JAMA: uso de anti-hipertensivos e risco de quedas graves em idosos
O efeito de lesões1 graves, tais como as fraturas de quadril e traumatismos cranianos, na mortalidade2 e na funcionalidade é comparável ao efeito de eventos cardiovasculares. Preocupações têm sido levantadas sobre o risco de lesões1 por quedas graves em idosos que fazem uso de medicamentos anti-hipertensivos. O baixo risco de lesões1 graves decorrentes de quedas relatado em ensaios clínicos3 com idosos saudáveis pode não refletir o risco em idosos com múltiplas condições crônicas de saúde4.
Com o objetivo de determinar se o uso de anti-hipertensivos está associado a lesões1 graves decorrentes de quedas foi feita uma análise, em uma amostra nacionalmente representativa de idosos, em um estudo com seguimento de três anos. Entre os participantes estavam 4.961 adultos com mais de 70 anos com hipertensão arterial5.
A intensidade de exposição à medicação anti-hipertensiva foi com base na dose diária padronizada para cada classe de medicação anti-hipertensiva que os participantes usavam.
Os principais resultados foram lesões1 graves decorrentes de quedas, incluindo fraturas de quadril e outras fraturas maiores, lesões1 cerebrais traumáticas e luxações, apurados por meio de serviços do Centers for Medicare & Medicaid Services.
Dos 4.961 participantes, 14,1% não receberam medicamentos anti-hipertensivos, 54,6% estavam na intensidade moderada e 31,3% nos grupos anti-hipertensivos de alta intensidade. Durante o acompanhamento, 446 participantes (9,0%) apresentaram lesões1 graves decorrentes de queda e 837 (16,9%) morreram. As taxas de risco ajustado para lesão6 grave decorrente de queda foram 1,40 (IC 95%: 1,03-1,90) na intensidade moderada e 1,28 (IC 95%: 0,91-1,80) nos grupos anti-hipertensivos de alta intensidade em comparação com os não usuários desses medicamentos. Embora a diferença de taxas de risco ajustado entre os grupos não tenha atingido significância estatística, os resultados foram semelhantes na subcoorte pareada por escore de propensão. Entre 503 participantes com uma lesão6 anterior, as taxas de risco ajustados foram de 2,17 (IC 95%: 0,98-4,80) para a intensidade moderada e 2,31 (IC 95%: 1,01-5,29) para os grupos anti-hipertensivos de alta intensidade.
Concluiu-se que os medicamentos anti-hipertensivos estão associados a um risco aumentado de lesões1 graves provenientes de quedas, principalmente entre aqueles idosos com lesões1 por quedas anteriores. Os danos potenciais versus os benefícios de uso de medicamentos anti-hipertensivos devem ser ponderados na decisão de continuar o tratamento com estas medicações em idosos com múltiplas condições crônicas.
Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online de 24 de fevereiro de 2014