polk. Ela e outros especialistas consideram o teste de Lp (a) - que deve ser solicitado por um médico - para dois grupos de pessoas:

Para pessoas com Lp (a) elevada, a Dra. Polk prescreve frequentemente estatinas e doses baixas de aspirina, mesmo que os seus valores de LDL3 sejam apenas ligeiramente elevados. "Nós tentamos ser muito agressivos no tratamento do risco geral de doença cardíaca destas pessoas, o que inclui seguir uma dieta baseada em vegetais e fazer exercícios físicos regularmente", diz ela. Descobrir que você tem alta Lp (a) pode ser frustrante porque não há uma intervenção direcionada, acrescenta ela. Mas vários ensaios clínicos16 que testam novas abordagens para o tratamento da Lp (a) alta estão atualmente em andamento.

Leia também sobre "Doenças cardiovasculares17", "Infarto do miocárdio18", "Doença arterial periférica", "Acidente vascular cerebral14" e "Aterosclerose7".

Fonte: Harvard Health Publishing (Harvard Medical School), de setembro de 2018

NEWS.MED.BR, 2018. Um possível culpado em ataques cardíacos precoces, segundo publicação da Harvard Medical School. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/1324048/um-possivel-culpado-em-ataques-cardiacos-precoces-segundo-publicacao-da-harvard-medical-school.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.

Complementos

1 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
2 LDL colesterol: Do inglês low-density lipoprotein cholesterol, colesterol de baixa densidade ou colesterol ruim.
3 LDL: Lipoproteína de baixa densidade, encarregada de transportar colesterol através do sangue. Devido à sua tendência em depositar o colesterol nas paredes arteriais e a produzir aterosclerose, tem sido denominada “mau colesterol“.
4 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
5 Cardiologista: Médico especializado em tratar pessoas com problemas cardíacos.
6 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
7 Aterosclerose: Tipo de arteriosclerose caracterizado pela formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias.
8 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
9 Estenose: Estreitamento patológico de um conduto, canal ou orifício.
10 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
11 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
12 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
13 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
14 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
15 HDL: Abreviatura utilizada para denominar um tipo de proteína encarregada de transportar o colesterol sanguíneo, que se relaciona com menor risco cardiovascular. Também é conhecido como “Bom Colesterolâ€. Seus valores normais são de 35-50mg/dl.
16 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
17 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
18 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
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