Câncer pode ser o responsável pela maioria dos óbitos no Brasil em pouco mais de uma década
Números oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade1 (SIM) mostram que o câncer2 já é a principal causa de morte em 10% dos municípios brasileiros. A análise é do Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer2 (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), e diz que a doença avança a cada ano e em pouco mais de uma década as neoplasias3 serão as responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil, caso não haja alteração nesta trajetória.
Saiba mais sobre "Como prevenir o câncer2".
Na terceira edição do Fórum Big Data em Oncologia promovido pelo TJCC, com o apoio do CFM, a coordenadora do movimento e presidente e da Associação Brasileira de Linfoma4 e Leucemia5 (ABRALE), Merula Steagall, relatou que a expectativa é de que o estudo contribua para um melhor planejamento das ações de controle, prevenção e tratamento da doença no Brasil.
Os dados mostram que a maior parte das cidades onde o câncer2 já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do País, justamente onde a expectativa de vida6 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores matam mais, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140). No Nordeste, estão 9% dessas localidades (48); no Centro-Oeste, 34 (7%); e no Norte, 19 (4%). Ao todo, estes municípios concentram uma população total de 6,6 milhões de habitantes. Onze municípios são considerados de grande porte, outros 27 são de médio porte (com população entre 25 mil e 100 mil) e a grande maioria (478) está situada na faixa de pequenos municípios, com menos de 25 mil habitantes.
O Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com o maior número de municípios (140) onde o câncer2 é a primeira causa de morte. Enquanto em todo o País as mortes por câncer2 representam 16,6% do total, no território gaúcho esse índice chega a 33,6%. Um dos fatores que pode explicar a alta incidência7 de câncer2 nesta região são as características genéticas da população, que pode apresentar maior predisposição para desenvolver melanoma8, por exemplo.
A maioria das mortes registradas foi entre os homens (57%). Em 21 cidades, não houve sequer registro de óbito9 entre as mulheres. Com relação à idade, metade dos óbitos se concentra nas faixas de 60 a 69 anos (25%) e 70 a 79 anos (25%). Em seguida, a maior proporção aparece no grupo dos que tinham mais de 80 anos (20%). Crianças e adolescentes, grupo que compreende a faixa etária de zero a 19 anos, somaram 1,3% dos óbitos naquele ano.
Atualmente, as complicações no aparelho circulatório10, especialmente o Acidente Vascular Cerebral11 (AVC) e o infarto12 agudo13 do miocárdio14, ainda são responsáveis pela maior parte dos óbitos. Em geral, são doenças associadas à má alimentação, ao consumo excessivo de álcool, ao tabagismo e ao sedentarismo15. Contudo, os registros que ficam sob a supervisão do Ministério da Saúde16 mostram que a incidência7 de neoplasias3 com desdobramentos fatais tem avançado e que o crescimento das mortes por neoplasias3 foi quase três vezes mais rápido do que daquelas mortes provocadas por infartos ou derrames.
Leia sobre "Acidente vascular cerebral11" e "Infarto do miocárdio17".
No mundo, o câncer2 é responsável por 8,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde16 (OMS). Aproximadamente 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e o organismo internacional calcula que essas notificações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.
Na avaliação da presidente da ABRALE, o câncer2 pode ser considerado uma doença vinculada ao desenvolvimento e à modernização em sociedade.
Segundo levantamento do TJCC e CFM, que mapeou a distribuição da infraestrutura, atualmente existem 296 estabelecimentos de assistência oncológica habilitados no SUS e 410 disponíveis à rede privada. Na rede pública, são oferecidas 2.065 salas de quimioterapias e 496 aparelhos de radioterapia18 (braquiterapia19, ortovoltagem e aceleradores lineares).
Embora todos os estados brasileiros tenham pelo menos um hospital público habilitado em oncologia, as regiões Sul e Sudeste concentram 69% (205) deles. Além disso, nestas duas regiões estão 66% (1.354) das salas de quimioterapias e 72% (355) dos aparelhos de radioterapia18. Em relação à saúde16 suplementar ou particular, para as mesmas regiões estão disponíveis 75% (308) dos hospitais que realizam tratamento oncológico.
Fonte: Conselho Federal de Medicina (CFM), em 16 de abril de 2018
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